Rotas

DO ATLÂNTICO AO PACÍFICO

 
Após mais de sete meses pensando nesta viagem, agora ela já se transformou em realidade! Aqui estou, na cobertura do hotel em Foz do Iguaçu, tomando uma para comemorar o início da jornada.

Quase 1.100 quilômetros rodados neste início. Mil e cem pensamentos, mil e cem emoções diferentes.

Só quero falar as coisas boas, mas as ruins fazem parte.

Por: Fabio Colaferro

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Dar no trevo? O cacete!

Dia 16 – Último dia da viagem do Atlântico ao Pacífico

12 de março de 2011

De Cascavel a São Paulo

Sai hoje às 9 da manhã para meu último trecho rumo a São Paulo. 915 km!

Por alguma razão, meu GPS estava meio maluco. E já aprendi que só GPS não funciona em viagem. Tem que ter o mapa impresso, tem que estudar os caminhos, tem que perguntar também. A combinação de tudo isto é que faz dar certo. Só com GPS, nós pagamos muito pau.

Em função disto, perguntei para um cara onde era a saída para São Paulo e ele prontamente me explicou:“Pega a esquerda ali embaixo e sai em uma avenida. Daí você sobe até o fim e vai dar lá no trevo. Entendeu? Dá no trevo lá em cima!”.

Também mais que rapidamente respondi: “Obrigado, amigão, mas não vou dar nada! Ainda mais em cidade que tem nome de cobra! Sai fora! Vou de GPS mesmo!”.

Quando fui parado no quilômetro 150 da Rodovia Castelo Branco, portanto quase chegando a São Paulo, e vi quase toda estrada alagada,pensei: “Não, mais rio não! Chega! Até aqui?!”. Havia somente uma faixa para passar. A Castelovirou um mar. No canteiro central, nas margens direita e esquerda, uma coisa assustadora. Muitos carros de bombeiro socorrendo as casas ao longo da pista que ficaram totalmente submersas. Eram umas 3 da tarde e tinha chovido por um dia e meio sem parar!

Sem despedidas, mas para os que me acompanharam nestes mais de 8 mil quilômetros, tenho a dizer:

“Valeu a torcida, pois a sorte ficou ao meu lado! Portanto, boas energias de todos vocês !

Peço desculpas por não ter respondido ainda as mensagens do Facebook, Twitter, comentários no blog, e-mails, SMS, etc.

Primeiro que não dei conta de fazer isto no dia-a-dia, por cansaço, embriaguez ou falta de tempo mesmo, e segundo, acho que propositalmente deixei para ler tudo na volta, saboreando aos poucos cada mensagem.

Devo ter umas 7 ou talvez mais de 10 mensagens, comentários, recados no celular e tudo (contando com dos da minha mulher e da minha mãe... dos bancos e do escritório).

Vou editar e publicar os vídeos da viagem, incluindo os tombos! Claro, agora tenho que trabalhar um pouco, mas com paciência e nas longas madrugadas conseguirei fazer isto.

Dias muito bem vividos e acima de tudo, uma viagem muito divertida. Fiz o melhor que pude para poder dividir um pouco disto tudo com vocês! Um brinde à vida, que é muito boa!

... Mãe, voltei! Agora você já pode dormir!


Até a próxima: Ushuaia 2012!!!

Beijos a todos, Fábio.



Esta é uma homenagem ao Ericão, meu tio querido, que a despeito de seu problema motor em função da paralisia infantil, detonava a sua poderosa JAWA!

Ele gostava de motos, de escrever e de viver!

Agradecimentos aos blogs e sites que divulgaram a minha viagem e, em especial, ao Guilherme Leme que ficou no broadcasting!



www.portalmotoatacama.com.br
www.rotaway.com.br
www.caltabianomotoclub.com.br
www.rockriders.com.br
www.dentalis.com.br/clube_dentalis
www.cqcs.com.br


RESUMO DO DIA:
12.03.2011 – Sábado
De Cascavel a São Paulo
915 km rodados
Clima: Bom, meio sol meio nublado, ameaçando chover por 900 km, mas sem uma gota do céu.
Acontecimentos: inundação da rodovia Castelo Branco e a sugestão para eu dar no trevo.
Velocidade de cruzeiro da GS (ou velocidade mamão): em 6ª marcha à 5.700 rpm (sem vento, né!).

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Chuvas de Cascavel e últimas observações

Dia 15 – Viagem do Atlântico ao Pacífico

11 de março de 2011

De Corrientes (ARG) a Cascavel (BRA)

Saí mais tarde hoje,às 11h15. O termômetro da moto marcava 31 graus, mas certamente estava errado. Devia estar uns 68 graus, no mínimo.

Parece que é normal a falta de combustível na Argentina, pois desde Salta até antes de Posadas, encontrei dificuldade para achar gasolina. No hay nafta (no norte e noroeste argentino)! Só fiquei tranquilo pois tenho meu galãozinho que quebra o maior galho e assim não preciso ficar regulando na velocidade (em um dos postos, o frentista não quis abastecer o galão, dizendo que nesta fase é proibido estocar gasolina).

Sobre as paradas que fiz ao longo de todo o trajeto:é impressionante quando se pára em qualquer lugar, em segundos já tem meninos e meninas de todas as idades pedindo dinheiro. Vale para a Argentina e Chile!

Ainda falando sobre dinheiro- e devo ter falado isto em algum post anterior -, mas como as cédulas de papel do dinheiro argentino são velhas, sujas, úmidas, nojentas! No Chile o papel é novinho, bem diferente.

Repetindo uma observação, as reservas nos hotéis funcionaram muito bem. Fico imaginando se em dias como ontem, chegando às 10 e meia da noite em Corrientes,eu ainda fosse procurar hotel, ou se hoje, chegando a Cascavelàs oito e meia da noite, na chuva...idem. Nem a pau! Foi a melhor decisão que tomei e, com um bom planejamento, dá tudo certo. Final de dia cansado é para chegar e relaxar.

Outra coisa boa foi trazer pesos argentinos e chilenos, comprados no Brasil. Isto evitou ficar passando em casasde câmbio e ter aquela perda tempo em coisas desinteressantes. O dia que precisei mais dinheiro entrei no primeiro banco que vi e saquei no caixa automático pelo Visa, na boa.

Para fazer anotações ao longo da viagem, papel e caneta em cima de uma moto é inviável (abrir zíper, tirar luva). Então acabei utilizando bastante o gravador de voz do próprio celular. Ajudou bastante. À noite eu checo as gravações e me lembro de algumas histórias.

Assim como nos esportes, são os detalhes que influenciam a pilotagem. Em função daquelas chuvas todas, a minha luva molhou muito. Usei uma luva reserva que cobre só a mão, sem aquela extensão que sobre um pouco no braço para embutir a manga da jaqueta. O resultado é que fiquei com uma queimadura nos dois pulsos, como se fosse uma pulseira mesmo (distância entre a jaqueta e a luva).

Mais detalhes: a colocação da borracha sobre a pedaleira off-road da GS Adventure ajudou bastante, pois a transferência de calor e vibração para os pés diminuíram muito.

Continuando: como perdi meu cadeado da mala de tanque, isto dificultou bastante nas paradas, pois tenho que deixar aquilo sem fechar ou retirar tudo e levar comigo. Lembrando: tudo que não é bem preso na moto, cai.

Em toda a viagem, sempre que eu parei em estacionamento aberto, eu cobri a moto, poisassim a moto “some” um pouco, chama menos atençãoe aumenta asegurança. Para isto tenho uma capa bem leve e compacta.

O protetor de cintura(kidney belt) ajudamuito! Boa postura é tudo e evita dores nas costas. Nos primeiros dias de viagem vale sim um relaxante muscular à noite. Os dias vão passando e o corpo se adapta, dispensando os comprimidos.

E ahora que dá aquela coceira no nariz?! Insuportável, pois aí o piloto abre a viseira e passaa mão com luvas sujas e parece que piora mais ainda! É uma bola de neve. Mas o pior mesmo é coceira na cabeça. Quanto mais pensa e se irrita com aquilo, mais coça.

Chega de detalhes! Motociclista já sabe disto e não motociclistas acham tudo isto muito enfadonho!

Cheguei às oito e meia da noite em Cascavel, após 768 quilômetros, dos quais 250 na chuva.Uma viagem tranquila e sem problemas. Passagem pela fronteira Argentina/Brasil sem burocracia e rápida. Aliás, registrando, nenhum policial na viagem toda me parou para extorquir dinheiro. Nenhum, zero problema com isto.

Hoje foi o penúltimo dia. Preparando aterrissagem em São Paulo amanhã, sábado!

RESUMO DO DIA:
11.03.2011 – Sextafeira
De Corrientes (ARG) a Cascavel (BRA)
768 km rodados
Clima: entre 25 e 33 graus, muita chuva.

Hotel
Bourbon Cascavel Express Hotel
Rua Paraná, 2899, Cascavel - PR, 85851-011
Fone: 55 45 32204400
www.bourbon.com.br

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Perdi tudo em Los Pirpintos!

Dia 14 – Viagem do Atlântico ao Pacífico

10 de março de 2011

De YerbaBuena (ARG) a Corrientes (ARG)

Hoje tenho uma história fantástica para contar sobre tecnologia! Daquelas que bem poderiam ir para um programa de televisão, sei lá, Raul Gil, Ronnie Von, Luciana Gimenes e até daquele publicitário com cabelo platinado.Sério, a história é boa.

Mas vou seguir o roteiro do começo do dia... tipo última parte da novela, para prender vocês ! Rsrsrs.

Primeira conclusão do dia foi a grata surpresa que tive com o hotel em YerbaBuena. O cara da concessionária BMW me indicou. Simplesmente na frente. Perto de tudo, fácil, simpático. Um hotel boutique.



Em tempo: perdoem-me pelas fotos, pois após a morte da minha Cannon, todas as imagens foram captadas pelo meu telefone celular. Que coisa moderna, não?! O danado, além de falar, tira foto.

Aproveitei e saquei dinheiro no caixa eletrônico do Santander, também em frente ao hotel e saíàs 9h30 da manhã. A moto estásupimpa! Limpinha, desamassada, cheia de fluídos novos.

Desde ontem à noite pensava em mudar os planos novamente, pois não queria voltar para o Brasil pelo mesmo caminho que eu vim (Tucumán, Termas Rio Hondo, Santiago Del Estero, SunchoCorral, etc).

Não estou aqui para andar por caminhos conhecidos. Então resolvi rodar uns 150 quilômetros a mais, voltando em direção a Salta para pegar o Chaco! Todos me falavam muito deste retão interminável de 540 km, onde a dificuldade não é a pilotagem, e sim o calor, os insetos, os pássaros, a monotonia da reta, o cheiro ruim em alguns trechos, etc.

Então, rumo à Pampa Del Infierno!!!

Última curva antes do retão é exatamente em Macapillo. Coloquei protetor de pescoço e protetor auricular. Neste trecho a temperatura era de 35 graus às 13h30.

Antes de partir fui enviar uma mensagem pelo SPOT, dizendo que estava tudo bem. Percebi que ele estava desligado e quando vi, as baterias tinham acabado.

Tirei tudo da mala e troquei as pilhas (muito especiais trazidas pela minha amada, pois não encontrei no Brasil para comprar: AAA LithiumUltimate 8x, chique no úrtimu).

SPOT Satellite Messenger GPS é um aparelhinho que fica emitindo sinal para o satélite da minha localização. Quem tem o link, sabe exatamente onde estou, com todas as coordenadas de latitude e longitude. Segue o link (veja que é legal): http://share.findmespot.com/shared/faces/viewspots.jsp?glId=09MdNcnVT80u8lXGVOcis3sryUQvoxXZ2



No início do Chaco, há um trecho de uns 150 km perto de El Tunal onde a estrada não é tão boa. As crateras são bem grandinhas, o asfalto irregular formando aquelas valetas no sentido da pista. Atenção pouca é bobagem.

Parei para abastecer e descobri que estava faltando nafta (gasolina) em todo o trajeto. Novamente, lembre-se que a viagem só termina quando você chega! Lembrei que na concessionária eu estava com galão cheio e pedi para o cara esvaziar e deixar somente a metade, pois não precisaria mais e assim aliviaria o peso.

Felizmente eu tinha o galão, ainda que pela metade. Ao parar no posto, tinha uma pequena fila...

Lá encontrei uns gaúchos, de Santa Maria, Santa Cruz do Sul, não me lembro do nome. Todos de Speed. Foram para Bolívia e Chile. O problema deles era maior que o meu. Eu ainda tinha alguma autonomia.

E tudo aconteceu em Los Pirpintos.

Parei no “posto”, ou melhor, na casa do mano Walter Gonzales (se alguém precisar, o celular dele é 0384-11-567.0663).Ele estoca gasolina na garagem da sua casa e vende mais caro sempre que falta. Atividade sem risco algum.

Estava feliz, tanque transbordando e galão lotado.
Nem entrei em depressão quando o cachaço aí embaixo passou esbarrando nas minhas pernas, com aquele perfume delicioso...

Agradeci, paguei 30% a mais pelo litro e estava tudo ótimo! Viva a autonomia! Saio pela estrada de terra e após uns 500 metros pego a pista novamente.

Rodo uns 5 quilômetros e... PERDI A MALA DO TANQUE!!!!!

Para quem não sabe, mala de tanque (tank bag) é uma malinha que é colocada sobre o tanque de gasolina da moto e afixada na frente e atrás, próximo ao banco do piloto, por zíper. Sempre ao abastecer, abre-se o zíper, desloca a mala para um dos lados, abastece e volta ao lugar, FECHANDO O ZÍPER!

Como é o lugar mais visível para o piloto, resolvi concentrar tudo de valor na mala do tanque: passaporte, documentos da moto, carta verde, convênios médicos, dinheiro (real, dólar, pesos argentinos e chilenos), celular Iridium via satélite, ... TUDO!)

Andei no acostamento do lado direito e esquerdo da estrada por uns 4quilômetros. Após uma hora e meia de procura, lembrei que naqueles 35 graus de temperatura, tinha esquecido até de tirar a jaqueta.

Ofereci dinheiro para uns meninos me ajudarem na procura. Nada, tudo em vão.

Foi quando me lembrei do SPOT! Observe na foto acima, um aparelhinho cor laranja. Que fica preso à mala do tanque (lembra-se que há 150 quilômetros atrás eu havia parado, desfeito a bagagem toda só para trocar as pilhas dele???).

Liguei para o Ricardo, da Moto Atacama e pedi ajuda.
“Ricardo, por favor, entre no link do Spot, que está no meu primeiro post do blog Vida Vivida! Verifique a localizaçãoque eu estou!”. (Caso ele observasse que a “mala” estava em movimento, já era sinal que alguém tinha pego e levado embora).

