LAPINHA DA SERRA
Na Serra do Breu , continuação da Serra do Espinhaço, encostada a um conjunto de montanhas rochosas com lagos as suas margens, uma paisagem que nos traz a sensação de que o lugar está parado no tempo. Para começar que não existe sinal de qualquer operadora de celular, internet, e nem pensar em outros meios da tecnologia a qual estamos acostumados. A simplicidade do lugar é marcante, mas tudo muito bem cuidado, onde as pouquíssimas casas do lugarejo são construídas no mesmo estilo, fazendo que a homogenia arquitetônica da pequena Lapinha se torne ainda mais aconchegante.
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Segundo informações locais, somente há aproximadamente uns 15 anos que fizeram a estrada de acesso a Lapinha, atualmente ainda de terra, um excelente off road, sendo que o local começou a ser habitado no final do século XVIII. De forma que os moradores locais estão na fase de adaptação em preparar-se para a recepção do turismo, inclusive com programas de treinamento com este propósito, assistidos por funcionários da Secretaria de Turismo do Estado de Minas Gerais. Mas a receptividade dos moradores locais, já vem de berço.
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Após me hospedar e tomar uma boa ducha, saí para caminhar e reconhecer o povoado. A simpatia, hospitalidade e a gentileza dos moradores se evidenciavam até pela forma de cumprimentar-me. Continuei minha caminhada e mesmo já sem iluminação para fotografar, tentei fazer uma foto de uma cruz de madeira, bem artesanal, em frente a pequeno gramado, como se fosse à praça principal do lugar. Naquele momento me dei conta que estava a ouvir um dedilhado de um violão. Aos poucos fui percebendo que eram vários violões. Como meio hipnotizado pelo som que tomava conta do silêncio daquela atmosfera tão tranquila, meus passos foram em direção de onde partia aquela harmonia.
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Chegando a frente a uma pequena casa já tinha certeza que a música vinha lá de dentro, não resisti, e fui entrando, e fiquei estático ao me deparar com várias crianças com seus violões frente algumas cifras. Podia ver no semblante das crianças que por traz daquela concentração em buscar os acordes no violão, a vibração e a alegria diante a oportunidade em estarem descobrindo a arte da musicalidade.
Naquele momento tive mais uma oportunidade de constatar que as nossas descobertas não tem fronteirasFiquei esperando o término daquele ensaio dos acordes e dirigi-me até uma mulher que coordenava aquelas crianças para saber o que seria exatamente a natureza daquele projeto.
Na verdade eram três mulheres, sendo Nalin da Bahia, Mayan de Belo Horizonte e uma americana, Lucy, de Chicago que morava na Nicarágua, e agora em Lapinha disseminando um programa do Instituto de Permacultura EcoVIDA São Miguel, que tem como proposta básica promover o cuidado com o planeta Terra e todos os seres, a valorização socioambiental e cultural de comunidades rurais e urbanas.
No dia seguinte foi a sede do Núcleo Lapinha do Instituto de Permacultura EcoVIDA São Miguel e fui recebido pelo fundador Gustavo Carvalho que me apresentou a sede as áreas de pesquisas fitoterápicas, bem como uma área de Desenvolvimento de agroecologia, energias renováveis e limpas, saneamento de resíduos e habitação e ecológicas, entre outras experiências como um forno solar para desidratação de frutas.
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UNIDADE DE PESQUISAS |
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TELHADO DE ARGILA E BOLDO |
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FORNO SOLAR |
Sobre às raízes culturais e as atrações turísticas naturais de Lapinha da Serra, existe o batuque que é realizado semanalmente pelos moradores, que é uma dança acompanhada de sapateado, palmas e tambor, oriunda do Batuque Negro, só que em Lapinha, este ritual é conhecido como o Batuque de Branco, pela adaptação de outros instrumentos como o pandeiro e a viola regional.
Quanto às atrações naturais, Cachoeiras do Bicame, do Rapel, Lajeado, Paraíso e a Represa da Lapinha ao atravessar o lago em direção às grutas na montanha rochosa, existem muito sítios arqueológicos.
Faço aqui um agradecimento especial ao amigo Marcelo Resende por ter me indicado esta região.
Coloque este destino na sua Rota.
Abraços e boas estradas.
Eduardo Wermelinger