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A SÍNDROME DA VOLTA

 
Sabem aquele cavalinho manso do sítio do seu avô? Aquele que na saída do passeio era tranquilo, até moroso demais? E que a partir do momento em que tomava o caminho de volta para casa ficava difícil de segurar tamanha a pressa do bichinho? Pois é tem motociclistas que sofrem deste mesmo mal, fui à Argentina para assistir toda a função do Rallye Dakar e de quebra conhecer alguns caminhos e lugares que ainda não conhecia, viagem maravilhosa tendo na primeira semana a companhia de nove amigos e uma segunda fase com mais dois companheiros além de mim.

Toda a viagem tem aquele momento em que terminam as atrações propostas e inicia-se o retorno, à volta para casa, nessa volta a moto vem mais pesada, são fotos e mais fotos para mostrar aos amigos, são experiências vividas que queremos compartilhar, presentes para as crianças, camisetas para o pai e os irmãos, objetos de artesanato para decorar a casa, saudades da família, presente especial para esposa amada, enfim vocês sabem do que estou falando. Pois é toda esta bagagem extra de emoções, sentimentos e expectativas que desencadeia os sintomas que observei em um amigo nesta viagem e que me dei conta que já havia visto e até sentido em viagens anteriores, apelidei, por falta de idéia melhor, de síndrome da volta para casa.


Os sintomas? O paciente começa a ter pressa e apurar os outros, esquece objetos no hotel, sai do abastecimento sem prender o capacete corretamente, faz inúmeras simulações no GPS , propõe maratonas insanas noite adentro, liga para casa a cada parada, manda mensagens apaixonadas para parceira e em seu estágio mais avançado o paciente passa a não curtir mais a viagem e a cometer imprudências no trânsito.

Em meus devaneios dentro do capacete pensando neste assunto, logo constatei que não tenho formação para indicar algum tratamento, mas me atrevo a dar alguns conselhos: Muita calma e planejamento, se possível deixe alguma atração para ser vista na volta criando assim uma expectativa, não tem o que ver ou fazer a não ser voltar? Seja realista por mais que queira você não vencerá os 2000 km restantes em um dia, então calma, olhe no mapa e marque um destino, procure chegar cedo com tempo para achar um bom hotel, dê uma caminhada ,ache uma boa janta e procure curtir, afinal a volta ainda é a viagem, tome mais um refri de pomelo (gosto não se discute) com "media lunas", aquele pão de queijo das Minas Gerais, pare na tenda na beira da estrada e prove uma banana ouro, acho que assim podemos evitar a ansiedade do retorno e fechar com chave de ouro nossa viagem, e lembre-se:

a viagem só termina no portão de casa com o totó abanando o rabo e o motociclista cansado, mas são e salvo.



Texto: Fábio Sironi (KTM 990 Adv R Gramado-RS)
 
 
 
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Comentários (27)

14/2/2018 08:51:22
JEAN RAMOS
Olá Fábio. Quero saber notícias tuas. Dei-te a primeira assistência antes da ambulância chegar em 3 fev 18. Estamos na torcida pela tua recuperação.
 
2/2/2017 23:29:39
7P4NSCHKBCS
Your hoetsny is like a beacon
 
10/8/2011 18:17:19
NETO
Isso é fato, devemos desenvolver um auto controle no retorno de viagens, há ansiedade de retornar é um perigo. Devemos ter em mente que alguém que nós ama, esta esperando, e se algo nos acontecer vai estragar a vida dela para sempre.
 
23/2/2011 11:38:06
MARCO ANTONIO TEIXEIRA FREITAS
Em primeiro lugar quero cumprimentá-lo pelo site,bom,e original,sai do lugar comum.Agora sou fã !!!
Quem escreve coloca seus sentimentos pra fora e comunga com os sentimentos iguais de todos os outros e onde nos identificamos !!!
Já ouvi uma frase que guardo comigo :
Devemos fazer da volta uma nova ida !!!!
Abços
 
23/2/2011 10:44:41
SAMUEL SCUR PAIM
Sabe, depois de fazer os quase 400 quilômetros de areia, pensei que a viagem tinha acabado. Tive sintomas dessa síndrome, sorte que o caminho era diferente da ida e foi a primeira viagem sozinho, então tudo era novidade.
ps: anotandos dicas do pepo para futuras viagens.

abraço
 
15/2/2011 10:02:58
REINALDO SOARES
Belo relato,sempre retorno com muito cuidado ja que venho planejando a outra viagem,então tenho que chegar bem.
 