Em São Paulo, no seu escritório, ele me passou a última coordenada que o SPOT transmitiu (ele emite sinais a cada minuto, registrando minha localização): Latitude -2613921 e a Longitude é -6205731 !!!

Bingo, era ali perto! Eu estava em ...

Agora era só digitar no meu aparelho de GPS Garmin, que fica preso no guidão da moto, a coordenada que o Ricardo tinha me passado e ir atrás!

Nessa altura, todo o povoado já estava comigo. Na última hora, um cara muito gente boa, chamado Oriel Gustavo, havia percorrido todo o acostamento comigo em sua pick-up branca. Atrás já tinha mais uns quatro caras e a indicação era que a mala estava a uns 25 quilômetros dali. Vamos lá! É alguém da vila, alguém conhecido!!!

Mas algo não estava batendo. O Ricardo, não sei com qual perspicácia e experiência, acompanhando tudo pelo celular, disse: “Calma Fábio, tem algo errado. Estou no link do SPOT, mas alternei o modo de visualização para “terreno”, no Google Maps... estou “vendo” uma outra coisa aqui... Você está perto de uma curva? Ande mais um pouco... Chegou em um lugar... não sei, me parece aqui nas imagens que tem que sair um pouco da estrada... e... me parece um galpão ou coisa assim. Ande mais uns 400 metros... “

Gente, coisa de filme!



Um dos caras atrás da pick-up gritou! Pulei da camionete e saí correndo na ribanceira mais uns 50 metros, afasto do arbusto e... lá está, INTACTA, jogada há uns 10 metros para fora da estrada!

Olha, me arrepio de contar essa história! Que experiência! Quantatecnologia!

Agradeci muito a todos, dei uma de Silvio Santos (“quem quer dinheiro?!), dei uns 300 dólares para o Oriel, que ficou comigo 2 horas em sua pick-up, mais outros tantos para a família toda que ficou comigo e todos ficaram felizes para sempre!!!

E a família legal pôde, assim, voltar para o seu jogo de bingo...

Menos sorte teve o gaúcho. Umas 10 da noite, já perto de Corrientes,paro para ajudar umas motos no acostamento. Quando vejo, são os colegas do Rio Grande do Sul.
Caiu uma barra de ferro do caminhão da frente e pronto, a moto passou em cima. Chão! Fim de prova por hoje. Chamaram o guincho.

Um deles me disse: “Tem que gostar muito de andar de moto, né!? ”. Respondi:“Tem e é disso que nós gostamos! Que delícia e como me sinto bem em cima de uma”. Ele remendou... “é isso aí, amanhã vamos trocar a roda e o pneu e enrolar o cabo de novo!”.

Cheguei em Corrientes às dez e meia da noite, após 916 km, sendo 540 de reta.Uma boa experiência, em vários sentidos, que estou absorvendo aos poucos. Pensando em muita coisa: no meu planejamento, nos cuidados necessários, na tecnologia, nos contatos que tenho, e acima de tudo, na sorte que tenho!

Ufa... La Alondra, um hotel que consola e oferece uma ótima noite de sono. Boa noite!

RESUMO DO DIA:
10.03.2011 – Quinta feira
DeYerbaBuena (ARG) a Corrientes (ARG)
916 km rodados
Clima: Sol, quente, 35 graus no Chaco
Acontecimentos: Perdi minha mala de tanque com tudo dentro.

Hotel La Alondra

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Trenalasnubes&YerbaBuena

Dia 13 – Viagem do Atlântico ao Pacífico

9 de março de 2011

De San Antonio de los Cobres (ARG) a Yerba Buena (ARG)

Noite super mal dormida, afinal ontem foi dia de adrenalina total e, apesar de derrubar uma Quilmes de um litro antes do jantar, foi difícil a poeira baixar. Aliás, ontem no caso, a água baixar.

Tomei um cafezinho merreca no hotel, mas não posso reclamar. Ontem à noite era tudo o que eu queria. Enchi o hotel de barro, pois onde passava, deixava meu rastro de lama. Não sei como eles me aceitaram a hora que entrei na recepção.

Depois do café, segui o ritual básico de “montagem”da bagagem. Desisti de limpar as coisas, pois em qualquer lugar que tocava era barro puro. Especialmente hoje, dei uma olhada geral na moto para ver os estragos. Não foi muita coisa: o pára-lama traseiro quebrou, o farol de neblina direito entortou e o protetor de motor também já tinha entortado quando eu “tombei”chegando a San Pedro.

Não dava para ser um dia sem prejuízos e o maior deles foi a minha câmera Cannon 50D. Ela me acompanhou toda a viagem, tomando pancada atrás de buraco, mas ontem compreensivelmente ela não agüentou o tranco. Foi demais para qualquer um. Bom, paciência. O principal momento da viagem ficou registrado com boas fotos. Daqui para frente às fotos serão apenas com o meu Black Berry.

Cometi o mesmo erro de ontem. Montei toda a moto e somente quando saí percebi que a luz vermelha de alerta do painel estava acessa. Opa! Algo errado. Fui checar o óleo e quase cai para trás. Havia completado ao sair de San Pedro e talvez por causa das quedas, houve vazamento. Completei e felizmente era isso mesmo. A luz apagou.

Dica para quem vai fazer viagens longas de moto: leve um litro de óleo (no meu caso, o Motul 3000 20W50 4T Mineral). Lógico que se não tivesse feito isto, provavelmente teria fundido o motor da moto hoje.

On the road again...de terra, rípio, com buracos, etc. Mas sem chuva, o que está um trilhão de vezes melhor do que ontem. Vamos lá, sem reclamar, afinal são somente 23 quilômetros a mais neste momento. Depois um pouco de asfalto e novamente terra antes de Salta (ou trevas, como verão a seguir).





Agora é hora de terminar a descida da cordilheira, afinal San Antonio de Los Cobres está a 3.500 metros de altitude.

Assim que entrei na pista de asfalto, encontrei um casal de suíços que estão viajando de bicicleta háquatro meses. Philippe e Rosy, um casal muito simpático que já passou pela Bolívia e Argentina e pretendem fazer a próxima aventura no Brasil, pois me disseram que todos os brasileiros param para cumprimentá-los e são extremamente amigáveis. Nossa, quanto louco estou encontrando nesta viagem! Detalhe: eles não ficam em hotel, somente acampam. A aventura deles está registrada no site http://www.rosyphil.com.

Vibrei em todos os quilômetros de asfalto! Ufa.

Mas antes de chegar a Salta, havia mais uns 40 quilômetros de terra. Achei que todos os desafios eu já tinha passado no dia anterior, mas estava enganado. Esta estrada tinha uns 20 pontos ou mais para testar a habilidade off-road de qualquer piloto. Com as chuvas, as pistas viraram rio, literalmente. O problema é que as pedras desceram junto com a água e, claro, a lama.

Quando olhei o primeiro dos 20 pontos de interrupção da estrada, pensei que não daria mais conta. Era muito mais feio que no dia anterior (tudo bem, sem chuva, o que torna a avaliação do local muito melhor). Tirei poucas fotos, não sei o porquê. Talvez pelo estresse do momento. Mas filmei absolutamente tudo neste trecho! Para eu mesmo ver e acreditar que consegui passar em todos sem cair ou tombar.

A lei do custo x benefício.

Falamos tanto em custo x benefício no diaadia, mas é verdade. Acho que muita coisa que tem um custo grande tem um benefício enorme (claro não são todas, às vezes tem só a parte ruim). Quero dizer: preferi a estrada mais difícil, com maiores riscos, mas descobri que provavelmente muito pouca gente fica conhecendo o que eu vi, tamanha a dificuldade de acesso. Lugares únicos!

Fiquei embasbacado com a beleza deste trecho de San Antonio de Los Cobres até Salta. Agora entendi o porquê do famoso “Tren a las nubes”, que corre paralelo à estrada.

É um cenário exuberante, para não perder para qualquer paisagem européia ou outra qualquer. Provavelmente o trecho mais bonito da viagem toda. Aqueles 100 km em que pensei: “puxa, se fosse só isso já teria valido toda a viagem!”

Este trem percorre 434 km e são cerca de 15 horas de viagem (ida e volta). O Tren de Las Nubes leva seus passageiros literalmente até às nuvens, em um dos passeios mais emocionantes em cima de trilhos, repleto de paisagens de tirar o fôlego.





Parte todas as quartas e sábados da estação da cidade de Saltae passeia entre as montanhas da Cordilheira dos Andes, atravessando a Quebrada del Toro (rio Toro em todo o percurso, eu que o diga!), o Vale de Lerma e chega a seu destino final, o Viaducto La Polvorilla, com 4.200 metros de altura. São duas paradas de aproximadamente 30 minutos durante o trajeto; na Estação de San Antonio de los Cobres e no Viaduto La Polvorilla (passando por Campo Quijano, O Alisal e Porta de Tastil).

Já no asfalto liso entre Salta e Tucumán, a polícia ou “Gendarmeria - Patrulla de Caminos“ me parou. Achei que fosse só um comando, mais era mais uma ponte caída por causa das chuvas. Pensei “tô lascado! Não chegarei a tempo”.

Precisava chegar aYerba Buenaàs 17 horas. Eles abrem das 9 às 12, depois tem a siesta e reabrem das 17 às 21 horas, inclusive para manutenção. Havia agendado a revisão de 10 mil km e aproveitei para dar uma “desentortada” em algumas coisas...rsrsrs.

A revisão foi rápida e, finalmente, tive minha moto limpa e brilhando novamente. Agora, após os 10 mil km de amaciamento, ela vai de óleo semi-sintético e não mais mineral (CastrolActevoX-tra 4T SAE 20W-50). Fala sério, já pensou no cara que inventa o nome desse óleo fazendo sexo?

Em tempo: a parte legal, chique, sofisticada de Tucumán, fica em Yerba Buena! Tudo: casas, bares, restaurantes, academias, etc. E tudo aqui na mesma avenida da concessionária: Aconquija.

Mas o principal, várias...mas várias sorveterias. Uma ao lado da outra, daquelas de comer ajoelhado.

Só não experimentei se realmente a erva é das boas.

RESUMO DO DIA:
09.03.2011 – Quarta feira
DeSan Antonio de Los Cobres a Yerba Buena / San Miguel de Tucumán
Clima: Sol, temperatura boa.
Altitude no destino: 3.775 m
Acontecimentos: Atravessei mil riachos, a aventura continuou. Revisão na BMW de 10 mil.

Don Abel Hotel Boutique
Av. Aconquija, 1.400 – Esquina Guemes
YerbaBuena – Tucumán
Tel. 0381-425.1230
info@@hotelboutiqueabel.com.ar
www.hotelboutiqueabel.com.ar

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Oops, caí! Uma, duas, ...

Dia 12 – Viagem do Atlântico ao Pacífico

8 de março de 2011

De San Pedro de Atacama (CHI) a San Antonio de los Cobres

Fique tranqüilo, tombo bobo ! E foi só o primeiro. O único probleminha é que era descendo a Cordilheira dos Andes.

Bom, deixe eu começar do começo. Na noite anterior, minha última noite de moleza e descanso em San Pedro de Atacama, comecei a pensar sobre a possibilidade de atravessar a Cordilheira dos Andes pelo Paso Sico, portanto somente estrada de terra.

Conversei com vários guias do hotel para entender as condições das estradas. Queria fazer algo diferente, mais aventureiro, mas confesso que minha noite foi bem pouco tranquila.

Pesquisei algumas coisas na internet enquanto tomava coragem para enfrentar o desafio (que mais tarde, de fato, se caracterizaria como um enorme desafio).

Trezentos e cinqüenta quilômetros na terra, cascalho, areia, pedra, sem combustível, nem postos, nem cidades, nem tráfego na ruta 51.

Após três dias parados e com a moto semi-desmontada (bagagem), demoro uns 40 minutos organizando tudo. Pronto e montado na belezura e eis que a haste do espelho retrovisor está solta. Desço, desamarro tudo (galão, mala de banco, etc), abro a mala lateral, pego as ferramentas que estão bem no fundo... Olha, que bobeira e que encheção de saco.

A polícia federal e a aduana para sair do Chile são feitas em San Pedro de Atacama mesmo.

Como de costume, aquela enorme burocracia. Passo primeiro pela polícia e depois pela aduana enquanto os caras batem trocentos carimbos e o outro policial perto da moto rouba a minha bandana que estava no espelho.

Abasteci o tanque e enchi o galão com 10 litros. Partiàs 9 da manhã para a viagem, pensando sempre em maneirar no manete, pois são trezentos e tantos quilômetros sem abastecimento.

Tento achar as cidades (vilas ou povoados se preferirem) de Toconao, Socaire, nem Paso Sico na versão ConoSur instalada no GPS, mas nada encontro. E os caras de Palo Altoesqueceram de colocar no Google Maps essas estradas em que vou andar.

Atingindo 3.900 metros, parei para colocar o forro da jaqueta, as luvas internas, balaclava, desliguei o sistema ABS para pilotar off-road e finalmente murchei os pneus. Estava com o dianteiro pressurizado em 42 libras e deixei com 30. O traseiro estava com 36, e reduzi para 25 libras.

Após 90 quilômetros de San Pedro, a pauleira começou. Confesso que já estava bem tenso com essa decisão. Menos pela estrada de rípio e mais por estar sozinho, bem como pelos pneus lisos (o ideal seria que tivesse com pneus cravos, mas...).

Nos primeiros cem quilômetros, tudo ok! Apenas terra, cascalho, muita pedra grande e areia. Areão. Diversão sem preocupação.

Perto da Laguna Calientes encontrei um tiozinho francês correndo e não entendi nada. Um tiozinho correndo no meio do deserto. Depois que eu vi isso, achei minha aventura por aquela estrada coisa de criança, acabou minha tensão, meu medo, etc.

Depois fui entender que se tratava da corrida “L’Etoile D’Atacama – 4 éme Edition”, com 22 participantes, a maioria franceses, com 255,5 km divididos em oito etapas. Hoje era a 6ª etapa de 49 quilômetros entre as Lagunas Miscanti e Tuyaito.Parei no posto de apoio da corrida e fiquei conversando com o fiscal francês da prova para entender que maluquice era aquela.

Olha aí, meus amigos de corrida!Quando imaginei que veria isto por aqui. Que emoção. Me senti lá, correndo também !

Matei alguns bichos nesta viagem, sem querer, é verdade. Mas felizmente quem matou este jumento aí não fui eu. Coitado do jumento.

