CONCEITO EM 1934 - BMW R7
A moto conceito que redefiniu a suspensão.
Em 1934 o engenheiro Alfred Böning mostrou todo o poder do design e dos recursos da BMW criando o modelo R7, que seria o substituto do modelo R16.
Seu quadro era em aço estampado, mudando radicalmente o conceito visual das motocicletas da época, que mantinham forte ligação de design com as bicicletas de onde se originaram. A suspensão dianteira era telescópica, uma inovação tecnológica criada pela BMW. O tanque ficava escondido sob a carroceria, posição utilizada por motos modernas. O para lama era grande e possuía linhas envolventes. A mudança de marchas era feita através de uma alavanca na parte direita superior, ao lado do marcador de pressão de óleo. Vale ressaltar que, mudanças de marchas não eram comuns e nenhuma outra moto possuía forma tão simples e eficaz de fazê-lo.
O motor também era uma novidade. Criado por Leonhard Ischinger, a R7 utilizava como propulsor, um boxer de 800 cc, com 35 HP a 5.000 rpm. Com várias inovações, a que chamava mais atenção, além da posição de válvulas, velas, peças forjadas e câmaras de combustão hemisféricas, era a do cilindro e da cabeça do cilindro serem uma única peça, eliminando um grande problema para a tecnologia da época, a junta do cabeçote. A tecnologia deste motor colocava-o com rendimento muito acima dos motores utilizados na época. Muitos dos recursos utilizados nele, reapareceram apenas no lançamento da serie /5, em 1969, projeto dirigido por Alfred Böning.
A intenção era que a R7 viesse a entrar em produção, mas não passou de um protótipo |
A produção de um protótipo era uma coisa, mas a produção efetiva, em série, exigiria enorme investimento em ferramental para a prensagem de metal, fundição para o motor, caixa de velocidades e cilindros, além de instalações internas exclusivas. Com apenas algumas centenas de seu modelo R16 vendidos, recuperação do investimento ferramental era improvável. Além disso a BMW estava ciente de que os motociclistas eram consumidores muito conservadores e que as motocicletas que utilizaram o mesmo design de quadro estampado em chapa, nunca foram bem sucedidas, como exemplo a Mars da Alemanha, a Ascot-Pullin da Inglaterra e a Majestic da França. Todas seguiram um caminho semelhante ao da R7. Todas possuíam projetos com grande inovação e estilo mas, no entanto, condenadas ao fracasso comercial. Rudolf Schleicher, chefe de motociclismo da BMW, estava convencido de que o caminho deveria ser uma moto esportiva, não uma moto de luxo.
O protótipo R7 foi desmantelado (algumas partes foram utilizadas em outros projetos), mas não destruído e colocado amarrado em uma caixa de madeira no porão da fábrica, onde ficou por praticamente 70 anos.
Em 2005, a caixa foi reaberta e lá se encontrava 70% da R7. O estado não era bom. Muitas partes haviam se deteriorado coma ferrugem e outras corroídas pelo vazamento de uma bateria, o que significava uma restauração muito cara e demorada.
Mesmo assim a BMW não poupou recursos e colocou no projeto de restauração profissionais e oficinas altamente qualificadas, como foi o caso do responsável pela restauração do chassis, Hans Heickseien, e pela restauração do motor, Armin Frey, especialista em restauração de motores boxer. A tarefa se tornou um pouco mais fácil quando foram encontrados os desenhos originais da R7, nos arquivos da BMW.
Muitas peças foram recuperadas, outras reconstruídas e depois de 2 anos de atividades, a R7 voltou a vida.
Com suas linhas fluídas, curvas femininas e design irretocável, a BMW R7 é considerada uma das motos mais bonitas do mundo.
Alfred Böning morreu em 1984 aos 77 anos, sem presenciar o renascimento de seu protótipo.
Colaboração: Otávio (Gugu / Taubaté)