ATACAMA E MACHU PICCHU

Finalmente começou a concretização do nosso sonho! Atacama e Machu Picchu

A noite foi curta, ficamos arrumando as malas até tarde... e olha que eu já tinha feito as minhas. Acordamos cedo e dispostos, apesar de cansados. Quando tocou o despertador, confesso que me deu um frio na barriga. Saímos com 20 minutos de atraso, isto é, às 6:20h.

A Partida

Viemos pela Rodovia Castelo Branco, passamos por Ourinhos, Londrina, Maringá, Campo Mourão e Cascavel.

Até Avaré o trânsito nos castigou. Muitos carros e caminhões, mas viemos bem!

Pra variar adivinhem o que aconteceu? Isso mesmo: chuva! É que a Lilian e eu temos o dom de fazer chover! Somos "fazedores de chuva", eu acho! Nunca vi duas pessoas tão zicadas quando o assunto é chuva e moto.

Mas dessa vez, pelo menos, foi uma chuva bem tranquila... São nessas horas, porém, que agradecemos a Deus por ter comprado uma boa roupa de cordura e uma super bota impermeável. Nada de entrar água - aprovados no primeiro teste!

Depois de 12 horas de estrada chegamos a Cascavel. O hotel estava reservado, graças ao Reinaldo do FOL (Falcon on line). Ele se ofereceu para ajudar-nos e somos imensamente gratos porque estávamos muito cansados!

Tomamos um banho pra "tirar" um pouco do cansaço (funciona mesmo!) e o Reinaldo e a sua noiva, Denise, vieram nos buscar pra fazer um tour pela cidade.

Muito gostoso aqui. Tudo muito organizado e limpo. As ruas são largas e agradáveis pra passear, tudo é muito bonito e aconchegante... Fomos conversando, batendo aquele papo gostoso e acabamos na casa dele pra comer pizza.

Como foi bom conhecê-los pessoalmente: Reinaldo e Denise vocês, com certeza, fizeram diferença nesse momento tão especial pra gente! Obrigado mesmo!!!

O mais legal de tudo: em 2012 eles também farão essa viagem! E o roteiro será ainda maior: Buenos Aires, Santiago... É isso ai, programação é tudo!

Não tiramos fotos porque viemos direto mesmo, afinal, foram mais de 900 km. Mas registramos um pouco dos nossos novos amigos, o que, com certeza, não poderia faltar.

Agora é dormir cedo pra continuar amanhã com um super café com os nossos novos amigos...

2º dia: Cascavel - Corrientes

Saímos às 7h de Cascavel para tomar café com o Reinaldo e a Denise. Eles nos levaram a um posto de gasolina onde nos encontramos com mais uma galera do Falcon on line: Reinaldo, Denise, Beira, Carla, Sandro, Cassio.

Conversamos bastante, foi um café da manhã super animado... É muito legal ver a empolgação e o incentivo dos nossos amigos motociclistas. Aqui fica o nosso abraço a todos vocês!

Seguimos viagem logo após o café da manhã. Fomos por uma estrada tranquila, por Foz do Iguaçu. Ao chegarmos na aduana argentina percebemos que o tráfego estava tranquilo também, mas mesmo assim não tem como não ficar tenso ou pensar que alguma coisa pode dar errada.

Primeiro engano: fomos super bem atendidos, nada de perguntas, nada de burocracia, nada de abrirmos todos os baús (foi necessário somente um – e por dois segundos, no máximo), enfim, passamos numa boa e tudo muito rápido.

Fomos trocar o nosso dinheiro, o que também não demorou nada e seguimos por uma estrada muito bonita, cheia de árvores e muitas (MUITAS!) borboletas. As borboletas argentinas são lindas, mas suicidas (aliás, não só as borboletas, como contaremos mais à frente).

Nosso destino era Corrientes. Parávamos em todo e qualquer posto de gasolina que víamos pela frente pra não correr nenhum risco de ficar sem combustível. Almoçamos empanada numa praça de alimentação dentro de um supermercado. Acreditem: foi muito bom!

