Rotas

MÉXICO POR BAJA

É com muito prazer que publicamos o relato do amigo Jose Baptista.

Nos traz uma lição de determinação, demonstra sua paixão pelo motociclismo e principalmente nos deixa uma mensagem de que a cada instante devemos caminhar em busca dos nossos sonhos.

Zé, o meu muito obrigado e parabéns!

Eduardo Wermelinger

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Por: Jose Baptista

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Alguns amigos sempre me deram este roteiro como sugestão, o que depois da milésima vez de ouvir falar sobre Baja, tomei a decisão de conferir...

Aqui vamos nós de novo ...

Nossa viagem começou em Los Angeles e fomos até Santa Rosália, no México.

Tínhamos planejado ir mais ao sul, mas soubemos enquanto estávamos na estrada que o furacão Norbert chegaria em Baja. Embora muito calor, mas o frio da barriga não ia embora

Quando chegamos em Santa Rosália, o tempo parecia muito ruim. Ficamos na expectativa do que poderia acontecer, mas pelas informações das Estações Costeiras, o furacão não mais vinha na nossa direção.

Assim seguimos até Santa Rosália, apreciamos os burritos Lobster, que são uma especialidade da cozinha da Mama Espinosa em El Rosario.
Já que o furacão não mais nos impediria de seguirmos, rodamos uns 200 quilômetros até o próximo posto de gasolina.

Enquanto passava na estrada em direção a Catavina, via o quanto a Virgem de Guadalupe era homenageada naquela região.



Os mexicanos, um povo movido pela fé...

A beira estrada via-se muitos cactos Cardon, parecendo que aquele lugar não pertencia ao nosso planeta. Rochedos repletos de cactos nos impressionavam. Alguns cactos Cardon, tinham até 30 metros de altura.

Minha Triumph Tiger, 955cc de três cilindros se portava muito bem. Os amigos Dave e Bob, no meio do deserto Vizcaíno, com as suas BMWs também só teciam elogios ao que as suas motocicletas lhe proporcionavam.

Esses amigos, reconheço que pilotam muito melhor do que eu. Eu não sei como eles conseguem andar em altas velocidades em pisos de terra. Estão muito acima do que eu posso fazer, e fazem parecer fácil, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Seguimos até Guerrero Negro, onde passamos a noite.

Chegamos ao hotel Malarrimo... Uma excelente recomendação


Gerreno Negro, lugar onde a gastronomia está representada por bons restaurantes.

Nos primeiros horários do dia seguinte pegamos Highway 1 em San Ignacio.

Em San Ignacio conhecemos igrejas onde trabalhos em madeira eram verdadeiras obras de arte. Mas fomos impedidos de fotografar.

Em Las Tres Virgenes, agora já sob a borda do furacão Norbert, ficávamos na expectativa de sermos pegos pelos fortes ventos. As Estações avisavam que Norbert estava programado para chegar na área Mulege Loreto / e, literalmente, no mesmo dia iríamos chegar por lá.

Nos primeiros horários do dia seguinte fomos procurar informações sobre a presença de baleias na região. Mas segundo as pessoas, disseram que ainda não apareceram as baleias que migram para esta área, e que só podem ser vistas a partir de janeiro até abril.

Norbert era um furacão de categoria 3. Eu conversei com Bob e Dave sobre a minha preocupação, e apenas me respondiam com sorrisos... "Por isso é que temos capa de chuva", eles disseram...

Eu agora só prestava atenção nas nuvens.
Perecia ameaçador

Com certeza era úmido ali. Eu nunca tinha ido a Baja antes, e a topografia além de não nos apresentar proteção contra ventos fortes, parecia não ter qualquer infra-estrutura quando o furacão chegasse.

Logo depois entramos na região Cuesta del Infierno descendo em Santa Rosália. O ar de repente ficou pesado. Era como se estivesse em uma sauna. E mesmo com roupas de proteção arejadas, o calor estava ficando insusportável.