Cheguei quase à divisa com Argentina, no famigerado Paso Sico e estava com temperatura marcando 13 graus. Até este ponto já havia percorrido 210 quilômetros de terra, rípio (cascalho), areão, pedra, barro, poças enormes na estrada em função das chuvas recentes. Neste ponto a altitude é de 4.456 metros.

Entrei em Catua (terça de carnaval) e o povoado inteiro estava comemorando. Jogando farinha nos outros, muita gente com fantasia. Imaginem um ET de capacete chegando ao meio daquilo tudo !?

Em algum ponto eu atolei feio. Fui desviar do rio que virou a estrada e atolei na lateral. Sabiamente não acelerei. Desci da moto, respirei, a moto ficou lá, sem descanso lateral, pois não precisava. Ela estava totalmente presa no barro.

Coloquei umas pedras embaixo da roda traseira e aos poucos, fora da moto, dei partida, engatei a primeira e fui tirando ela do buraco. Olha, a esta altura eu só pensava na barraca que o Décio Kerr Oliveira tinha sugerido para eu comprar (e eu comprei). E em todas as outras coisas do planejamento que também havia feito. Por pouco não liguei o celular por satélite (Iridium) e chamei a minha mãe!

Já estava totalmente molhado e morrendo de frio.

Mas no único dia que eu tive o risco de dormir na Cordilheira dos Andes, eu fiz uma besteira. Minha mulher foi passar o final de semana comigo e levou, a meu pedido, todas as roupas de frio que eu tinha levado na ida. Sabe aquela sensação de que já deu tudo certo, não precisei de nada daquilo, já estou no caminho de volta ... NÃO negligencie até o final da viagem!

Mas os problemas do dia infelizmente não terminariam com esta atolada. Uma sucessão deinterrupções na estrada. Barro para todos os lados abrangendo a estrada toda, sem possibilidade de passar por fora, até porque acostamento não existe.

Daí a chuva me pegou feio a 45 km de San Antonio de Los Cobres. Quase não dava para acreditar, nem para enxergar nada.

Como na vinda, os flocos de neve começaram, só que agora como nevasca mesmo! Acredite se quiser (ainda bem que eu estava filmando tudo, para não passar por mentiroso).

E por um longo trecho, eu já encharcado, peguei um frio de 1,5 graus! Sinceramente não dava para acreditar naquilo. Não conseguia abrir a viseira do capacete para enxergar alguma coisa, pois o vento trazia os flocos de neve na horizontal, direto no olho.

Neste ponto começava a descida da Cordilheira dos Andes. Na terra, um barro só e os desfiladeiros a 50 centímetros o tempo todo.

Fiz o que pude e acho que fiz muito. Mas dois tombos foram inevitáveis. Acho que as fotos podem explicar melhor.

E assim eu pilotei por 300 quilômetros na terra, por 10 horas e várias delas com as condições descritas acima. A moto sambava o tempo todo.

Em ambos os tombos, a câmera sobre o capacete estava ligada. Então, temos um show à parte para ser devidamente editado e colocado no blog em breve.

Cheguei a San Antonio de Los Cobres às 07h20 da noite. Aqui, 3.770 metros e 11,5 graus neste horário.

Meu plano era dormir em Salta, mas devido às fortes chuvas e deslizamento de pedras nas estradas, a polícia fechou a cordilheira após as 6 da tarde. Ótimo, pois eu não ia aguentar mesmo. Daqui para frente ainda tem um bom trecho de terra e barro, até Salta.

Encontrei outro casal de franceses viajando em um trailer, que me indicou o hotel onde estou. Muito simpáticos também.

À noite, após o banho, e de posse de uma Quilmes de 1 litro, ainda estava muito agitado. Muito!

Pensando nas coisas que passei, mas principalmente pensando no privilégio que tive de ver as coisas que vi, que pouquíssimas pessoas têm a chance de ver. Sim, trajeto difícil, mas maravilhoso. Valeu cada tombo, cada escorregada, cada medo que tive.

Nem vou colar muitas fotos neste post. Veja a galeria do dia. Garanto que compensa!

RESUMO DO DIA:
08.03.2011 – Terça feira
De San Pedro de Atacama (CHI) a San Antonio de Los Cobres
0 km rodados
Clima: Sol, chuva, nevasca.
Altitude no destino: 4.580 metros no alto da Cordilheira.
Acontecimentos: Atolei com a moto e depois,dois tombos descendo a cordilheira.

Hotel a las Nubes
Ruta 51 – San Antonio de Los Cobres
Tel. 0387 490.9059
Sanantoniodeloscobres@hotmail.com

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Tierra Atacama e o ócio

Dia 11 - Viagem do Atlântico ao Pacífico

7 de março de 2011

Em San Pedro de Atacama (CHI)

Estavam programadas duas excursões para hoje. A saber:

Laguna Miniques e Laguna Miscanti
São duas lagoas gigantescas e com uma cor azul maravilhosa, como havia visto em vários guias de viagem e revistas. O tour do dia era para estas Lagunas Altiplânicas, situadas a 110 km de San Pedro a 4.300 metros de altitude. Isto na parte da manhã.

Lagunas Cejar
Localizada a aproximadamente 25 km, é uma lagoa com grande concentração de sulfato de sódio, em que naturalmente você bóia, como piscinas naturais que são formadas pelas águas subterrâneas oriundas da cordilheira. Diz o guia que à profundidade é de 1.500 metros. Este era o programa para tarde, de bicicleta.

Bom, o programa era este.

No entanto, andar de van é fod...
Na noite anterior, pensando que ficaria o dia todo envolvido com estes “compromissos”, achei que estava forçando a barra. Chega, desisti e resolvi curtir somente o hotel, sem hora, lenço e documento.

Para quem está a 10 dias pilotando uma moto, entrar em uma van é quase uma sensação de incapacidade física. Um lugar onde você é controlado por um motorista, fica lá dentro chacoalhando sem poder tomar atitude alguma, não pode parar nos lugares que quer, fica sujeito aos prazeres e interesses dos guias, um horror. Excursão e van não combinam comigo (muito pior quando é na fileira de banco do fundo).

Então declarei ócio total. O dia todo no hotel. Piscina, sol, cerveja, massagem, comer e beber. Nada de van, por mais que alguns possam achar, puxa...como você estava lá e perdeu estes passeios tão belos. Pois é. Fiz e farei outros.

O hotel Tierra Atacama é um capítulo a parte nesta história toda. Belíssima arquitetura, um ótimo tratamento, tudo incluso ao estilo Beach Park Fortaleza (kkkkkkk!!!), mas tudo de muito bom gosto. Não me arrependi de curtir e ficar tranqüilo esse dia. Afinal, amanhã o bicho vai pegar feio. Retorno ao selim e as manoplas.

São apenas 32 apartamentos muito exclusivos. De todos eles, vê-se o vulcão Licancabur ao fundo. O único ponto fraco, fora o preço, talvez seja o cardápio que é meio restrito para meu gosto. Mas pedi coisas fora do esquema e também fui atendido. O SPA é ótimo, mas a piscina de fora é bem gelada. Dentro tem uma piscina aquecida e com umas duchas de água para a massagem. Aliás, a chefe das massagistas, Karen, é brasileira. Está lá faz um ano e meio.

O ar é tão seco, que a noite tive necessidade de molhar o travesseiro e uma toalha (para jogar sobre o rosto). Senti muita dificuldade para dormir. E é assim o dia todo, uma vontade constante de beber água.











Também fiquei no hotel para fugir do carnaval em San Pedro. Eles jogam arina (farinha) e suco de uva nas pessoas. Segundo o senhor taxista, a farinha significa transformação e o suco de uva faz chorar, e portanto se arrepender dos atos da festa do pecado que é o carnaval. Hã hã.
Repeti a pergunta para a barman do hotel e ela primeiro disse que não conhece esta história e segundo não está nem aí para isso. Carnaval é carnaval e o significado é dispensável.

À noite no deserto é deserto é maravilhosa. A via láctea está toda lá, nítida como só. Mas faz um friozinho danado para ficar lá fora vendo o céu, apesar de que tem uma fogueiras (privativas) e cada espaço.

Bom, é hora de arrumar um pouco as malas !
Aquele ritual de partida.
Muitos pensamentos sobre o roteiro de amanhã. Pensando em algumas mudanças radicais.

RESUMO DO DIA:
07.03.2011 – Segunda
Dia todo na cidade de San Pedro de Atacama (CHI), no hotel.
0 km rodados
Clima: Muito agradável sol e sem nuvens. Céu azul celeste.
Altitude no destino: 2.600 m.
Acontecimentos: Nenhum, só ócio.

Hotel Tierra Atacama – The Spirit of the Altiplano
Camino a Séquitor s/n, Ayllú de Yaye
San Pedro de Atacama, Chile
www.tierraatacama.com
Tel. 56-55 555.977
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Muito doido por metro quadrado

Dia 10 – Viagem do Atlântico ao Pacífico

6 de março de 2011

Em San Pedro de Atacama (CHI)


PQP, o relógio tocou as 04h30min da manhã. Por que temos que fazer isto? Você viaja, paga e arruma um programa para acordar de madrugada. Tem que querer muito fazer isso! São aquelas coisas que fazemos e não sabemos o porquê.

Bom, mas todos já diziam que os Geysers Del Tatioera programa top, imperdível. Então, lá vamos nós. Uma hora e pouco para chegar, sem café - pois segundo eles muitos ficam mareados com a altitude -, todos dormindo na Van e lá estamos.



Localizadoa 95 km ao norte de San Pedro de Atacama, com altitude de 4.300m, o frio no local pode atingir menos alguma coisa, momentos antes da alvorada. Mas depois, com o sol, a temperatura sobe, podendo até ficar de camiseta.

As excursões chegam antes das seis e meia da manhã, hora em que os gêiseres estão ativos. Depois, sua atividade vai diminuindo, até cessar por completo, em torno das 10hs.

O visual é de fim de mundo. Ao caminhar pelo solo de lava vulcânica, você poderá ver jorros de fumaça quente brotando dos gêiseres no chão. São dezenas destes gêiseres de várias intensidades e formatos.

À medida que o sol vai nascendo por trás da cadeia de montanhas, o brilho da fumaça muda e as luzes tornam a visão ainda mais espetacular. Logo ao lado dos gêiseres do El Tatio estão pequenas piscinas naturais de água transparente e esverdeada.

Toda a área em volta dos gêiseres é muito bela. No caminho de volta passa-se por longos trechos de terra dourada e avermelhada, onde não raro vicunhas estão presentes.

Neste dia, inclusive, elas não se intimidaram com a presença dos forasteiros e aproveitaram para fazer um sexo básico (naquele frio, hein?!). O guia, Cris, que nos acompanhava ficou maravilhado e disse ser a primeira vez em sete anos que ele vê um cruzamento de vicunha.

Saindo do Geysers Del Tatio, presenciamos o batizado de quatro carros. Sim, chama-se ”floreamento”. Os malucos proprietários de carros novos levam seus bólidos para uma montanha ou lugar bonito, enchem eles de flores, levam cervejas e ficam breacos lá mesmo, batizando os mesmos.

Puxa, minha moto ainda nem tem nome e os caras fazem o maior ritual para comemorar as novas aquisições.

No retorno, passamos pelo Vado Rio Putana. Isso mesmo. Mas podemos ver somente belas aves e uma paisagem maravilhosa, com mais vicunhas e lhamas.

Sem poder evitar o mico do dia, a próxima parada foi no Pueblo de Machuca. Baita enganação. Duvido que aqueles caras morem lá. Todos de camionete último tipo.

As mulheres fantasiadas como se fosse para o carnaval, nada que se passe como locais. Imagine, sobre as casinhas imitando pueblo, tem placas de energia solar.Mais falso que nota de três reais!

À tarde, somente descanso e uma visita à cidadezinha de San Pedro de Atacama, onde eu pude presenciar a maior quantidade de maluco por metro quadrado do Chile.

No povoado tem bastante coisa: umas igrejas, umas árvores, cachorro pra dar com lingüiça, mil trezentos e quarenta e sete agências de turismo, alguns bares doidos e o Café Adobe.

Os artesanatos são apenas aqueles que você compra e depois não tem a menor idéia do que fazer com eles, pois nem dar de presente você terá coragem.

A Nora, guia do hotel, me disse que entre dez e onze da noite os organizadores das festas no deserto passam nos bares avisando onde será a balada do dia, já que a polícia fica em cima e os bares não podem funcionar depois de certo horário. Ou seja, festas itinerantes, onde alguém leva o som, as bebidas e daí o pau come.

RESUMO DO DIA:
06.03.2011 – Domingo
Dia todo na cidade de San Pedro de Atacama (CHI)
0 km rodados
Clima: Muito agradável sole sem nuvens. Céu azul celeste.
Altitude no destino: 2.600 m.
Acontecimentos: 1 passeio de manhã.
Hotel Tierra Atacama
www.tierraatacama.com
Tel. 56-55 555.977

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Os micos do dia

Dia 09 – Viagem do Atlântico ao Pacífico

5 de março de 2011

Em San Pedro de Atacama (CHI)

Após manter uma média de 600 km/dia nos primeiros 7 dias,é hora de estacionar um pouco...
Aproveitar o final de semana e conhecer o destino principal desta viagem ao deserto, onde a base é o povoado de San Pedro de Atacama. Enquanto isso, a minha beleza de moto também descansa os pneus e pistões.

Um pouco de informação











O deserto do Atacama está localizado na região norte do Chile, a 1.300 km de Santiago, entre o Oceano Pacífico e a Cordilheira dos Andes. É considerado o deserto mais alto e mais árido do mundo, pois chove muito pouco na região, em conseqüência das correntes marítimas do Pacífico não conseguirem passar para o deserto, por causa de sua altitude. A fauna é bem restrita (não há insetos, por exemplo).

Cláudio, o guia do hotel, marrento que só ele, tentou me explicar que o deserto do Atacama não é seco, e sim árido e que isto é diferente de seco, pois aqui tem água.

Pouca, mas tem:tem rios subterrâneos e tem a água que desce da cordilheira. Bom, então tá, é isso aí. É árido!

Em função destas condições existem poucas cidades e vilas no deserto. Uma delas, muito conhecida, é San Pedro do Atacama, que tem pouco mais de 3.000habitantes e está a 2.600 metros de altitude. Por ser bem isolada é considerada um oásis no meio do deserto e o principal ponto de encontro de viajantes do mundo inteiro: mochileiros, fotógrafos, astrônomos, cientistas, pesquisadores, motociclistas e aventureiros.

Tenho visto gente de todo o mundo: americanos, europeus, australianos, argentinos, etc. Claro que como em qualquer parte do mundo, especialmente em época de “real” forte, muitos, mas muitos brasileiros.