14/2/2011 15:24:51
TEIGA
Muito feliz nas tua colocações meu amigo...é isso ai mesmo..pois nada melhor em uma partida é sabermos que temos pessoas que nos amam e nos esperam na volta...abração
 
14/2/2011 15:24:17
GILNEI ROSALES
Amigo Fabio, este sentimento acho que todos nós motociclistas ja passamos, ou ainda passamos, por isso em minhas viagens sempre traço um roteiro diferente de ida e volta, acho que só assim pra volta ser atraente como a ida. Grande abraço. Arambaré-RS
 
14/2/2011 10:11:03
EDUARDO WERMELINGER ROTAWAY
Amigo Fabio Sironi,
Primeiramente muito obrigado pela sua colaboração no projeto Rotaway.
Neste momento estou rumando para casa. E as suas palavras se encaixam como uma luva, em um sentimento que sempre me acompanha nas voltas.
Um grande abraço,

Eduardo Wermelinger
 
14/2/2011 09:41:50
AIRTONBIANCO
CARA lindo show de bola sempre pensei isto mas numca havia expressado, muito bom.
 
14/2/2011 08:52:42
MARCIO ALVES ROBERTO
Fábio, parabéns pela matéria e as ótimas observações! Realmente a volta é um detalhe à parte na viagem. Nesta minha aventura recente até Ushuaia, 12,5 mil km ida e volta, nos últimos dias, o sentimento não era somente o de chegar logo em casa, mas tbm algo estranho, de não querer parar de viajar de moto! Mas já vivi tbm esta pressa de querer chegar logo, em 2009, aonde por ansiedade de um parceiro, rodamos até quase meia noite, só pra adiantar a volta em 12 hs... Mas nada supera a chegada, o momento emocionante, de rever a família, os amigos. Grande Abraço!
Marcio Alves Roberto - Campo Grande/MS
www.confrarianaestrada.blogspot.com
 
14/2/2011 07:29:41
ALEX PALHARES
Sironi, eu me enquadro nessa!
Abraço.
 
13/2/2011 19:48:12
EDGARD MENDES BAIAO
nobre amigo fabio
Viajei para o Ushuaia em fev.2009 e vi no national geographic uma expedicao na africa do sul da cidade do cabo ate o fim...de um grande aventureiro, alias , tres aventureiros com carro de apoio e tudo que se imagina para uma expedicao dessas. Ewan Macgregor se nao me engano o nome....depois de meses e meses de sofrimento nos diversos trechos da viagem e chegando com sucesso, o acidente ocorreu em frente a casa de um deles, na chegada da viagem, com uma bmw batendo atras de outra moto.
Quando eu viajo, tenho este cuidado e como faço palestras para grupos, estudantes, motoclubes, etc... comento deste assunto....CUIDADO COM A VOLTA....os imprevistos acontecem neste percurso com previsao de nos 100 ou 200 km antes de chegar,...a ansiedade tira a concentracao...e....ja sabem...o final.
 
12/2/2011 22:04:20
JORGE CANCELLA
Caro Fábio,
concordo em gênero, número e grau! Já vivi este filme, foram várias situações em viagen longas que fiz com amigos que aconteceram esses "causos", e é bem isso, o cabôclo fica nervoso, só ligando prá casa, quer "tocar" de noite e por aí vai...
Ainda bem que sou "aposentado", desse mal não sofro mesmo, hé, hé...
Parabéns pelo ótimo texto!
 
12/2/2011 20:49:45
OTAVIO ARAUJO GUGU
Oi, Fábio !!!
Agora você deu nome aquilo que sentimos na volta para casa depois de tantos dias na moto - Síndrome da Volta. Expressou exatamente o que sinto. Será que algum dia te contei???
Foi bom ler seu texto algumas vezes e deixar de ser bobo e acelerar desnecessáriamente na volta para casa. Bem melhor vir curtindo os últimos km... se bem que nunca consigo. Com seu texto, que me marcou muito vou me segurar lembrando de suas palavras na volta do Ushuaia em março. Obrigado. Quero te conhecer pessoalmente, se puder me escreva, estou em Taubaté/SP otavio@globalplayer.com.br Fraterno abraço a todos.
Gugu
 
12/2/2011 20:17:58
RENALDO TAVARES
Fabio,
Posso me incluir como motociclista experiente, mas ainda sofro um pouco desta Sindrome, hoje já consigo controlar as anciedades. O seu testo nos faz refletir bastante, vou quarda-los como Cartilha da Volta para casa.
Abraços
BR´s Renaldo
 
12/2/2011 18:50:40
EDUARDO PRATA
Fábio, muito boa observação e importante, ja constatei que na volta é onde começo a perder coisas, fico mais vuneravel e desatento com a mão mais pesada. mas com o tempo agente vai dominando a anciedade, valeuuuu
 
12/2/2011 17:14:28
GALENO CAMBÉBA
Caro Fábio Sironi.