Chegamos no alto de Gustave Eiffel, onde tinha projetada a igreja de Santa Rosália.

Olhando a partir do púlpito pela porta da frente da igreja de Santa Rosália observávamos os féis que não mais prestavam atenção no padre, e voltavam os seus olhos para as nossas motocicletas.
Para não atrapalhar a missa, também evitamos fazer fotografias daquela igreja.

De forma surpreendente o padre andou em nossa direção e nos convidou a participar do culto. Padre David, uma pessoa muito simpática, e apenas nos deu boas vindas, abençoando-nos.


















Os entalhes na madeira da porta da igreja eram magníficos.

Como eu disse anteriormente, era difícil ficar na estrada sabendo que o furacão Norbert poderia chegar. O céu parecia cada vez mais ameaçador, e sentir o ar úmido e pesado, o bom senso seria ficar em Santa Rosália até que as estações de meteorologias pudessem nos dar uma informação mais precisa.

Não houve um consenso, e pegamos nossas motocicletas para voltar para Guerrero Negro. Já tínhamos reabastecido e seguimos para o norte. Uma tempestade de areia ao longo das planícies costeiras faziam uma nuvem branca, deixando ofuscada a visão que tínhamos do mar.

Rodamos 190 km até chegar a Catavina. O sol já estava se pondo. A temperatura caiu muito desde que deixamos Santa Rosália.

Depois de um pequeno almoço, continuamos para o norte. Tínhamos mais 79 quilômetros até El Rosario, onde enchemos nossos tanques de novo.

Um pouco ao norte de San Quintin, seria aonde faríamos uma pausa naquele dia.

San Quintiné é um lugar colorido, pessoas bem humoradas. Foi acertada a decisão de ficarmos por ali. Excelentes restaurantes ao ar livre, uma descontração aparente, mesmo sobre ameaça do furacão que se aproximava.

Era uma mistura de emoção e tensão, mas tudo era muito compensador...

Eu disse a Bob e a Dave que eles eram pilotos de verdade, e agora que eles tinham que ter mais paciência comigo.

Na manhã seguinte seguimos para o norte na Highway 1, em direção a Ensenada.

Em Ensenada fizemos um belo passeio pela Vinicola Ruta (é uma das áreas produtoras de vinho) e para além de Tecate, seria o nosso ponto de saída desta viagem.

Paramos em Naranjo para um lanche antes de começar a pegar a estrada para Tecate. Muitos trabalhos em madeiras de destacavam nesta região. Verdadeiros artistas escultores de Naranjo.

Depois de um copo de um suco de uva caseiro maravilhoso, e um drinque muito conhecido em Naranjo (é uma mistura de laranja, abacaxi, suco de limão e uva), pegamos as motocicletas e seguimos até Tecate, já ao anoitecer.

Nós tínhamos planejado passar a noite em Tecate se o backup na fronteira EUA travessia fosse muito longo, mas para nossa surpresa, havia apenas 50 carros mais ou menos na linha.
Conseguimos através da fronteira em menos de 15 minutos. Pegamos a estrada 94 até a 125 (uma estrada emocionante na noite), e de lá Bob nos guiou até a 15 norte.

Paramos em Temecula, mais gasolina e café. Já era noite e ficou frio. Colocamos roupas mais quentes. As pessoas dali pararam, e alguns até se levantaram, e passaram nos observar, como se fossemos forasteiros. Foi muito engraçado.

Dali em diante já estávamos novamente em território americano.

Nunca tinha pilotado em estrada de terra, e sequer saído dos Estados Unidos com minha motocicleta, , e para mim, foi uma experiência marcante.


Pode ser simples a minha história de aventura, não sou muito de escrever, mas esta viagem até Baja, pra mim, foi pura emoção.


Comecei andar de moto aos 50, e hoje com os meus 72 anos, e já tenho mais alguma coisinha pra contar pros netos, e daqui a pouco, quem sabe, para os bisnetos.


Eduardo e motociclistas aí do Brasil, um grande abraço para vocês.


