VIAJAR EM GRUPO É UMA CILADA?!?!

DONATO MONTEIRO

Diferente de meus grandes mestres do moto turismo, gosto mais de viajar em grupo do que em solo.
Sempre fui regrado a excelentes companhias na hora de empreender um passeio e quando ao final do dia de estrada depois de muito chão, poeira e intempéries nada melhor que reunir aqueles que dividiram curvas contigo para planejar o próximo dia e deliciar-se com as peripécias deste que se encerra.

Também viajo solo, por vezes gosto de fazer meu roteiro, administrar meu tempo e minhas paradas sem discutir onde ficar, o que ver, o que comer etc, mas confesso, para mim o motociclismo é plural, estando “bem acompanhado” seja pela esposa na garupa ou impagáveis colegas de estrada, o trecho, fotos, causos e histórias ficam bem mais produtivos.



Viajar em grupo tem sua receita

É preciso cuidado para que tudo não vire uma grande “cilada”, sim já viajei com “caboclos” intratáveis que insistiam em não cumprir as mínimas regras de comportamento e condução, parece que adoravam chegar atrasados, acender um cigarro ou ir abastecer a moto quando todos já estão de luvas e capacetes, ou quando não, era o único sem dinheiro e tinha que garimpar um caixa eletrônico.

Para estes tenho uma receita: Converse em particular e explique que o sucesso da viagem depende da sintonia do grupo, que todos assumem deveres e obrigações neste translado, seja no item segurança ou no delicado item respeito ao próximo é preciso ter um olhar e comportamento macro para que tudo siga seu ritmo e sua rotina.

Bem, se contudo ele ainda insistir no comportamento anti-social pode largá-lo sem remorso na próxima traulitada, feito isso (com a mudança de comportamento ou exclusão do individuo) o próprio grupo se fortalece criando uma auto-conduta e neste ou nas próximas viagens o amadurecimento da convivência se fará sentir.


Não querendo ser contraditória ao que eu escrevi anteriormente

Nem sempre dá para o grupo todo participar do passeio, para uma viagem de fim de semana ou feriado, tipo 500km para ir e 500km para voltar, com direito a bom hotel, atrações gastronômicas, culturais e comerciais pode-se levar o bairro inteiro (exagero, rsrs), sendo bem compreendido e organizado o briefing, a diversão é garantida. Para passeios mais longos e de duração maior, onde necessita-se que os condutores e as maquinas sejam mais homogêneos, aí não tem como, é clube do Bolinha, o grupo tem que ser menor e de pessoas do ramo, acostumados as agruras e vitórias de um dia de estrada, misturar pilotos com ritmos e máquinas muito diferentes não dá um bom resultado.

No assunto moto turismo não pode faltar as grandes travessias, viagens acima de 10.000km, onde fica mais que evidente que o sucesso desta depende da sinergia positiva dos viajantes.


Aí é onde meus mestres dizem “Antes só que mal acompanhado”...

Ou seja preferem viajar sozinhos. Ok, conhecer seu companheiro de viagens via pagina de relacionamento na Internet, tomar dois cafés com ele e já querer enfrentar um trecho de 30 dias é deveras um despropósito, já vi muito disso acontecer, eles mal chegam no Uruguai e a guerra está declarada, é um que ronca, outro não passa de 100 km/h, outro que para a cada 80 km, outro que deixou para trocar o óleo na estrada, e quando tudo explode aquela sua viagem dos sonhos virou pesadelo, o grupo se separa e ao invés de grande amigos forjados na estradas estes viram grandes inimigos e de criticas mutuas na internet.

Fazer um trecho desse acompanhado requer digamos uma prévia, você terá que dizer uns “não vai dar pra você ir” pra muita gente, desde aqueles que realmente tem possibilidades e competência mas não vão se dar com o grupo, até aqueles que você sabe que não vão dar no couro mas insistem em dizer: - Quando nós vamos.

De meu gosto (e isso é muito particular a cada qual) o numero certo é três, você (claro) é mais dois que comunguem do mesmo gosto, ritmo e afins. Por exemplo, eu gosto de fazer de minhas viagens um passeio cultural, visitando lugares, conferindo seu enredo, sua gastronomia e afins. Gosto de sair cedo e chegar ao destino ainda dia, conferindo assim melhores acomodação e ainda tempo para conhecer o local. Isso não significa que o passeio fica engessado desta forma, por vezes podemos acordar tarde e rodar pouco, ou podemos fazer um trecho mais longo conferindo um descanso maior mais a frente ou uma mudança no roteiro, enfim, vai da maneabilidade, sintonia e tolerância do grupo, por isso conhecer, e muito bem, quem te acompanha reside um dos sucessos de nossas viagens.


Nada é mais forte que o coração e o companheirismo de um motociclista


Parafraseando o velho D´artagnan e os outros Mosqueteiros:
"Na estrada o grupo tem que ser “Um por todos, e todos por um”

A cada qual o seu gosto e preferência, solo ou em grupo o importante é curtir e
saborear esta rara e fina arte chamado motociclismo.

Boas estradas,

Grande abraço.


Donato Monteiro
Taubaté - SP