O seu relato do retorno é uma tristeza para todos nós motociclista. Uma opção de não haver "retorno da tristeza" é ir sempre em frente, dessa maneira contorno-se o globo terestre, chega-se em casa com a missão realizada e podendo dizer não retornei para casa - estou indo em frente, assim, na próxima viagem você estará sempre seguindo em frente.

Parabéns, você é um herói.

Galeno Cambéba
 
12/2/2011 15:01:52
KORONEL
você levantou uma situação fática que muitos motociclistas não observam ou observam mas não dominam. É uma situação complexa mas com certeza quem ler esse texto, será outro motociclista, principalmente na volta. Ft abraço, koronel, Guaíba/RS.
 
4/2/2011 20:31:07
HOMERO LARA
Sábias palavras companheiro Fábio.
Minha esposa sempre diz que nossas voltas são mais rápídas e a gente costuma, com alguma frequência, ou mesmo inconscientemente, abusar e cometer imprudências, colocando em risco nossa integridade. Há uns poucos anos perdi um casal amigo que vinha de uma longa viagem e se acidentou mortalmente a menos de 20 km de casa.
Como dissemos aqui em Minas Gerais, "prudência e caldo de galinha" não fazem mal a ninguém.
 
3/2/2011 07:35:49
MOISÉS
Bem oportuno, Sironi.
Nós que moramos em Brasília sofremos bastante com isto, pois a estrada de retorno além de looooonga, nos brinda com infindáveis retas e pouca infraestrutura. Mas é como vc fala: só termina no portão de casa e com tudo bem.
Há de se ter calma e maturidade o então, vá de avião...rs

abraço e valeu muito !

Moisés
 
2/2/2011 22:30:22
MARCELO PRIMO
Acho que já superei essa fase, apesar da minha ansiedade natural tenho conseguido superar a sindrome do retorno muito bem... Outra dica é programar o retorno as vésperas de pagar as contas, pensão, etc,etc... daí o cara vem "alicatando" os freios... rssss
 
2/2/2011 19:10:06
FABIO
Parabens pelo texto, muito bem escrito!!!
 
2/2/2011 13:43:54
CHICO NOVAK
Fala parceirão!! E pq. Tu acha que vim naquele trote de 110km/h?? Pq. tem uns que até esquecem de encher o tanque! Rsssss....
 
2/2/2011 13:14:07
ROBSON A LIMA
Bem oportuno !
Já vi acontecer este tipo de situação algumas vezes.
Para alguns que são verdadeiros "Poços de Ansiedade", tornan-se um perigo para si e seus companheiros de viagem.Deve haver uma orientação profissional mais adequada a cada caso, mas entendo que dominar a ansiedade é a chave da questão.
Realmente, a viagem só termina no portão de casa.
Abraço Carioca
Robson
 
2/2/2011 13:06:03
RAMON SCHNEIDER
excelente texto Pepo!.... mas, como sempre, há controvérsias... faço exatamente o contrário, ou seja, devo ser portador de tal síndrome.....
 
2/2/2011 11:42:22
MARCELO RESENDE
Ótimo relato e ótimas observações, Sironi.
Vale lembrar mais alguns detalhes:
- o acidentes normalmente ocorrem na saída ou, principalmente, nos últimos km antes de chegar em casa.
- como você muito bem disse, a vaigem só termina quando se chegar em casa. Ir e voltar também são viagens de moto. E são partes tão importantes quanto a própria viagem "principal". Esse tipo de experiência, quem carrega moto em carretinha, não vive.
Viagem de moto em carretinha, para mim, não é viagem completa de moto.
Parabéns pela sua observação sobre a síndrome da volta para casa, pelas fotos que já tive oportunidade de ver e pelas publicações na revista.
Abraço.
Marcelo
 

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