O deserto tem muitos vulcões, alguns ativos. Mas é um vulcão inativo que marca a paisagem e as fotos dos turistas: o Licancabur, que tem mais de 5 mil metros de altura.

As temperaturas no deserto variam entre 0ºC à noite e 40ºC durante o dia, dependendo das estações do ano.Nestes dias que estou aqui, durante o dia está fazendo uns 30º graus e à noite deve estar uns 20º. Durante a madrugada esfria ainda mais (estou dormindo sem ar condicionado e com cobertor).

Apesar de pequena e isolada no coração do deserto mais árido do mundo, segundo o Cláudio, San Pedro possui uma vida agitada, mesmo depois da meia-noite. Os bares e restaurantes ficam lotados com pessoas conversando e planejando o dia seguinte.

Segundo a guia Nora, não se pode fazer festas depois de certo horário, que é quando eles combinam festas “rave” no Vale de La Muerte.

Geralmente os turistas chegam a Calama, cidade com aeroporto localizada a 100 quilômetros a noroeste de San Pedro. Vindos do Brasil, normalmente a conexão é em Santiago do Chile.

Os hotéis têm um esquema de excursões diárias, geralmente na parte da manhã e tarde. Alguns passeios mais longos tomam o dia todo. O freguês monta o cardápio de acordo com as suas preferências: paisagens, cavalgadas, trekking, bike, passeios culturais, mais longos, menos longos, com mais ou menos micos.

Nosso primeiro passeio foi com uma guia chamada Nora. Alemã e ruiva, mas se ela não disser,todos acham que ela é chilena mesmo.

Perguntamos para ela do que mais gosta, se do Chile ou da Alemanha.A resposta foi direta:“Quando eu estou no Chile, prefiro a Alemanha e quando estou na Alemanha, prefiro o Chile”.

Isto me faz pensar o quanto é comum em nossas vidas, em muitas situações do cotidiano e em outras questões mais estruturais, não viver o momento presente.

Freqüentemente nos lançando para situações futuras e em outras nos prendendo ao passado.

Também, e não raramente, achamos que a grama do vizinho é mais verdinha. Acho que somos assim mesmo, queremos o melhor dos mundos sempre e nos frustramos por não ter somente o melhor de cada coisa, pessoa ou situação.

Observação sobre as ruivas. Quando eu era criança, li um livro da escola que se chamava “Escaravelho do Diabo”. Nossa, morria de medo quando via ruivas!

Pés na areia e fomos ao nosso primeiro passeio naCordillera de La Salvisitar dois lugares lindos: Valle de La Muerte e Valle de La Luna.

Valle de La Muerte

É o local mais próximo de San Pedro para visitar na direção de Calama. A 1 km da saída da cidade há uma placa indicando "Cordillera de La Sal".

No topo o visual é o vale, com a Cordilheira dos Andes ao fundo. Os tours que vão para o Valle de La Luna dão uma passada rápida pelo Valle de La Muerte, mas não o cruzam por completo. Sobre este vale, cabe dizer que há duas versões para o nome macabro.

A primeira diz que os atacamenhos não ouviram bem quando o arqueólogo francês Gustavo Le Paige, que explorou a região na década de 1950, chamou o lugar de Valle Del Marte. A segunda sustenta que Le Paige encontrou muitos esqueletos humanos e deduziu que velhos e doentes iam para lá morrer.

Valle de La Luna

A 12 km de San Pedro, localizado na Cordillera de La Sal, o Valle de Ia Luna é uma extensão de terra e areia avermelhadas e outras vistas impactantes. Parte do solo é coberto de sal branco, o que dá ainda mais a impressão de estar em um ambiente não terráqueo.

O entardecer é um momento especial, quando as cores ficam ainda mais fortes e belas. Na grande cratera central há uma impressionante duna de areia, onde um estreito caminho em seu topo leva a um dos mais concorridos miradores.

De lá, pode-se ver o pôr-do-sol, em meio aos vários picos andinos. A noite também é bela no vale, segundo os guias, pois o brilho da lua reflete no chão de sal e as sombras são fortes e bem definidas no solo, como se fosse dia.

O segundo passeio da tarde foi para o Salar de Atacama: Pueblo de Toconao e Laguna Chaxa.

Como em toda excursão, pagar mico é clássico. A primeira roubada à tarde foi a parada na “chácara” deTambillo, que segundo eles é um reflorestamento sustentável para o povo da região.

Contei umas onze árvores de tamarindo, um gato e muito lixo no local. E o guia ficou puto, pois perguntou se gostaria que falasse em português ou espanhol, e todos responderam em coro: em espanhol!

Após longos 40 minutos, partimos para o segundo mico. Toconao, uma pequena vila a 40 km de San Pedro, oficialmente com mil habitantes (para mim, tinha uns 170).

Os guias chapa-branca diriam: “O povoado abriga algumas lojinhas de artesãos e uma mina de liparita, uma pedra vulcânica branca, usada para construção.

Outra pedra vulcânica, a calisa, é usada pelos artesãos para esculpir pequenos objetos. A simpática praça central, onde as crianças brincam à tarde, possui uma bela torre branca datada de 1700...”

ROUBADA! Não vá. Deve ser o tradicional esquema do guia ganhar um rebate das comprinhas feitas no local.

Ainda no Salar de Atacama, finalmente fomos para o programa principal, ver os flamingos e o pôr-do-sol, em Rio Barro Negro e Laguna Chaxa. Isso sim vale à pena. Maravilhoso!

RESUMO DO DIA:
05.03.2011 – Sábado
Dia todo na cidade de San Pedro de Atacama (CHI)
0 km rodados
Clima: Muito agradável. Sol, mas com nuvens o dia todo
Altitude no destino: 2.600 m.
Acontecimentos: 1 passeio de manhã e um à tarde
Hotel Tierra Atacama
www.tierraatacama.com
Tel. 56-55 555.977

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Cabação ao volante ou lei rigorosa?

Dia 08 – Viagem do Atlântico ao Pacífico

4 de março de 2011

De Antofagasta (CHI) a San Pedro de Atacama (CHI)


Hoje comecei a diminuir o ritmo da viagem, como programado. Nestes sete primeiros dias, mantive uma média de 600km/dia. O trajeto hoje é curto o suficiente para chegar em San Pedro de Atacama, onde ficarei por 3 dias e 4 noites.

Já sai mais tarde de Antofagasta, às 13:40hs, com 25 graus.

Uma das coisas que me chamaram atenção, desde a entrada no Chile, são as homenagens aos mortos ao longo das estradas. Como se fossem pequenos altares ou pequenos túmulos, estes santuários particulares na beira das carreteras me intrigaram. Estariam as pessoas enterradas ali?

Parei em vários deles e observei que são muito bem cuidados, vários guardam materiais de limpeza, pintura, etc, na parte de trás e, na maioria, todos são decorados com flores recentes. Alguns mantêm objetos pessoais dos mortos, vários deles mineiros da região de Calama. Num destes lugares que parei havia um caminhãozinho de brinquedo utilizado nas minas, em outro uma caixa de explosivos, provavelmente temas relacionados ao tipo de morte destas pessoas.

Não me contive, e parei em uma casa onde a garagem era um bar, meio mini-mercado, daqueles minúsculos onde encontramos de tudo um pouco, seja uma “pilha de lítio 8x ultimate” ou ½ quilo de banha para fritura. Questionei o dono do estabelecimento sobre as minhas dúvidas sobre este assunto destes “túmulos” na estrada.

Ele foi muito atencioso e me deu uma longa explicação recheada de detalhes e provavelmente exemplificando vários casos onde talvez fossem até amigos.- Pena que eu não entendi absolutamente nada do que ele falou!Enquanto ele hablava, eu acenava bastante com a cabeça, fazia cara de interessado, por vezes tentei esclarecer uma ou outra frase, agradeci e saí da mesma forma que tinha entrado: sem saber nada.












Depois, no hotel, com mais calma, um motorista me explicou e disse que não são túmulos e as pessoas não estão enterradas na beira da estrada. Aquele é um costume, realmente uma homenagem aos finados.

A presença da religião católica no Chile é marcante. Estátuas nas entradas das cidades, a postura daspessoas, até o discurso do presidente do Chile que estavaesta semana visitando o Papa, misturandoassuntos de Estado com os da sacristia... Enfim, um país predominantemente impregnado pela religião católica.

Não faltam motivos religiosos por toda a parte: no Valle de La Luna, há umas pedras que apelidaram de Três Marias, pois segundo o guia, aquela era uma prova no próprio deserto. Me concentrei olhando as pedras. Uma eu tive a certeza absoluta que era um sapo, as outras duas infelizmente não consegui enxergar nenhuma outra coisa, exceto serem pedras em uma posição mais vertical.

Engraçado que no Chile a placa de trânsito PARE significa parar mesmo! Totalmente. Por vezes, pensei tratar-se de umcabação ao volante, depois fui percebendo que em todos os lugares onde tem a placa PARE, as pessoas param. Quero dizer com isso que interrompem completamente o seu deslocamento físico para frente até atingirem uma posição inerte.

No meio do deserto, do nada, quando um brasileiro vê uma placa “Pare”, o comportamento de um animal humano convencional é reduzir a marcha, dar uma olhadinha e caso não tenha perigo, continuar seguindo em frente. Ok, qual o problema?!Ou será a lei chilena muito rigorosa?

É incrível e ao mesmo tempo cômico. Faz-se uma fila de carros. O primeiro para, o segundo logo atrás para também, e assim se sucede o inexplicável.

É verdadeque, algumas vezes, vem até um trem, mas aí tudo bem... Com uma leve reduzida é possível enxergar e decidir o que fazer (claro que se for o caso, dá uma acelerada antes dele cruzar e boa).

Ainda sobre o chileno.
Eles dão notinha fiscal para absolutamente tudo, seja uma bala seja um refrigerante. Sempre dou uma sacaneada e quando eles vão me entregar a nota eu digo que não preciso, que pode jogar fora. Os caras ficam meio sem saber o que fazer!

Hoje havia muita poeira no deserto e muito rodamoinho e novamente o vento não estava para brincadeira. Invariavelmente todos os dias tem acontecido a mesma coisa a partir das quatro da tarde, uma ventania só. Levei uma rajada lateral que perdi até o rumo. Se eu não estivesse com as duas mãos no guidão, acho que perderia a frente da moto.

Ao final da tarde, antes de entrar na cidade, tentei subir no Valle de La Luna, mas não consegui. Do asfalto andei uns 10 quilômetros até a entrada do parque pela estrada de terra. Nesta portaria eu desci da moto e segurei a mesma para não cair. E não é história de motociclista, é sério. O guardinha veio me ajudar e se ofereceu para guardar a moto na portaria, que é abrigada justamente em função dos ventos. A partir daí era uma subida de pedra em um precipício e o vento cortando. Nem a pau, Juvenal. Esperei melhorar um pouco, dei meia volta volver.

Em relação à temperatura, que desertinho chocho! Às duas horas da tarde e o termômetro só registrava 22 graus. Puxa, estou no deserto, achei que ia ter queimaduras horríveis, me desidratar, cozinhar em cima da moto. Que moleza, quase uma decepção, rsrsrsrsrs!

Apesar disto, tem muita luz. Os óculos escuros aqui são uma instituição inclusive para crianças pequenas. Não é para menos e, com toda a razão, o acessório é necessário. O modelo preferido são aqueles pretos, bem grandes, bem malandro carioca, bem modelo “merrrmão“.

Sobre veículos em geral.
Não tive qualquer problema com os motoristas argentinos, nem com os chilenos. Sofar!

Nesta estrada de Antofagasta para Calama (a cidade do cobre), o tráfego é intenso. E haja caminhões e tratores. Esse da foto aí embaixo achei meio grande.

Também chegando em San Pedro de Atacama, na Cordilheira do Sal, encontrei os caras da www.australmoto.cl. Acho que os nomes eram Hector e Mauricio. Eles têm uma empresa que organiza viagens de moto pela América do Sul e ficam baseados em Santiago. Inclusive alugam BMWs. Neste dia estavam fazendo e testando um novo roteiro para uma viagem em grupo. Eles pilotavam duas F800GS (bela moto).

À noite fiz o check-in no hotel Tierra Atacama. Que show de lugar. Acho que merecerá um capítulo à parte nos dias a seguir.

RESUMO DO DIA:
04.03.2011– Sextafeira
Saída do hotel: 13h40 – Chegada às 20h15
Antofagasta (CHI) – Calama (CHI) - San Pedro de Atacama (CHI)
Clima: Muito agradável, mas muito vento no deserto
Hotel Tierra Atacama
www.tierraatacama.com
Tel. 56-55 555.977

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Cheguei ao Oceano Pacífico

Dia 07 – Viagem do Atlântico ao Pacífico

3 de março de 2011

De San Pedro de Atacama (CHI) a Antofagasta (CHI)

Dormi bem neste hotelzinho, mas é incrível como minha boca secou, ou melhor, colou à noite. Impressionante a diferença, até parece que estou no deserto!

Hoje não consegui enviar nada para o blog, pois a conexão de internet não estava funcionando.

Saí às 10h30, com bastante sol, mas fiquei sem entender nada. Estava no meio do deserto e ainda as onze da manhã a temperatura era de 12 graus! Que raio de deserto frio é este no meio do dia?

Entrei em Calama para abastecer e neste trecho me superei. Foram 19,7 litros em um tanque de 20. Sobrou só o cheiro da nafta lá dentro.

Não foi irresponsabilidade, afinal estou no deserto e não posso vacilar assim. Foi preguiça mesmo, pois como não desgrudei mais do meu galãozinho de gasolina, estava tranqüilo.

De Calama, segui para Tocopilla. Finalmente avistando o Oceano Pacífico. Que maravilha e que contraste.

Gira a cabeça para trás, deserto! Olha para frente, o mar. Show de bola!


Almocei em um restaurante muito bom na praia, só que comi tanto, que mais tarde deu bastante sono. Se alguém pensa que em cima de uma moto você não consegue ter sono, está muito enganado: é como carro, tem sono igual, dorme igual, pesca igual! Dança igual.

Mas os 150km de Tocopilla para Antofagasta, dos quais uns cem deles colados ao mar, são um espetáculo à parte. Haja concentração (sério, eu fiquei tão embasbacado que perder a mão ali não era nada difícil).

Mas o que judiou foi o vento vindo do mar (pelo lado direito), que me jogava para a outra pista o tempo todo. Claro, vento é normal andando de moto. Mas excesso de vento cansa bastante.

Uma pergunta: Você já experimentou mascar chiclete com capacete? Pois é, dá uma dor na mandíbula, perto das orelhas (é sério, acho que pela compressão do capacete temos que fazer mais força com a boca).

