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UM PASSEIO COM A TÉNÉRÉ XTZ 1200

 
Não se trata de um teste como fazem os pilotos profissionais, mas das impressões que Roberto teve da motocicleta Super Tenere 1200 da Yamaha.


Sou motociclista desde o final de década 70, simplesmente por hobby

ROBERTO PESTANA  
Meu filho mora aqui em Madrid, desde 1999 e casou-se com uma espanhola.
Em fevereiro deste ano, João Ricardo meu filho, comprou uma Super Tenere 1200.

Em razão das baixas temperaturas e do trabalho, me pediu para fazer um passeio por aqui, a fim de que eu pudesse ajudá-lo a amaciar a motocicleta que estava apenas com 100 km rodados.

Assim aceitei esta missão e parti para a Espanha e fazer um passeio utilizando o transporte que mais gosto, a motocicleta, é claro!


No domingo, 13 de março, depois de jantarmos com a família, comecei os preparativos para ficar uns 5 dias nas estradas rumo ao Sul.

Meu filho ainda não tem as malas laterais para a Tenere 1200, mas nada que uma boa mochila não pudesse acomodar de necessário de roupas para esta MISSÃO.

Na segunda, dia 14, pela manhã lá estava eu com a minha mochila presa ao banco traseiro e nada mais me restava a fazer do que virar a chave, dar a partida e seguir. Até o tanque já estava completo! Precisava de mais?!

Era uma manhã chuvosa, embora não muito fria, uns 17º C. Quem conhece Madrid sabe que o trânsito é meio confuso, e como a motocicleta ainda não tem um GPS, levei comigo um pequeno mapa, e “olho nas placas”.

No Brasil tenho a minha GS 2008, e mesmo morando em São Paulo, acostumado com o fluxo da nossa capital paulistana, me senti um pouco desconfortável. Primeiro, por ainda estar sentindo a relação peso-potência, maneabilidade da motocicleta no trânsito, e principalmente a minha preocupação em não perder os avisos das placas de sinalização.

Para maiores esclarecimentos, o meu primeiro contato com transmissão cardan, foi com uma Honda Gold Wing em 1997. Fiquei com esta motocicleta até 2004, e depois mudei para a BMW GS, onde também com transmissão cardan, mas com particularidades que a diferenciava da Honda (e agora eu, com um modelo da Yamaha, conhecendo um pouquinho desta novidade).


Enfim na estrada com a Super Tenere 1200

ILUSTRATIVO  
Foi muito fácil me familiarizar com a leitura do painel, em razão da disposição das informações do RPM e da velocidade, onde um grande número digital e o marcador do nível de combustível ficam perfeitamente ao ângulo da sua visão. Já a visualização do odômetro parcial e total além do consumo instantâneo, temos que nos esforçar um pouquinho para a sua leitura. Já as demais informações no painel são excelente de serem visualizadas, como o acionamento de piscas, a luz do Neutral e as outras ali expostas, como indicador do farol alto, do ABS (acende no CHECK quando ligada a ignição e depois apaga), temperatura, e outros indicativos como a do módulo TCS, o que não foi acionado.

Nos primeiros 200 quilômetros, apenas reta e algumas leves curvas. Permaneci quase o tempo todo nos 110 km/h, a fim de deixar que o motor fosse ganhando mais quilometragem, para que pudesse dar uma esticadinha quando possível.

A chuva havia parado, a temperatura caiu um pouco, sentindo um vento me pegando pelo lado esquerdo, mas mesmo assim, aos 110 km/h o conforto era excepcional.

Vou fazer algumas narrativas, como um simples leigo, sobre o que percebi nestes primeiros 200 km rodados

• a relação entre a 1ª e 3ª marcha é mais curta, comparando-a as da BMW GS;
• entre a 4ª e 5ª marcha, o processo de retomada é fantástico. Não se percebe alguns vazios que a BMW GS nos apresenta, principalmente quando somos “premiados” com gasolina que não são lá das melhores;
• na 6ª marcha, aos 110 km/h, o comportamento de aceleração é muito próximo ao da BMW GS 1200 (posso dizer, no meu fraco entendimento, que são extremamente parecidos);
• o sincronismo da manete de embreagem com o pedal da marcha é excepcional. Entretanto, percebi que o da Tenere 1200 é mais suave quando em marchas mais baixas, principalmente quando acionada a 1ª marcha depois da posição Neutral;
• o conjunto da suspensão proporciona uma excelente estabilidade, te ajudando a fazer correções em tangentes, quando o traço da curva exige um pouco mais da motocicleta. Percebe-se nitidamente o trabalho integrado do conjunto dianteiro e traseiro. (Neste caso, ainda dou preferência a BMW, por ter o seu centro de gravidade mais baixo, e por eu estar falando de uma pista que parece um tapete. Entretanto, faço o meu elogio ao fantástico comportamento desta Tenere);
• nas frenagens, vi que a resposta é muito mais rápida que a da GS, mas ao mesmo tempo, gera um pequeno desconforto. A Tenere te diz, -“você está freando”, o que não percebo na BMW GS 1200, provavelmente pelo sistema anti-mergulhante da BMW.