Jose Baptista
(brasileiro, morando aqui nos USA desde 1985)
 
 
 
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Comentários (8)

18/1/2011 18:45:27
BETO SARAIVA
Parabens José. A moto também modificou bastante minha vida. Pelo menos tornou minha conversa e histórias mais interessantes. Aos 63 anos ando por aí, com mais quatro amigos. A última foi Floripa/Machu Picchu. Este ano vai ter mais...Um grande abraço!
 
14/1/2011 18:27:11
FALCÃO NEGRO
Valeu eu estou lendo um livro que si chama MOMENTOS DA MINHA VIDA A BORDO DE UMA HONDA CBR 1000 DE Guillermo Antônio Godoy ele também começo aos 50 anos de idade meus parabéns pela essa grande aventura.
 
13/1/2011 19:38:34
OBADIAS EVANGELISTA DO AMARAL
MEUS PARABENS JOSE BAPTISTA, PELA SUA CORAGEM E DETERMINAÇAO,EU TENHO 57ANOS E ACHO QUE NÃO TERIA A MESMA CORAGEM. E ADEMAIS A MINHA MOTO E UMA BANDIT 650CC DA SUZUKI,A QUAL NÃO E ADEQUADA PARA UMA VIAGEM DESSE CALIBRE.UM ABRAÇO VALEU....
 
12/1/2011 10:32:45
OTAVIO ARAUJO GUGU
Oi, José Batista !!!
Vejo que você está firme e disposto aos 72 anos, espero chegar lá como você, com disposição, humor e espírito de aventura.
Esse ano faço 69, entretanto rodo de moto desde os 16... Atualmente de Honda Varadero V-1000. Sempre quis fazer esse roteiro, deve ser mesmo sensacional, pelos meus cálculos, se saíram de LA devem ter rodado cerca de 3.400km [umas 2000 milhas].
Morei 2 anos em Los Angeles e na Califórnia realmente existem roteiros maravilhosos para motocicleta.
Estarei por aí em abril, se possível me envie seu e-mail.
Em contato com o amigo Eduardo, envie-lhe outros roteiros seus, gostei muito do relato, quero saber mais e futuramente, se possível conhecê-lo pessoalmente. Aceitem todos meu fraterno moto abraço. Otavio Araujo - Gugu
 
11/1/2011 20:37:23
VITOR RAMOS DE SOUZA
Parabens a Rotaway por postar uma mensagem a qual tem mostrado aos motocilista em geral que passear de motocicleta não tem idade e sim um valor de terapia muito grande e reasgata grandes valores.Parabens ao Sr. José e que DEUS possa lhe dar muita saúde para que sim possa contar as aventuras com grande satisfação aos seu Netos e Bisnetos.
Um Abraço
 
11/1/2011 19:09:43
JOÃO CRUZ
Olá José Baptista.
Nunca é tarde para começar, mas pelo que pude perceber ainda é um rapaz. Como existe o ditado "comer, coçar e andar basta começar", agora que experimentou estrada de chão, conseguindo sair e voltar dos limites geográficos dos EUA, a ordem é ir em frente.
A triumph, de origem alemã e depois adquirida pelos ingleses, teve sucesso a partir do ano de 1953 devido ao filme protagonizado por Marlon Brando no início da sua carreira com o filme "O Selvagem". Utilizou um modelo Thunderbird lançado em 1950. Se não me engano foi filme pioneiro no gênero, por envolver gangs de motociclistas nos Estados Unidos.
 
11/1/2011 15:46:22
RICARDO TEIXEIRA
José ou carinhosamente Zé.....Parabéns....excelente relato. Nunca o lema do Rotaway caiu tão bem como agora.."Sempre havera novas fronteiras, quando não limitarmos os nossos sonhos". Um grande abraço....Em tempo...também tenho uma 955.
 
11/1/2011 15:35:24
CARLOS PEREIRA NETO
Meu irmão de estrada. Sensacional a sua aventura. Parabéns pela disposição de encarar o estradão. Um fraternal abraço.
 

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