E você já dormiu com capacete? Não? Eu já, lá na casa do Paulo Andre, em Juquehy, mas deixa prá lá, isso é uma outra história, nada edificante. (Mas o capacete não tinha filmadora em cima, o que facilitou.)

Resolvi esticar um pouco e conhecer hoje o que faria somente amanhã. A escultura “Mano Del Desierto”, feita em 1992 por Mario Irarrazabal. Essa parada é meio emblemática para todo cara que viaja de moto para o Deserto do Atacama. Não vir aqui é como correr uma maratona e não pegar a medalha. Localização: Ruta 5, quilômetro 1.308 (uns 70 km abaixo de Antofagasta, rumo a Santiago).
No meu caso, ao final deste dia e neste ponto, chegará à metade da viagem. Até aqui foram 4.140 quilômetros muito bem rodados.

Cheguei a Antofagasta às oito da noite, a tempo de ver um por-do-sol lindo. Estava cansado e querendo chegar logo ao hotel, mas não tive dúvida. Parei a moto, fui para a praia e lá fiquei por uns 20 minutos.

O GPS me pregou uma peça (uma coisa muito louca). Coloquei o endereço certo do hotel. “Ele” de fato me levou para um hotel. Desci e fui fazer o check-in, mas minha reserva não estava lá.bQue saco, já fiquei de bode. Foi quando me dei conta de que aquele não era o hotel, nada a ver...






Voltei, conferi o endereço que havia digitado e era um lugar totalmente diferente. Agora sim, cheguei onde queria, mas perguntando para as pessoas e sem o safado do Garmin caçoando de mim.

Antofagasta me impressionou muito bem. Cidade média bonita, bem arrumada, prédios e construções modernas, movimentada.

RESUMO DO DIA:
03.03.2011 – Quinta feira
Saída do hotel: 10h50min. – Chegada às 20.50 h.
San Pedro de Atacama (CHI) – Tocopilla (CHI) – Antofagasta (CHI)
596 km rodados - Odômetro na origem: 10.130 km
Clima: Muito agradável, mas muito vento do mar
Altitude no destino: Nível do mar.
Acontecimentos:
Hotel Holiday Inn Express Antofagasta
Avenida Grecia, 1490
http://www.holidayinnexpress.cl
Tel: 56-55-22 8888 - Fax: 56-55-28 5457

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Puna que Pariu

Dia 06 – Viagem do Atlântico ao Pacífico

2 de março de 2011


De Purmamarca a San “Perro” de Atacama

Nossa, por onde começo? Hoje valeu por uns dois dias e meio.

Bom, antes de começar, confesso que o hotel em que fiquei - Manantial Del Silencio – era silêncio mesmo! Super bom, mas saí de lá e fui para Purmamarca procurar um psicólogo. Muito silêncio. Demais!

Sai de Purmamarca com 17 graus de temperatura. Coloquei a parte interna da jaqueta e deixei uma blusa de fleece pronta para a travessia da Cordilheira dos Andes. Disseram-me que poderia fazer até 12 graus lá em cima.











Como ontem à noite não tive coragem de sair, hoje fui dar uma voltinha na vila (não é propriamente uma cidade). Legal, jovem, aconchegante, mas sozinho... Não dá. Daí, resolvi fazer algo mais radical e subi um morro em uma estrada de terra, com muita pedra. Não tinha noção de onde aquilo me levaria. Vejam as fotos abaixo...

Depois do pequeno rali, sai em direção a Susques. Gente, não dá para classificar o que é mais bonito, mais interessante. É tudo tão diferente, tão deslumbrante, tão grandioso, que fica difícil comparar os programas.

Dia do óleo na pista na Cuesta de Lipán. Sempre na pista da subida e sempre nas curvas, provavelmente onde é exigido mais dos motores. Puxa, não bastam as pedras. E neste trecho tinha bastante óleo, prestei atenção para não cair, pois os precipícios são ligeiramente altos.

Isto é de uma beleza impressionante. Eu só pensava que seria difícil chegar a San Pedro, pois a cada quilômetro era uma foto.










Quilômetros à frente vêm os famosos caracoles. Hoje vou tentar falar menos, e mostrar mais. As palavras ficam pequenas e pobres perto das imagens. Impossível competir.

Depois o salar...

E os pedidos de fotos continuam. Hoje muitos europeus, mas os mais simpáticos são los Hermanos, que são a maioria absoluta dos turistas. Sempre de carro.

Tentei fazer uma visita a uma família da região. Claro que eles não entenderam muito bem o propósito da tal visita, e óbvio que eu não esperava café e bolo.

Mas as poucas palavras que trocamos me serviram para boas reflexões e a inevitável é: como alguns vivem com tão pouco? Não que eu queira viver com menos, pelo contrário, mas de fato o mundo é muito desigual. Fotos com “permisso”.

Susques, que cidade maravilhosa! O cara lavou meu tanque com gasolina, mas sem cerimônia alguma.

Afinal qual a importância que isto deve ter para ele? E aí, você acha que eu vou reclamar? Não, não faz sentido. Deixa assim... Depois peguei a água mineral de joguei por cima.

Dei mais uma volta na metrópole, conversei com uns meninos na rua e entrei em uma casa para almoçar (nem vou chamar aquilo de restaurante, pois era literalmente uma casa onde a mulher foi fazer a comida na hora para mim).











Uns ”nó cegos cabeças de pau” disseram que eu não encontraria gasolina em Paso de Jama e fiquei bem preocupado. Fui novamente ao posto para encher o galão, mas o cara não fica lá. Algum conhecido tem que ir até a cidadezinha e chamá-lo para que ele venha atender quem está na fila esperando (um monte de gente com galão).

Antes da fronteira, não agüentei a solidão e parei para tomar uma Quilmes com o meu amigão!

Uma observação: desde Purmamarca, minha viseira está totalmente limpa. Não tem inseto!

Alguns amigos já haviam me avisado que se por acaso eu me emocionasse em alguns trechos, não era para ficar preocupado, pois eu não estaria virando viado. Então, né, verdade!

Uma sensação de plenitude, um sentimento sensacional, sem palavras, descrita somente pelas duas ou três lágrimas que caíram. Hummm, emotivo, hein?! É, relendo o parágrafo, acho que ficou estranho!

Na aduana argentina foi tudo muito rápido, coisa de 5 minutos (antes, abasteci em um posto bem moderno da YPF no Paso).

Apesar dali ser a fronteira, a aduna do Chile fica somente em San Pedro de Atacama, o que ao contrário da Argentina, é uma baita burocracia (como os caras adoram um carimbo e uma assinatura).

Isto é a mesma coisa nos consulados: da Argentina tudo rápido e fácil. Do Chile, uma coisa de 50 anos atrás.

Cruzei a fronteira para o Chile com chuva fraca. E ela me perseguiu no deserto por 60 quilômetros. Desinformados os caras que dizem que aqui não chove há décadas. Balela. A temperatura era de 15 graus.

A primeira mudança que observei foram as faixas na estrada, que deixaram de ser brancas e passaram a ser amarelas.

Sobre o fato das motos perderem desempenho na altitude, sinceramente senti muito pouco, quase nada, no meu caso.

Não sei se já disse, mas esta viagem tem vários propósitos, tais como: andar de moto, viajar, conhecer lugares novos, refletir sobre a vida, mas principalmente, para fotografar.



E hoje me empolguei com as fotos. Parei muito, sai às onze da manhã de Purmamarca e deveria chegar ao máximo às seis da tarde em San Pedro. Mas fiz bobagem... Claro que agora, vendo as fotos, fico valente e, para diminuir a minha sensação de estupidez, digo que não me arrependo.

Para encurtar essa história, eu estava às 19h30 passando pelo ponto mais alto deste caminho na Cordilheira dos Andes, o que por si só já é um absurdo. Há exatos 4.834 metros de altitude e com a temperatura de 3 graus (preferi colocar as fotos abaixo para não passar por mentiroso), eis que começa a nevar. Uma neve muito fina, com sol, mas com aqueles flocos que na minha situação foram terríveis. Estava preparado para o frio, mas para o frio das quatro da tarde. Não das oito da noite.




Tremia, contraía todos os músculos, mas o que foi atroz foi o vento. Estou com dor no pescoço. O vento jogava a moto para a direita, bem como minha cabeça. Essa tortura durou uns cem quilômetros. Confesso que fiquei com medo, a cagada foi grande e não passava absolutamente ninguém na estrada (em nenhum sentido). Desde quando se cruza a fronteira, no Paso de Jama, até San Pedro (150 km depois), não tem absolutamente nada, só mesmo a beleza da natureza que é de matar.

Santas manoplas aquecidas, Batman!

Quase chegando a San Pedro, não podia perder a última foto, sempre a última. Todo o trajeto foi em pista simples e ali eu realizava o 56º retorno na pista, para voltar e clicar. E como sempre digo: você vai tombar a moto, só não sabe quando. Provavelmente quando está morrendo de frio, tenso com toda a situação, com pressa, desleixado... Fui. Uns 250 quilos da moto, mais 50 de bagagem, mais uns 15 de acessórios, um galão com 10 litros cheio... É, Renatão, meu personal trainer, acho que está dando resultado. Bom, também e o cagaço com aquela monstra caída no meio da estrada, ou melhor, no meio do tobogã (que desce em 35 km, de 4.800 metros para menos de 2.500 metros de altitude).

Agora à noite, escrevendo este post, estou no Cafe Adobe em San “Perro” de Atacama. Como tem cachorro solto na rua! E a merda de estar de moto é que eles vêm correndo para morder. Até o momento, dois já experimentaram o bico da minha bota. É duro.

Voltando ao Adobe, música gostosa, com uma fogueira enorme no centro do bar. Teto de palha, mesa e bancos de madeira e muita descontração.

Ah, quase ia me esquecendo. A “puna”, doença da altitude. Todo mundo me preparou, deu conselhos, dicas, etc. Coisas terríveis sobre a puna. Que puna que nada. A puna que o pariu!

Estou muito curioso para ler os e-mails, ver os comentários, etc. Mas o ofício de blogueiro não é fácil. Ainda mais depois dos afazeres domésticos, de lavar as roupas, reapertar coisas na moto, abastecer, calibrar pneus, consertar sempre pelo menos uma coisa que quebra no dia... Escrever e fazer uma seleção das fotos. Até apagar, já são umas duas da manhã. Ah, de tomar um Dorflex também.

RESUMO DO DIA:
01.03.2011 – Terça feira
Saída do hotel: 10h50min. – Chegada às 20.50 h.
Purmamarca (ARG) – San Pedro de Atacama (CHI)
422 km rodados - Odômetro na origem: 9.534 km
Clima: excelente, exceto na cordilheira dos Andes (com chuva).
Altitude no destino: 2.400 m.
Acontecimentos: Morri de frio, fiz bobagem, tombei a moto,...
Hotel Kimal
Domingo Atienza, 452 – San Pedro de Atacama
http://www.kimal.cl/index.htm
e-mail: reservas@kimal.cl
Teléfonos y fax: 56*-55 851030 / 851152 / 851524

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E o calango perdeu o rabo!

Dia 05 – Viagem do Atlântico ao Pacífico

1º de março de 2011

De Cafayate a Purmamarca


Como eu disse ontem, essa viagem começa realmente depois de Tucumán! A partir de Acheral, El Mollar, Tafí Del Valle, Amaicha, Quilmes, Colalao, Tolombón e Cafayate.

Bom, deixe-me dizer uma coisa sobre Cafayate: uma cidadezinha legal e simpática, mas muito simples, como a maioria delas até agora. Digo isto, pois fiquei intrigado com a leitura prévia que havia feito e fui conferir em um guia argentino onde está escrito que ”... é uma das mais belas cidades da Argentina”. Ai cacete! Menos, vai! Calma! Olha, ou esse cara não foi até lá ou estou cego e/ou não sei ler! Até tive o cuidado de filmar, caso haja controvérsias futuras.

A região, o entorno é realmente deslumbrante! Espetacular o Valle Calchaquíes. Certamente uma das mais bonitas do país (sei lá, sou como o tal do autor, não conheço o resto). Dica: teria ficado lá duas noites e um dia inteiro, para poder visitar as vinícolas.




Ainda sobre a cidade: muito gringo, mas o que chama atenção é a quantidade de jovens (argentinos e gringos). A moçada viajando de mochila – provavelmente estudantes, muitas bicicletas, gente fazendo trekking, muitas turmas de amigos, mas especialmente turmas de moças (calma Cláudia, tudo observação apenas!). A vida noturna do vilarejo deve ser nervosa, pois pela quantidade de bares e clubes, a cobra deve fumar e o couro deve comer feio! Ou como diz o meu sócio, “o pau cai a fóia!”. Deve ser o lugar certo para um bunga-bunga e para eles darem um “get crazy” daqueles, aliás... darem várias outras coisas.

Nada a ver com o assunto, mas comecei a rir lembrando o Og, que sempre falou: “- Ei tendéu, carro de puta é corcel, muié que num dá, num vai pró céu !!!”. Eu sei, expressão tosca, grosseira e muito araçatubense.

Bom, vamos voltar para o asfalto. Eu aqui sozinho, nessa abstinência toda falando nestes assuntos... a patroa já já vem me buscar! Sim, o trecho entre Cafayate e Talapampa na RN68. É... é sensacional.

Seguindo para Salta, é bem bacana a Quebrada de Cafayate (ou Quebrada de Las Conchas) e suas impressionantes dunas, gargantas de pedra e formações rochosas. Garganta Del Diablo é um canyon profundo e estreito (putz, olha aí de novo... profundo e estreito). Outras formações rochosas levam nomes curiosos, como El Sapo, El Fraile, El Obelisco (tô fora), Los Castillos e Los Médanos.









Paredões vermelhos, ferrugem e marrons. O rio Conchas atravessa o vale. E dá-lhe pilotagem! Só curva o tempo todo, pedras nas curvas, riachos passando sobre a estrada, areia e terra em vários trechos.

Não deixe de parar no Parador Posta de Las Cabras (ruta 68 no quilometro 88). Restaurante gostoso, arrumado, limpo. Acho que o único, para falar a verdade. Comi uma provoleta de queijo de cabra deliciosa. Óbvio, tudo lá é de cabra!

Depois a vegetação muda radicalmente, exceto os rios de lama! De La Viña até Salta as montanhas voltam a ser verdes e densas, mas a estrada já não tem tanta graça.

Curioso o sistema de valetas (zona de badenes). Na verdade, não há bueiro sob a estrada. Como desce muita água das montanhas, a água passa por cima da estrada. Isso acontece o tempo todo, é um riacho atrás do outro cortando a estrada.