Depois do terceiro dia de estrada

A motocicleta já estava com quase 1000 quilômetros. Fui a uma concessionária da Yamaha em Almería, sendo bem atendido pela equipe de lá. Troquei o óleo e filtro, foram apertadas as bases dos dois retrovisores que não estavam muito fixas, e também o pára-lama traseiro que apresentava barulho (inicialmente achei que fosse a placa, mas era um espaçamento, como um pequeno triângulo, entre o polímero e a estrutura de metal abaixo do bagageiro), mas em uns 40 minutos tudo ficou resolvido.
ILUSTRATIVO  


A motocicleta já estava pronta para que eu pudesse me aventurar a dar mais uma esticadinha, mas lógico, sem tomar multas! Só mesmo para ter o gostinho de experimentá-la.

De Almería, já tinha como destino o meu retorno para Madrid. Peguei a Autoestrada 92 para seguir pela Norte 340. Foi muito bom. Pouquíssimo trânsito, e pelo que me disseram, era mais fácil meu pneu furar do que ser multado nesta última estrada. Não me fiz de rogado. Peguei uma reta e levei a Tenere a 160 Km/h por alguns instantes. Percebia nitidamente a serenidade do motor, mas um fator começou a me incomodar. A aerodinâmica. Tenho 1,85m, e mesmo confortavelmente sentado no banco que a Tenere nos proporciona, o vento que vinha em direção ao capacete era um convite a ficar com dor no pescoço se mantivesse aquela velocidade por mais tempo. Como já disse, a minha motocicleta é uma BMW GS e não GS Adventure, que tem o pára-brisa mais baixo que o da GSA.

Embora a altura do pára-brisa da Tenere pareça estar acima do nível da minha motocicleta GS, o vento entrava pelo cockpit formando uma certa turbulência.

Dando sequencia as demais impressões

• conjunto de farol excelente. Tive que rodar por uns 50 km durante a noite até chegar em Madrid. Não só pelos refletivos da pista, mas afirmo que a iluminação é muito melhor que o da BMW;
• quando pegava alguma irregularidade na pista, o que não é norma na Europa, a carenagem frontal fazia em pequeno barulho;
• o posicionamento do pedal, quando estou sentado, é confortável, mas não tanto como a da BMW GS, que nos dá impressão de estarmos com as pernas menos dobradas.

Estas foram minhas impressões, já ditas anteriormente não como um especialista em testes, mas simples usuário e admirador de motocicletas e deixo aqui as minhas observações pessoais. Espero que eu consiga colaborar um pouquinho!

Conclusão: se eu pudesse, teria as duas aí no Brasil.


Abraços a todos.

Roberto Pestana

 
 
 
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Comentários (13)

26/5/2011 21:09:30
LUIS PESTANA
Caro Pestana, não esperava me dirigir da forma que costumo receber as mensagens e ainda com o seu comentário sobre minha maior dúvida motociclistica, neste momento. Tenho uma TDM 900, estou muito contente com a moto, más, está chegando o momento da troca. GS, ou Super? Continuo na dúvida.
 
10/4/2011 15:31:31
BRUNO AZEVEDO
Ótimas ponderações a respeito da motocicleta. Agradeço por compartilhar sua experiência conosco. Inspira muito mais confiança, pelo menos pra mim, relatos de motociclistas reais do que as reportagens (quase nunca imparciais) que vemos nas revistas.
obrigado e boas estradas pra vc!
 
9/4/2011 19:11:21
JEFFERSON KLEBER FORTI
Caro Roberto,
Suas impressões isentas de interesses maiores demonstra que o mercado da Big Trails pode tornar-se ainda mais interessante. Confesso que me sinto muito mais seguro com a assistência técnica da BMW. Nunca fiquei na mão com a minha GS 1200. Vamos esperar que a Yamaha forneça uma assistência a altura da Super Tenere.
Um abraço!
 
