UMA PRAIA QUASE SEM FIM

Travessia COM UMA bmw gs 800 da maior praia em extensão do mundo. 230kms!
DE PORTO ALEGRE A PUNTA DEL LESTE


Texto e fotografia: Felipe Carlier
fcarlier@uol.com.br



No Brasil também encontra-se a maior praia do mundo em extensão contínua em continente que vai do município de Rio Grande até o município de Santa Vitória do Palmar perfazendo aproximadamente 245 quilômetros de extensão.


O litoral do Rio Grande do sul é largo e plano - uma praia contínua e descampada. Viajar em direção ao Chuí pela beira da praia pode provocar sensações de surpresa e liberdade, principalmente num trecho quase inexplorado de 223 quilômetros.
Desde o início, da Praia do Cassino até o fim, no Chuí, há uma imensa praia desértica, marcada por milhares de aves nativas e migratórias e a vigilância de 4 faróis: Sarita, Verga, Albardão e Chuí. Repleta de lagoas que se conectam com o mar e uma grande faixa de dunas a perder de vista, também é conhecida como "Cemitério de Navios". Tem barcos encalhados e restos de naufrágios que, ou chegaram muito perto da praia, ou foram pegos pelas violentas tempestades de inverno. É um percurso inóspito recomendável somente para quem gosta de enfrentar os desafios da natureza. O sopro do vento sul e o mar enfurecido podem impossibilitar a passagem em muitos trechos. Atolar, num deles, poderia significar dias isolados longe de qualquer assistência. Só nos últimos quilômetros da praia aparecem algumas casas de veraneio onde a praia e o país acabam.


O Arroio Chuí é o lugar que separa o Brasil do Uruguai, de cada lado existem molhes e do lado brasileiro tem o Farol Chuí, o último sentinela. A cidade brasileira do Chuí, a cerca de 14 quilômetros da praia, é separada da cidade uruguaia do Chuy apenas por uma avenida. Essa região foi palco de guerra entre portugueses e espanhóis durante o século XVIII e parte do século XIX. Hoje é o acesso turístico terrestre mais movimentado do país.
A maior parte dessa imensa praia ainda permanece intacta. Suas areias continuam sendo visitadas por pingüins, leões e lobos marinhos que fogem do inverno antártico. É bom que continue assim, atraente apenas para turistas e aventureiros que respeitam a vida, as plantas e os bichos que crescem e aparecem em sua extensão.


A primeira foto foi tirada na praia do Cassino, mostra que a areia apesar de parecer lisa pode ser muito traiçoeira, por vezes se tornando uma lama que quando se para não consegue sair novamente, ouvi alguns relatos de pessoas que perderam seus veículos para o mar.

Foi para mim uma grande aventura, acho que a maior que já fiz em cima de uma motocicleta, terminei com a sensação de ter conquistado o cume de uma montanha, de ter terminado uma maratona, foi incrível.

Como estava sozinho nessa travessia, as sensações eram multiplicadas, por vezes passei sustos e pensei no grande risco que corria de ficar isolado no meio do nada literalmente.

Muito legal foi ter cruzado dois casais de Irlandeses que estavam fazendo a mesma travessia de bicicleta, estavam levantando acampamento quando os encontrei, me senti menos sozinho no meio daquela imensidão, e depois de passá-los pensei, se algo me acontecer cedo ou tarde eles me encontram, foi muito bom.


Incrível acelerar numa praia tão grande, uma delicia! Os primeiros 20 kms estava muito apreensivo, tomei alguns sustos com areia muito fofa e depressões quer apareciam do nada, mas fui relaxando e acelerando, precisava andar forte, a maré subiria ao meio-dia, e andar na faixa próximo a água era mais fácil, pelo menos no inicio.

Mais ou menos depois da metade do caminho, tive de pilotar agressivamente todo o tempo para me manter em cima da moto, acelerando forte com a moto sempre reduzida e pilotando de pé nas pedaleiras. Tentei andar longe da água, mas a areia era muito fofa e a moto com velocidade parecia querer me jogar por cima do guidão, aliás quase conseguiu umas duas ou três vezes, numa delas para reganhar controle fui na direção do mar e entrei com velocidade na água,
um tremendo CHUÁ!

Molhou capacete, tudo! Meu coração saiu pela boca, respiração acelerada, mas aliviado de continuar em cima da moto e pilotando (alive and kicking), depois dessa tentei de tudo para pilotar agressivo e estável na areia fofa, mas a moto carregada com 10l de gasolina, malas laterais e baú se recusava, balançava igual cavalo de rodeio, depois de alguns sustos fortes, decidi ir pela areia dura, apesar do medo de atolar como o carro da foto acima, pois haviam me avisado de uma lama que poderia literalmente me tragar, estava apavorado.

Próximo a água, para complicar havia muita ondulação devido a erosão das ondas, verdadeiro saltos, por várias vezes a moto decolou com as duas rodas, numa delas estava desconcentrado e corri o risco de passar pelo guidão, depois dessa, passei a só pilotar de pé, motor cheio e acelerando nas rampas, literalmente, em alguns trechos me lembrei da minha época de MotoCross, a moto decolava mesmo , fechou suspensão algumas vezes, só pensava que não podia parar.

Por várias vezes entrei na água e o CHUÁ se repetia, mas meu único receio era não perder velocidade e controle, assim não atolaria e conseguiria chegar.

Minha sorte foi que parei no meio para me hidratar e comer uma barrinha, depois disso não tive mais sossego, acelerar para não ficar parado e a contagem regressiva começou, 180km/190km/ 210km/ 220/ 230kms!!

Podia ver o final, algumas casas e movimento de pessoas, UHU! Um super alivio!Cheguei! A minha aventura tinha se passado, estava tudo bem!



Foi muito emocionante para mim e especialmente para quem gosta de motocicletas, tive muita sorte do vento Norte ter me acompanhado, algumas pessoas disseram que com o vento sul não teria conseguido passar.







VALEU! ADOREI!!



Abraços a todos

Felipe Carlier