Que bicho eu matei hoje? Um calango “bitelo” de uns 70 centímetros. Nem sei se ele morreu, pois quando vi o tamanho daquele bicho pré-histórico, pensei: Tô fod..., vou cair! O calangão véio “fez que ia, mas não foi e acabou fondo... fondido”. Mas que ele ficou sem rabo, ficou!

Às duas horas da tarde, parei para abastecer em Salta. Na loja do posto estava passando aquelas entrevistas educativas da TV argentina. O tema era “La escandalosa separación de Salazar y Rebrado”. Salazar cansou de ser segunda! Repito, duas e meia da tarde. Devia ter no programa umas sete pessoas discutindo isso exaustivamente. Quem assiste isso tem problema, não? Ficar conversando sobre a vaca da Salazar...

Meu amigo argentino e engraçadinho, Hernan Edmundo, propôs uma lista para minha bagagem, a saber:

1) Secador de cabelos 12 volts
2) Secador Spray para as unhas
3) Borracheiro Inflável (para trocar o pneu e fazer companhia durante a noites frias)
4) Xampu a base de caviar
5) Cueca italiana sem costura
6) Regatinha baby look
7) Boné vermelho - SURRADO
8) Foto da Dilma
9) Adoçante para a caipirinha
10) Relógio Michael Kors DOURADO

Hernanzito, agradeço a atenção e o cuidado, mas é tudo mais simples e tranqüilo do que isto.
Chego à noite, lavo a camiseta dry-fit, a meia e a cueca. Tiro o barro da jaqueta, da calça e da bota e já fico pronto para o dia seguinte!

Agora, como tenho certeza que você vai perguntar sobre a almofadinha pneumática... aí vai a resposta: está batendo um bolão, ou melhor, não está deixando bater bola alguma! Muito boa, o que dispensa o item 11º da lista que seria o hipoglós.

Registrando, fora o citado Hernan acima, todos os argentinos aqui são super legais !

Entre Salta e Jujuy, há dois caminhos: um pela autoestrada passando por G.Guemes e outro pela La Cornisa, rota 68 (Vaqueros, La Caldera e El Carmen). É de tirar o fôlego. São 45 quilômetros de serra com uma pista só, dividida em dois. Curioso e perigoso: só tem pedra (pedriscos) nas curvas e lá só tem curva.

Cheguei a Purmamarca às oito da noite, mas tive que andar mais 30 quilômetros até Tilcara para abastecer. Em Purmamarca não tem posto e queria sair direto no dia seguinte. Já estava com frio, pois a temperatura era de 18 graus.

Oba, amanhã a travessia. Paso de Jama. Boa noite a todos!

Mas antes, quero fazer uma homenagem à VIDA VIVIDA! E para isto, uso a foto abaixo:

A partir de agora o assunto é para motociclistas. Detalhes e frescuras para quem viaja de moto!

• Qualquer “operação” na moto tem que ser definitiva. Não tem essa de encaixar só um pouquinho aqui ou ali e sair andando. Hoje perdi minha filmadora. Com preguiça de abrir a mala de tanque e fechar com o zíper, eu encaixei num bolso lateral e... já era. Tudo que não está bem encaixado, fechado, preso, de forma definitiva, dá problema.

• Eu tinha um manômetro digital da BMW (tyre pressure gauge). Tinha, pois joguei aquela merda fora porque já havia me deixado na mão outras vezes. E de precaução tinha trazido um mecânico, muito melhor e que funciona (Accu-gauge).

• O Spot Satellite GPS Messenger funciona muito bem, e está dando muita tranquilidade para minha família! Tanto na função siga-me, quanto na função OK. Beleza!

• Nextel aqui não serve para nada. Celular da Vivo funciona perfeito em todos os lugares.

• A filmadora digital Hero é um brinquedo sensacional para viagens de moto. Tenho várias posições para fazer filmes: instalação em cima do capacete, sobre o top-case virada para trás, no protetor de motor, na barra do guidão. Show!

• Troquei a pedaleira da minha GS por uma de cravo da Adventure e achei que tivesse me arrependido, pois na cidade com sapato de couro acaba escorregando muito mais e sem a borracha, eu sinto muito mais a vibração nos pés, bem como a quentura do alumínio que esquenta a bota. Mas nesta viagem, estou andando bastante em pé e tem feito toda diferença do mundo!

• A almofada pneumática AirHawk é ótima. No começo não tinha acostumado, mas agora peguei o jeito: ela precisa estar bem vazia (muito cheia, primeiro fica difícil alcançar o chão, segundo, o piloto fica dançando no banco).

• Protetor auricular: não me adapto bem com aquilo na orelha. Acho que o capacete faz pressão sobre a espuma e no final do dia minha orelha está doendo.

• Hoje eu apertei um pouco a mola (controle “pre-load”) e parece que acertei na regulagem. A moto ficou mais balanceada nas curvas.

• Até agora, a maioria absoluta dos postos de combustível que passei, não aceitam cartão de crédito ou débito. Solamente em efectivo!


RESUMO DO DIA:
Terça-feira, 01 de março de 2011
Saída do hotel: 10h30. – Chegada às 20h00
Cafayate (ARG) – Purmamarca (ARG)
456 km rodados - Odômetro no destino: 9.112 km
Clima: excelente, sem chuva o dia todo.
Altitude no destino: 2.365 m.
Acontecimentos: Calango, La Cornisa.
Hotel: Manancial Del Silencio – www.hotelmanantial.com.arreservas@hotelmanantial.com.br,
Ruta Nacional 52 km 3,5 Purmamarca, Jujuy, Argentina CP 4618– Tel.: 54 -388- 4908080 4908081

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Vaca com cara de cavalo e briga de cachorros

Dia 04 – Viagem do Atlântico ao Pacífico

28 de fevereiro de 2011

De Tucumana Cafayate

Agora sim, a viagem começou! Hoje foi o bicho! Pena que não consegui mandar os vídeos. Estão demais.

Hoje foi terra,atravesseirios, subi montanhas, quase cai algumas vezes, corri de moto no pasto atrás de cavalos, óleo na pista, lhamas, frio, vinhos, rampas, barro... Uau! Que dia para ser lembrado!

Se você quiser saber onde estou, acompanhe minha localização em http://share.findmespot.com/

Dia realmente inquietante. Que estranho! Hoje garanto que vi uma vaca com a maior cara de cavalo.

Daí vi que tinha cifre, então pensei que era vaca mesmo!

Ainda sobre os animais,me esqueci de contar, mas ontem, vi uma briga memorável de cachorros, na estrada.

Parei na pista só paraassistir. Parecia briga do Adriano Silva e do Gracie.

Uns cinco dogs, todos contra todos. Nervoso! Lutadores de jiu-jitsu pagariam ingresso para ver aquilo.

Juro, última reflexão animalesca. Com o que se parece alhama?- Cara de carneiro com corpo de cachorro gigante? O curioso é que ela tem o dorso reto.

O arreio poderia ser uma prancha!E olha que eu nem cheguei àCordilheira para sofrer com a “puna”, nem tomei chá de coca (ainda). Em tese, estou totalmente sóbrio.

De qualquer forma, paguei o mico de tirar foto com a tal da lhama.

O negócio começou a ficar bonito ao sair de Tucumán.

Floresta cheia de curvas, densa, cheiro de mato, muita água, muita pedra caída das montanhas.

Só para registrar, neste começo da serra, já baixou de 30 pra 19 graus. Assim, de repente.

O trajeto que fiz hoje dispensaria comentários se conseguisse enviar os vídeos. Diria que já valeu a viagem só pelo dia de hoje.

Em Tafí Del Valle novamente fui atração turística da cidade. Foto com os locais, pedidos de abraços, etc.

Recomendo para qualquer um que esteja carente (coisa que felizmente não é o meu caso), pegar uma moto e fazer uma viagem destas. Você se acha o tal, tamanha a admiração do povo.

Na subida de Tafí para Amaicha Del Valle, o pico é mais de 3.000 metros e a temperatura caiu para 12 graus. Quase congelei!

Passei pelas ruínas de Quilmes. Não sei não, hein! Umas pedrinhas simplesinhas em cima da outras...Xiiii, acho que é meio enganação daqueles guias que te levam 10 pesos.

Não falei sobre loscardones, cactos gigantes com mais de 6 metros de altura.

Os quilômetros que antecedem Cafayate(pronuncia-se Cafajate)são um luxo só. Vinhedos, vinícolas, hotéis.












O hotel que estou é simplesmente maravilhoso. Chama-se Patios de Cafayate.

Após uma piscina com Quilmes, banho, descanso e jantar aqui mesmo: Queso de cabra com Berenjenas y Risotto de Hongos Y Calabaza.

Para terminar um Budin de uvas alMalbec. Um luxo poder tomar um vinho produzido aqui, aliás, ali... vendo as videiras, e ao lado, o Don David Cabernet Sauvignon 2008 da Bodega El Esteco. Amanhã vou tomar café da manhã e visitar a vinícola.

Interessante como após três dias, as coisas ficam mais fáceis em relação à bagagem. Já sei exatamente o que tirar ou não da moto e, chegando ao quarto, o que tirar da mala.

Mas tenho seguido uma rotina, além de abastecer todo dia, antes de chegar ao hotel (para ficar pronto para a manhã seguinte):

- Limpar a viseira;
- Recarregar a bateria do capacete, da filmadora, da câmera, do celular, do Nextel, donetbook, e... chega;
- Descarregar as fotos da filmadora e da câmera.
- Lavar a camiseta dry-fit, a cueca e a meia. Só.
- Se alguma coisa ficou úmida do dia anterior, colocar para secar.
- Limpar um pouco, só um pouco, a calça e a jaqueta.
- Separar dinheiro para o dia seguinte.
- Checar o roteiro do dia seguinte.
- Checar a pressão dos pneus e verificar algum reaperto de parafuso.
- Escrever para o blog. Checar as mensagens.

É! Vida de viajante. Delícia, não?

RESUMO DO DIA:

Saída do hotel:11:00 hs. – Chegada: 18:30hs.
San Miguel de Tucuman (ARG) – Cafayate (ARG)
Clima:excelente, com máxima de 25 graus, sem chuva o dia todo.
Acontecimentos:riachos, terra, ripio (stradas de cascalhos), curvas e emoção.
Hotel: Patios de Cafayate Hotel &Spa – www.patiosdecafayate.com – reservas@patiosdecafayate.com – RN 40 y RN 68, Cafayate, 4427 – Salta, Argentina – Tel.: 54-3868.422.229

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E a gasolina acabou...

Dia 03 – Viagem do Atlântico ao Pacífico

27 de fevereiro de 2011

De Corrientes para San Miguel de Tucumán.

Depois de dormir bastante naquele hotel delicioso em Corrientes, vou dizer novamente para não esquecer – La Alondra – iniciei a jornada mais tarde, saindo às 11 da manhã, após um café da manhã não menos inesquecível, afinal domingo é domingo. Sobre a noite: escolado pelas maratonas, após tomar Vecastem não tive mais câimbras. Os primeiros dois dias acordei quase gritando!

Esta foi a última perna chata da viagem (na ida), que eu chamo de deslocamento. Legal por estar andando de moto, mas nada demais para ver ou experimentar.

Logo no início do Chaco argentino, e conforme o planejado, coloquei a pescoceira por causa dos insetos. Batata! Tanto minha viseira quanto a jaqueta ficaram manchadas de bichos. Afinal, estava no caminho para El Pampa de infiernos, literalmente.

Uma observação sobre os costumes desta região. Primeiro: capacete é frescura por aqui, ninguém usa. Sei lá, talvez a cabeça seja diferente da nossa, não machuca ou não pesa, não sei ao certo. Outra curiosidade são os sinais: os carros quando cruzam e dão luz alta, na verdade só estão cumprimentando. Não é aviso de guarda, nem radar, até por que não existe isto por aqui, nem para te falar que a luz está acesa, o que aliás é obrigatório. Sinal para a esquerda é para ultrapassar, oposto do Brasil. Sobre velocidade: esqueça, enfie a bota e enrole o cabo.

E haja mobilete ou coisa que o valha. Motinhos com motor de geladeira, com três ou quatro pessoas em cima.

Sobre a lenda do gauchito não vou me estender, pois é bem manjada. Mas a cada dez quilômetros tem uma homenagem ao gauchito Antonio Gil: (http://www.gauchitoantoniogil.com.ar/historia.htm)












A estrada das borboletas...

Entre Presidência Roque Saenz Pena e Quimili é uma coisa linda. Andei uns 50 quilômetros com borboletas amarelas por todos os lados. Parecia coisa de filme.

Neste domingo, duas horas da tarde, não se via um ser humano sequer. Parecia que havia caído uma bomba atômica no lugar... Dez, vinte, sessenta quilômetros sem ver ninguém.

Nesta mesma estrada das borboletas, entrei no trecho dos passarinhos. A sensação é estar num jogo de fliperama (lembra aquele de atravessar a rua?), com milhares de passarinhos no acostamento (que não existe e é somente grama). Quando passava todos voavam ao mesmo tempo... dezenas, centenas de passarinhos. Tive a certeza de que atropelaria alguns, só não sabia quando e ficava torcendo para não bater direto na viseira ou na cabeça, e também para não ser muito grande...

Esses passarinhos estão em um trecho de mais de 150 km! O inevitável aconteceu: foram dois (o primeiro sobrou algumas penas; o segundo não tenho coragem de mostrar a foto... a imagem ficou muito horrível).

Em Quimili, desci da moto. Estava desanimado, com sede, cansado. Não tem nada aqui! Incrível... Parece que esta estrada não vai a lugar algum. E eu cozinhando dentro da jaqueta e da calça de cordura.

Ainda bem que meu amigo Virrrrso (isso mesmo, com 4 “r”s) me liga e passa mensagens todos os dias, querendo saber o que se passa. Gostoso saber que tem torcida do outro lado!

E acabou a gasolina. Pó pó póóóó ...

Trecho muito grande sem posto e após ter percorrido 255 km em uma estrada totalmente deserta, chutei demais, média de 150 a 160 por hora e a bruta acabou me deixando na mão, se vingando pelo esforço e cravando o consumo de 12,75 km por litro. Nada como ter o galãozinho de nafta reserva, como falei no post de ontem. Exagerei, mas hoje deu resultado. Acho que faltavam somente uns 10 km para chegar a Suncho Corral.

A partir de Suncho Corral a estrada é estranha: uma única pista no centro e as laterais de terra. Um poeirão só. Aliás, hoje foi o primeiro dia sem chuva, mas que pó!