4/4/2011 18:03:12
HAROLDO BERTOLUCCI
Caro Roberto,
Muito bom seus comentários da nova XT1200Z, parabéns.
Espero também ter a oportunidade de fazer uma viagem com essa big trail, quanto as comparações com a BMW, foi muito bom para desmistificar, pois gosto de motocicletas também.
Acho que a chegada do Super Ténéré no nosso mercado vai ser muito bom para todos os motociclistas, teremos mais uma opção no segmento das trail´s.
Parabéns mais uma vez Roberto.
 
2/4/2011 11:36:04
MARCIO ALVES ROBERTO
Interessante ver uma avaliação de um motociclista, ainda mais com a sua experiência. Esta moto promete, mas está muito devagar por aqui. Até hoje nada, e temo pela assistência da Yamaha do Brasil, que como a Honda, prioriza as motos pequenas, pois dá maior volume e lucro, e não dá a mínima para as motos maiores. Para a minha cidade (C.Gde/MS, capital, com quase 1 milhão de habitantes) me disseram que virá apenas 1 moto (ST1200), por enquanto, e não sabem quando chega...
É mole?
Valeu!
 
1/4/2011 13:36:29
OTAVIO ARAUJO GUGU
Oi, Roberto !!! Faltava uma opinião como a sua, abalizada porém sem vínculo ou qualquer interesse na marca. Descreveu muito bem, comparou com a GS e nos deu boas informações. Sou fã da Honda, na qual não acostuma acontecer esses imprevistos de espelho e paralamas solto. Você abordou o mais importante. Deixo um abraço a todos.
Otavio Araujop - Gugu Taubaté/SP
 
1/4/2011 08:19:06
ROBERTO MESQUITA
Xará, minhas saudações.
você não falou sobre consumo e como esta motocicleta de comporta na chuva. Também tenho uma GS e já nos encontramos na Officer.
Obrigado.
Roberto Mesquita
Campinas - SP
 
1/4/2011 08:06:41
CARLOS P.
Olá,
De maneira geral, vc sentiu a yamaha mais "pesadona" que a GS? Sobre consumo, como avalia em relacao a GS?
Abraços e obrigado por compartilhar sua experiência.
 
1/4/2011 08:04:02
VANDERLEI
Parabéns.............
 
1/4/2011 07:42:19
AGNALDO GUIMARÃES
Pestana, muito obrigado.
Você tirou algumas dúvidas a qual eu tinha sobre a iluminação da Tenere 1200 e quanto ao efeito do vento no piloto. Tinha lido em um site italiano algo a respeito, mas não ficou muito claro. Certamente era matéria do anunciante.
Mais uma vez, obrigado, e que curta bastante estas estradas na Espanha. Abraços. Agnaldo
 
1/4/2011 06:07:53
HENRIQUE CAMPOS
Só complementando meu texto anterior: que este blog é um ótimo espaço onde podemos dividir e ter acesso a textos e conteúdos dos usuários, para quem realmente precisa de informações para definir suas opções e pode encontrar neste ambiente, que não está limitado com amarras editoriais.
 
1/4/2011 04:18:12
HENRIQUE CAMPOS
Ótimas informações com um relato bem isento de uma pessoa que realmente adora motocicletas. Muito se fala de revistas e sites jornalísticos e que têm o dever de ser profissionais. Isso tem o lado positivo com certeza, mas mtas vzs percebemos alguns aspectos negativos. Alguns não são tão isentos e percebemos uma certa tendência para certa marca e/ou produto. No caso do Rotaway podemos sentir a paixão pela motocicleta, pela aventura e a completa isenção, sem favoritismos. Muito obrigado por mais esta ótima contribuição. A Super Tenere é uma moto q tb me interessa e foi ótimo ver estas considerações. Só continuo lamentando o preço abusivo aqui no Brasil. Vamos ver como vão ficar as vendas!
 
1/4/2011 00:03:28
LUIZ FRANCISCO DA COSTA MELLO
Nobre Pestana! Você vai pra aí dizendo que é só tomar conta da netinha! Deixa a Simone ler este artigo! rsrs
Amigo, muito legal. Feliz é você que já pode nos dar estas dicas.
Um grande abraço e beijos em todos por aí.

Chico
 

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