Atenção: muitos lugares não aceitam cartão de crédito e outros somente débito. Tem que ter dinheiro trocado. Pesos e fim de papo, esqueçam reais ou dólares.

Quando fui chegando a Tucuman, observei algumas montanhas, coisa que até então não tinha visto. E já dava para ver que a coisa ia ficar mais bonita.

Cheguei e fiquei em um hotel em frente a uma grande praça. Estava tendo um ensaio de alguma dança, com aquelas músicas tcha tcha tcha do cacete. Muito chato, mas bonito ver tanta gente e tanta criança, às oito da noite, reunidas em um domingão (onde no Brasil estariam a esta hora assistindo ao “Fantástico”).

Aliás, o argentino é da night mesmo... Às dez e meia fui para o centro jantar, achando que não teria mais nada aberto. Nunca vi tanta gente. Tudo lotado. A cidade inteira na rua. E amanhã será segunda brava. Lembrei-me que agendei uma revisão da moto em Yerba Buena para o dia 08 de março e o cara me explicou que tinha que ser entre 9 da manhã e meio dia, ou depois, entre cinco e 9 da noite. No intervalo é a siesta... Beleza, hein!?

Terminei a parte mais chata de deslocamento. Agora, de verdade, começa a viagem...

Fiz uns filmes bem legais. Não queria deixá-los só com textos e fotos. Mas infelizmente já vi que a qualidade das conexões de internet nos hotéis não permitirá publicá-los.
Hoje, por exemplo, não pude postar este texto por falta de sinal.

RESUMO DESTE DIA:

• 27.02.2011 – Domingo
• Corrientes (ARG) – San Miguel de Tucuman (ARG)
• 782 km rodados - Odometro: 7.621 km
• Saída às 11h10min hs – Chegada às 20 horas.
• Clima: quente, com máxima de 33 graus, sem chuva o dia todo.
• Altitude no destino: 437 metros
• Acontecimentos: Acabou gasolina, dois passarinhos faleceram, poeira demais.
• Hotel: Aire Urbano Boutique Hotel – www.aireurbano.com - info@aireurbano.com
Ayacucho 681 – San Miguel de Tucuman, Tucumãn – CP 4000 – Tel.: 0381-424.2397
Preço: 367 pesos.

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Dia 02 – Viagem do Atlântico ao Pacífico

26 de fevereiro de 2011


O português e a Internet


Na pré-história diziam que a internet afastaria as pessoas, todos ficariam mais isolados, virtuais e distantes. Aqui estou, tentando abrir as cento e oitenta mensagens que recebi hoje!
Tudo sobre a viagem. Pessoas queridas, pessoas que jamais conheci. Amigos afastados, amigos próximos, novos amigos. Oportunidade até para se reconciliar com alguns inimigos que aproveitaram a oportunidade e fizeram contato. Mas na verdade é oportunidade para mim, que jamais quis e jamais cultivei um inimigo (mentira, um ou dois eu cultivo com prazer).

Mas o português. Por que falamos português?

Que saco! Do alto da minha ignorância, não falo espanhol. Quebro bem o galho em inglês. E confesso que não gosto da fonética da língua de los hermanos. Mas seria tão mais fácil para todos nós se falássemos espanhol! Nós e uns africanos somente na língua dos lusíadas (ah claro, e uns perdidos lá na Ásia).

Nada contra os fundadores do mundo na Mamma África, acho a língua rica e fluente, mas quando você está em uma situação boba, como passar a fronteira e ter que trocar doze palavras em espanhol, não entender é chato, né? Seria muito mais fácil se no Brasil fosse o espanhol como em toda a América Latina, Espanha e, claro, como em metade dos EUA, cuja moeda já é o peso americano!!! Ora pois, contentemo-nos com a realidade.

Mudando de assunto
Você já esteve em uma situação onde o lugar não combina com a realidade da cidade? Pois é, eu estou num destes momentos, ou lugares, ou alucinações.

Corrientes é uma cidade no norte da Argentina, onde a possibilidade de sofisticação é zero. Não vou jurar, pois detesto religião, mas estou em um hotel onde poderia me sentir em qualquer cidade bacana do mundo (ainda não o conheço por inteiro, mas já estive em 36 aldeias... ou 36 países).

Essa localidade é uma cidade como Itapetininga ou Araçatuba. Desculpe-me por citar os exemplos, mas no La Londra - Casa de Huespedes você se surpreende e acha que tem alguma coisa errada, que erraram o local da construção.

Alguns agradecimentos
Zapeando mais uma vez. Impossível nestes momentos não lembrar das pessoas que me ajudaram a chegar aqui nesta viagem (vai, sem drama... até parece que é algo muito fantástico. Qualquer um de carro, pelo menos, pode fazer). Fazendo um H com a maior cara de pau do mundo, em primeiro lugar quem mais me ajudou foi minha mulher! Claro, ela me deixou vir!!! Ah, que mulher a minha. Amélia? – Nada, ela é pragmática apesar de odiar quem queimou os sutiãs. Mas como qualquer outra de sua espécie, impõe as suas condições e, em alguns aspectos, haja negociação! (um beijo querida!).

Está tudo correndo tudo tão bem com a viagem e talvez não seja hora ainda de agradecer aos que me ajudaram. Mas me lembrei de todos. Um domingo à tarde fui à casa do Michelito abrir todas as malas de viagem de moto dele. Ver detalhes. O Décio Kerr Oliveira me orientando como um tutor nos e-mails.

O Ricardo Generali que me atendeu por duas longas horas (Dinners, isto não tem preço), ... hã ... o Celso, conterrâneo que conheci na General Osório, no centro, e depois trocamos dezenas de mensagens, e tantos outros, anônimos ou não, que me ajudaram. Claro: o Glauco da Caltabiano, o Policarpo Jr, o Guilherme Lunardelli da BMW Caltabiano, o Eduardo do Rotaway, o Sérgio Aronis do Clube Dentalis, estes últimos compartilhando os textos e imagens em seus canais de divulgação.

Nossa, sobrou tanto assunto de hoje. Aliás, sobrou tudo. Vou poupá-los.
Good night my friends and thanks for supporting me!


Notícias do 2º dia de viagem

Como uma fronteira entre países pode definir tanto a fisionomia de um povo?! Incrível, uns poucos metros e logo ali, do outro lado, o planeta muda radicalmente: as feições, a língua, a altura, a cor. Louco, pois países são convenções. Os seres humanos já estavam aí antes dos padres e jesuítas quererem conquistar o mundo, como de fato o fizeram e estabelecerem linhas dividindo uns e outros.

Cara que viaja de moto sozinho viaja, né?!
Então vamos voltar para o asfalto...

Primeira picada de abelha na jugular. Com jaqueta fechada, como eu recomendo no meu blog. A desgraçada entrou no meio centímetro que sobrou e créu. E doeu bastante por uns 100 quilômetros.
Sobre fronteiras: do Brasil para a Argentina foram dois minutos. “Tum” no passaporte! Carimbo para a coleção, senta a bota e enrola o cabo!

Após passar a fronteira, um comando me pediu todos os documentos (100% dos documentos citados nos blogs de viagem de moto). Mas só isso, nada mais. Claro, coloca o carimbo do cartório brasileiro no sol para ver se foi adulterado. Aquelas coisas de gente ignorante e burocrática de países como o nosso que amam um carimbo com assinatura em cima. Se tiver selo holográfico, então... nossa, show, aí sim !
Em todos os outros sete comandos que passei não me pararam mais.

O primeiro trecho dentro da Argentina tem terra roxa, poeirão incrível que tinge a sua roupa, e a sua moto. Nos primeiros quilômetros, uma homenagem do meu sindicato: Monumento al Motoviajero!

Esta região do norte da Argentina é de floresta para reflorestamento, com muitas madeireiras e caminhões. Estradas boas e as “tercera trocha” ajudam bastante. Tem terceira faixa em toda a estrada, que por sinal está sendo reformada de cabo a rabo.

Hoje o clima estava agradável, 29 graus... e felizmente viajei somente umas 2 horas embaixo de chuva, bem melhor que ontem.

No primeiro posto YPF que passei estava faltando nafta. Como sou exagerado, coloquei logo 6 litros no galão o que me garante at least, 90 km. A gasolina é verde!!! Coloquei a V=Power Shell Super 4. Precio por litro: 4.5 pesos.

Depois consegui outro posto e finalmente encontrei a Fangio! Agora virou Premium e custa 4.96 pesos. A motinho bebeu a famosa fangio argentina e daí a bicha virou um capeta, parecia que estava com o demo no corpo, o cramulhão... ou melhor, um canhão!

Andar de moto é perigoso e eu nunca neguei. Pena do cara que se foi hoje à tarde. Aquela história: passarinho que come pedra, sabe o “c...” que tem.

Mas é sempre muito triste ver um semelhante ir para o saco. Shit happens e hoje foi a hora dele. Provavelmente um cara local, pelo estilo da moto e pela presença na estrada.

Parei em San Juan nas ruínas da “Missão Jesuítica”, apesar do bode que tenho com religião (como já deu para você perceber). Como todo lugar turístico ou de procissão, um bando de gente miserável querendo te vender qualquer coisa. Queria visitar essas ruínas, mas era dar muito mole “pró” gato... esse é o problema de viajar sozinho e não poder deixar a moto carregada em alguns lugares.

Então, lá fui eu almoçar num restaurante onde a especialidade é pacu grelhado. Esse pacu depois deu trabalho viu!
Tinha mesmo é que ter comido neste outro restaurante aqui, “pollo com mandioca”.

Em Posadas, descobri que o prefeito tem tesão em semáforos e mandou instalar 876 deles em algumas quadras. E a tara é tanta, que ele programou 8 minutos e quarenta segundos o tempo de cada um para abrir o sinal verde. Acho que assim ele fica olhando para os novos equipamentos com led e se deliciando.

Depois de morrer de raiva com os brinquedos do prefeito, foi a desforra. Trecho de uns 200 quilômetros excelentes, livre, descampado e sem sinais. Velocidade média aumentou bem, mas o vento é atroz, especialmente após as 15 horas. Abaixava o cotovelo e o ombro para o lado esquerdo o tempo todo, jogando a moto no sentido contrário ao vento. A hora que cruzava com um caminhão, segurava a moto senão ia para o chão e também segurava a cabeça, pois parecia que ia arrancar com pescoço e tudo.

Moto não paga pedágio nesta região, em compensação os caras fizeram um corredorzinho lateral, que para passar com as malas, tem que ser piloto de circo!

Com a terra roxa, também cheguei roxo. Antes de encerrar o segundo dia, levei a bruta para tomar banho, pois ela estava nojenta !
Aliás, todo mundo fala que moto tem que ter nome. Claro, no feminino (até pelo carinho que temos por elas, as motos). Que nome daria a minha que ainda não foi batizada? Alguma sugestão?

Desculpem-me, hoje o post virou um livro. Amanhã tento ser mais conciso.

Boa noite a todos!
Fábio Colaferro

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Dia 01

Delícia de dia, o primeiro dos quinze dias que deve durar minha primeira viagem solo pela América do Sul, via deserto do Atacama, no Chile.

A parte da manhã foi como um passeio na Disneylândia (aquela da Califórnia, não a de Orlando que é muito agitada). Sol, temperatura amena, estradas sem movimento, o asfalto parecendo um tapete, motoristas respeitosos... Quase sem graça, pois foi muito mais do mesmo. Gostamos é de curvas, não de retas... nem de parque de diversões. Mas, em tese, era o dia para a viagem perfeita. Viagem de livro.

Bom, à tarde, folks, o bicho pegou. Após o almoço, três horas rodando com chuva intensa e tensa, coisa de gente grande. Depois parou. Mas faltando 70 quilômetros para chegar em Foz, meu destino do dia, escureceu. E junto com a noite, não veio a chuva, mas a tempestade, com direito a festival de raios e trovões. Aquele momento que não dava para parar, nem para seguir e eu me perguntava: “e agora?”.
Bom, quis vir à festa, então bata palma e coma bolo, por mais que seja daqueles brancos, com glacê, doce de doer... Pois é, encaixei atrás de um Gol que mandava bem na chuva e cheguei.

De verdade, a tarde foi punk. O vento lateral não perdoava, a viseira embaçava, e a água sempre implacável, entrando por onde a sua imaginação alcançar.


Bom, deixemos as trevas para lá. Faz parte da viagem. Assim como não é sempre só céu de brigadeiro, nem mar lisinho, o asfalto também tem seus destemperos.

O legal do dia foi a constatação de quando você é motociclista e está (assim como eu) sozinho, as pessoas se aproximam muito mais. Acho que um grupo de motoqueiros espanta, mas um doido solitário atrai. Incrível, a cada lugar que parava, juntava gente para conversar, perguntar, ver “La Macchina”. E realizei como todo mundo tem histórias para contar. Será a vida realmente feita de histórias? Talvez sim, pois independentemente de condição social ou econômica, é o que sobra democraticamente para todos. Histórias.

Um motorista de ônibus contou-me que em 1961 foi para Antofagasta, no Chile, em uma convenção da Scania. Falou sobre todos os lugares onde passarei, os cuidados, dicas, etc. Claro que pouco devo aproveitar, pois tudo isto foi há mais de 40 anos. Ele contava tudo como se fosse hoje. Nostálgico, mas feliz por reviver aquele que provavelmente tenha sido um dos momentos em que ele se sentiu bem importante.

Um grupo de excursão ao sair do ônibus veio em minha direção. Mil perguntas, mil indagações e a pergunta obrigatória do porque eu estaria fazendo esta viagem. Como todos que já viram o blog sabem, por nada. Eudaimonia! Sem pretensão, sem obrigação. Pelo momento vivido, que no meu caso, é especialmente vivido quando estou em cima de uma moto. Quase filosófico.
Ah, o blog. Nesta altura deve ter mais alguém que entrou. Até ontem, tinha eu, o cara que fez o blog, minha mãe, minha mulher (pedi este favor para ela), a Mel e a Lua, talvez o motoboy da empresa e só. Já me sinto honrado o suficiente com todos eles.

Outra coisa legal do dia, é que quando saio da Suécia onde moro (ops, São Paulo), tenho a impressão que me reconecto com o meu país, que certamente não é aquele entre as marginais Tietê e Pinheiros onde vivo. Aquele pedaço é uma ilha, uma boa ilha que eu amo e acho que não troco por nada (na verdade, trocaria por Milão, Firenze, Barcelona ou Praga). Mas o Brasilzão é diferente. É o Brasilzão! E olha que eu sou caipira do interior, imagina os paulistanos da gema o que sentem ao adentrar no Brasilzão...

Neste momento, escrevo somente para mim. Nos dias atuais, ninguém, absolutamente ninguém chegará até este ponto do texto. É muito longo, nada prático e nada imediatista. Desculpem-me o egoísmo, mas eudaimonia de novo. Feliz estou. Beijos a todos, seu Tatão.

Em tempo: como é bonita a região de Campo Mourão. Campos largos, sem árvores é verdade, agricultura mecanizada, plantações até a margem da estrada como na Europa, mas com nuvens negras e sol do outro lado, o dourado salta e a imagem brilha.

Espaço para os motociclistas
Km rodado: 1.056
Horas de viagem: 13:25 hs
Horas pilotando: 10:37 hs
Parado: 2:47 hs
Altitude em Foz: 265 metros (Em Sampa é 745 metros de altitude)
Média de velocidade no dia: 100 km por hora
Percurso: Ourinhos, ...
Acessórios indispensáveis: descanso de acelerador, cabo de aço para amarrar a jaqueta à moto, o mesmo para capacete (nas paradas).
 
 
 
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Comentários (32)

15/3/2011 23:50:51
RENATO MECCA MONTE CRISTO MC SP/SP
Caro Fábio, sua viagem não foi só maravilhosa sob o ponto de vista de fazê-la de modo solo, ou por ter trilhado por rotas difíceis e por paisagens inesquecíveis, ou pelas experiências de "chão" em situações arriscadas, mas, também, pela sua qualidade de escritor aventureiro, com habilidade detalhista ímpar, humor sutil e constante. Mesmo para aqueles que já trilharam os mesmos caminhos, suas descrições os levam de volta como se da viagem participassem. Meus cumprimentos a vc, à sua família, que deve estar orgulhosa, aos seus amigos que o ajudaram antes e durante a viagem, em particular ao Ricardo Atacama, que conhecemos e admiramos. Que sua vida seja repleta de novas aventuras positivas e muita alegria.
 
14/3/2011 06:54:40
CESAR ALVES
Porque parou?????
parou porque ?????
 
12/3/2011 11:31:45
JOSÉ PAULO GOMES DE FREITAS
Li com atenção o relato da viagem. A forma como foi escrito não só prende a atenção, mas nos faz sentir seu parceiro. Parabéns. Seria importante escrever um pequeno livro, didático, com fotos e relatos mais específicos ainda, permitindo que outro motociclista possa aproveitar como roteiro. Um grande abraço. Estou contigo. Quem sabe também não vou aventurar algum dia.
 
11/3/2011 22:45:06
CESAR ALVES
Caro Fábio,
Estou na contagem regressiva para minha partida destino Atacama ( 3 x ), mas, como você está vendo o Atacama merece. Pensei até em relatar a viagem ,só que , depois de ler a sua, já estou disistindo, você é escritor nato, parabéns pelos relatos .
Sairei de SP dia 27/3 , espero que as chuvas e as temperaturas se acalmem pois minha intenção é subir pelo Sico e descer pelo San Francisco, vou acompanhado de minha co-piloto e em 2010 na Ruta 40 de Calafate a Punta Arenas experimentei o rípio com chuva, não gostei nadica.
Gostaria muito de acampar perto da Laguna Miscanti, imagino que deve ser um frio do kct e me preocupo com minha mulher, voce viu algum lugar aonde poderia acampar com mais segurança?
Aproveite cada minuto porque, quando chegar, já vai querer voltar.
abs
Cesar
 
11/3/2011 20:10:28
LUIS GUISSO
"Nós não precisamos saber pra onde vamos, nós só precisamos ir" Humberto Gessinger ; )
 
11/3/2011 20:08:54
GERALDO BERGAMO FILHO GEBÊ
Olá Fabio, acabo de entrar no blog e o lí inteirinho , sem parar, é apaixonante acompanhar seus relatos com um desenvolvimento muito prazeiroso de se ler, muito humor e concentração em passar aos leitores as "dicas"sobre variadas situações o que nos remete a absorver atentamente suas colocações. Mais prazeiroso ainda é à medida que lemos vamos reavivando a memória de ter passado em quase todos os lugares mencionados e sentir que estamos viajando de novo. Muito tranquila a sua viagem e vê-se que está bastante preparado para realizá-la. Que bons ventos e não os razantes o tragam em segurança para casa. Grande abraço e continue blogando entusiasticamente....Gebê - São Paulo
 
11/3/2011 19:48:14
RAMONPOA
parabéns pelo excelente relato.
histórias bem contadas que nem essa incentivos outros viajantes a fazerem o mesmo, e está aí o principal motivo de contá-las.

abraços
 
11/3/2011 18:22:38
FALCÃO NEGRO
VALEU IRMÃO ISSO É MOTO-TURISMO
 
11/3/2011 18:00:56
DÉCIO KERR OLIVEIRA
Há exatos 10 anos, poucos dias a mais ou a menos, porque tambem foi na semana do carnaval, quando eu atolei no Paso de Jama tambem pensei em ligar pra mamãe pelo meu Qualcomm da Globalstar mas desisti na hora. No que isto iria ajudar. Mas como voce sempre fala, vale a pena mesmo
 
11/3/2011 16:25:32
AIRTONBIANCO
LEGAL D+ CARA , O ANO PASSADO PASSEI TAMBEN PÔR ALGUNS DESTES PICOS FOMOS A ATACAMA !!CADEIRADA HOTEL !!!CARO; E 09/03 ACABAI DE VOLTAR DA ACONCAGUA, RODAMOS 9000, INCLUSO CHILE SHOW OSPALATA HANTAKARI VINA DEL MAR E OUTROS REPETIDOS, D+ SÓ NÃO TEVE JUMENTOS Q DÒ.... REPARE EM NOSSOS ADESIVOS DINOSSAUROS,, VALEU BOA SRTE,,,,,,BIANCO.
 
11/3/2011 16:21:54
ANTONIO KERCHINER
tu é loco, cara....
putz, que inveja da tua coragem!!!!

Antonio Kerchiner
 
11/3/2011 16:19:24
MARK VELANNI
excellent! It reports in English or Spanish?
Ill go through these roads.
Pacific to the Atlantic.
Very good.
greetings
Mark Velanni
California - USA
 
11/3/2011 16:01:12
CMELLO BRASÍLIA DF
Isso não é um blog ..............é uma "enciclopédia".
Parabéns ao Fábio Colaferro pelos excelentes relatos e fotos.
CMello
Brasília-DF
 
11/3/2011 15:01:48
JOÃO H STAHLKE
PARABENS COLEGA ,MUITO BOM SEUS RELATOS,,,CHEGUEI RECENTEMENTE DE VIAGEM COM MINHA ESPOSA ,FIZ A RUTA 40 E CARRETERA AUSTRAL ,,,SÃO INPAGÁVEIS ESTAS VIAGENS,,,MEUS PARABENS
 
10/3/2011 22:34:34
EDSON LUIZ SIONEK
Caro Fábio, estive em San Pedro Atacama em novembro/2010, viajei de DL 1000 Vstrom e agora estou aqui acompanhando sua viagem. O local é uma loucura, você viaja literalmente e a cada segundo aparece perguntas e respostas em nossa mente, fantástico. Se o amigo puder retorne até a ruta 5 e desça ao sul a Vina del Mar, Valparaiso, Santiago, Mendoza, Cordoba (MinaClavero, Alta Gracia, Carlos Paz) é show. Boa viagem e aproveite bem as batidas de vento, rs. Edson Sionek/Curitiba
 
10/3/2011 02:07:50
GERALDO GERK
Caro Fábio muito legal esta viagem.
Já ri muito por aqui.
Estas dicas são de grande valia.
Uma ótima viagem e sucesso amigo.
Abs,
Gege
Sorocaba
 
5/3/2011 10:57:57
SERGINHO SILVA RIO DO SUL, SC

Tá enganado Fabio. Lemos cada tirada boa do seu apurado senso de humor. Já estive em Posadas e a dos semáforos foi a melhor !!
Boa viagem véio !!
Ahhh, o cassino da pequena Eldorado é muito bom. Pena que não servem pacu...kkkkkkk

Abração !

 
4/3/2011 12:32:29
FABIO DE ABREU FERRO
Seu nome já diz tudo, parabéns pela viajem.
 
28/2/2011 20:53:21
OSMAR
Ser motociclista não é opção de transporte e sim prazer em conduzir essa fantástica invensão humana. Você está aproveitando cada momento que ela te oferece. Boa viagem e aproveite cada momento.
 
27/2/2011 23:50:26
JERRI JOAQUIM
Ola, Fabio, Boa viagem e siga com Deus. Em Janeiro fui ao Dakar , foi minha primeira viagem de longa distancia, espero nao ser a ultima. Reforço io convite de um amigo de não deixe de conhecer a serra catarinense.
Fraternal ABraços
Jerri
Içara SC
 
26/2/2011 23:49:37
OLINTO CHUI
Bravo Fabio - siga bem parceiro, este monemto é unico, 30 ou 40 minutos na estrada e pronto nos despegamos de tudo (e isso faz um beeemmm!!!!!!, pelo menos comigo é assim) e olha que sou privilegiado, para eu ir para a cidade mais proxima tenho que fazer 250km.....amigo boa viagem, e guarde apenas fotos, novos amigos e coisas boas, e serão muitas... um abração e boa aventura.
 
26/2/2011 23:06:28
MARCIO A. ROBERTO
Ótimo relato, muito bem escrito e totalmente relax, gostoso de ler. Cara, fui para o Atacama em 2009, e este ano fui até Ushuaia, em janeiro. Parece um sonho... Curta bem isto tudo aí... Eu tbm tenho esta mania de escrever demais... Não sei se é defeito, mas não consigo parar! Grande abraço, siga com Deus, e uma ótima viagem! Cuidado com a chuva, bicho na pista, e o frio lá nos Andes!
Marcio A. Roberto - Campo Grande/MS
 
26/2/2011 20:13:49
DANIEL GUARAPARI
ola Fabio,

estou na garupa só curtindo a viagem..

Daniel guarapari
 
26/2/2011 11:35:11
TADEURSO.
Nunca é tarde pra se viajar, nao deixe de um dia ver a serra catarinense, a coxilha rica.
Boa viagem, curta bastante esse momento magico.
abraço
tadeu
 
26/2/2011 10:57:45
ROBERTO MILANI
Sensacoes indescritiveis, e somentre quem ja passou estes momentos eh que pode entender o que faz que um "maluco", abrir mao do conforto do lar e carinho dos familiares para encarar um sonho como esse, somente os apaixonados pela motocicleta conseguem realizar esse sonho, distante para alguns.
Deus te acompanhe.
Grupo Amigos pela America
Roberto Milani
 
26/2/2011 10:01:59
MARCELO FREIRE
A gente entra em um relato de viagem achando que é mais um entre tantos e descobre um belo relator, um texto marcante, interessante, como se como se estivemos participando desta fantástica viagem.
Parabéns, Fábio, estaremos na sua garupa, aproveite com força!
Um grande abraço.
Marcelo Freire.
Belo Horizonte/MG.
 
26/2/2011 09:52:33
APIO CLAUDIO PEREIRA
Parabens irmão da estrada... meu sonho segue com vc. Vá a Arica mesmo... adorei conhecer. Suba o Morro por lá, é onde houve parte da guerra do Pacífico, onde a Bolívia perdeu sua saída para o mar, que era a cidade de Arica. Boa viagem e breve retorno.
Claudio-Teresópolis, RL
 
26/2/2011 09:39:07
OTAVIO ARAUJO GUGU
Oi, Fábio !!!
Recebi seu e-mail sobre sua viagem solo e respondi no mesmo dia, ontem falei com o Policarpo sobre vc e sua viagem. Viajar solo, no começo assusta, depois relaxa e é maravilhoso, vicia...Por exemplo: hoje resolvi organizar bagagem, papéis e cabeça, estou aqui te escrevendo na boa. Imagine com mais 2 ou 3 parceiros falando: vamos Gugu, temos que rodar mais x km, o dia está lindo, vamos Gugu !!!
Bom que o amigo Eduardo está relatando sua viagem, assim ficamos em contato. Também estou viajando solo, para Ushuaia, sou de SP, entrei por Rivera, Uy, já passei Buenos Aires, hoje estou dando um relax aqui em Canuellas, Ar. Fique esperto com os guardinhas safados "gambés" - nesse início de viagem, não se assuste, seja impositivo, só abra a carteira em último caso. Em outras viajens fui parado 4 vezes em 300 km, uma sacanagem só.
Meu e-mail é otavio@globalplayer.com.br e skype: guepardorapido. Se eu puder ajudar em alguma coisa me fale. Siga com DEUS te mostrando os melhores caminhos. Fraterno abraço. Gugu
 
26/2/2011 09:38:54
EDSON LUIZ SIONEK
Fábio, "pilotar uma moto é sentir pura emoção, é como o vôo do condor um deslizar suave, sem limites e sem rumos, numa paixão de vida a procura de algo impossível...que se conquista quando liga o motor, acelera e vai...é algo que não tem preço, é o desejo mais antigo do homem, o de ser livre e sem limites."
parabéns pela viagem e siga na busca do impossível, vá enfrente.forte abraço
 
26/2/2011 09:29:24
EDGARD BAIAO
AMIGO FABIO...
HOJE FAZ 1 ANO QUE CHEGUEI DE MACHU PICCHU COM MAIS 6 AMIGOS...CONHEÇA A CIDADE DE ARICA NO PERU...MUITO BONITA.. NO MEIO DO DESERTO.. NO MEIO DO NADA.. ELA APARECE....NO CHILE...E ARGENTINA...DE DIA..40 GRAUS..E AO ENTARDECER...ZERO GRAU....ATENÇAO NA GARGANTA...PARA NAO RESFRIAR....NO MAIS...ATENÇAO NAS LONGAS RETAS PARA NAO COCHILAR....E SURTAR...OK... BOA VIAGEM....TO ACOMPANHANDO TUDO....O USHUAIA FUI EM 2009... É MUITO SHOW DE BOLA TAMBEM...
 
26/2/2011 09:07:50
CMELLO BRASÍLIADF
Fábio ........aproveite e "viaje na viagem" ............ é só isso que importa ......... o resto é "só o resto" ............
CMello
Brasília-DF
 
26/2/2011 09:06:46
CAIUS MARCIUS
Parabens pela realização de seu sonho. Estou aqui no escritório, relembrando os passeios pela região de Campo Mourão(nasci em Terra Boa, 25 km distante), como é lindo o por do sol, a região de Cascavel idem.
A turma está organizando um passeio até Gramado no feriado da Pascoa(Passagem) , dar uma passada em Rincão.
Boa viagem, acumule mais histórias epasse-nos as melhores e piores.
Deus te guarde e abençoe.
Caius Marcius
 

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