É muito legal ver o impacto que causamos nas pessoas no meio do caminho... Elas olham, umas chegam perto, outras querem tirar foto... Olham pra gente, às vezes, como se fôssemos de outro planeta...
Todos, porém, desejam boa viagem, fazem perguntas, sorriem pra gente... É tudo muito verdadeiro! E você sabe que é, mesmo sendo pessoas que não conhecemos, nunca vimos e nunca mais veremos...

Em um dos postos de gasolina encontramos três motociclistas que estavam voltando do Brasil Riders (um encontro que aconteceu em Foz). Ai o papo começou... em cima do mapa, claro! Daniel (um motociclista argentino super experiente, por sinal) deu uma atenção abençoada pra nós e muitas dicas de caminhos (já foi pra Machu Picchu, pro Ceará e sabe Deus mais pra onde – e sempre de moto!). Eles nos fizeram companhia até Corrientes (onde o Daniel mora) e nos levaram até um hotel bem bacana que foi onde nos hospedamos.

Contando dessa forma, até aqui parece que tudo foi flores e borboletas né?!

Segundo engano: a Lilian dormiu todo o caminho, ficou sonolenta o dia todo e isso me deixou um tanto preocupado. Achamos que isso ou foi em decorrência de um relaxante muscular que ela tomou ou do sol que pegamos no caminho... Vocês não têm idéia do calor que passamos! Eu sentia o suor escorrer por minhas pernas, minha cabeça estava completamente molhada e a Lilian morrendo de sono, ao ponto de deitar no chão de um posto de gasolina em uma de nossas paradas e cochilar.

Enfim, quando chegamos em Corrientes fomos direto ao Hotel e a Lilian desabou na cama. Só acordou às 23h. Jantamos no restaurante do hotel. Pedimos peixe e arroz (este, por sua vez, totalmente azedo. rs). A Lilian não comeu tudo e eu comi a minha parte e a dela. Saí de lá todo estufado e até passei mal durante a noite. Orei como nunca! Pedi muito a Deus pra que eu não ficasse mal...


3° dia: Corrientes – Salta

Acordei 100% melhor. Levantamos por volta de 8h, tomamos um café e pegamos a estrada. Eu estava extremamente preocupado, pois hoje enfrentaríamos um dos piores trechos da viagem em relação à temperatura. Pegamos a estrada com o tempo nublado e assim andamos durante um bom tempo.

Durante o caminho vim refletindo sobre o dia de ontem. Foi um dia muito duro pra gente e eu não soube respeitar os limites da Lilian. Ontem à noite eu estava com muita fome e a Lilian não acordava, por mais que eu chamasse. Fiquei bravo por causa do sono dela e hoje me arrependi demais por causa disso, pois ela sempre fez o possível e o impossível pra estar ao meu lado sempre. Pedi milhares de desculpas... Hoje seria o dia pra eu colocar a cabeça em ordem e repensar muitas coisas!

Eu sempre ouvi falar da qualidade da gasolina argentina. Além de boa ela deve ser muito gostosa porque a gordinha (a moto) está bebendo que é uma beleza, rs!

Hoje atravessamos o Chaco Argentino – uma reta infinita sem muita civilização, somente alguns postos de gasolina e algumas casas espalhadas. Havia muitas pombas na estrada, muitas mesmo! As amigas, inclusive, das borboletas suicidas... Não sei qual a fixação delas em ficar atravessando a pista em frente à moto. Tanto que duas delas estão nesse momento no pombal celestial. Isso mesmo, “La gordita, el matadora de pombitas” matou duas pombas hoje. Tinha tudo pra ser trágico se não fosse cômico.

Paramos em um restaurante onde havia uns gringos europeus que estão atravessando a Argentina com destino ao Rio de Janeiro em carros antigos, um mais legal que o outro! Expedição Copacabana chama-se a caravana. Foi muito legal encontrá-los. Sem falar que o menino do restaurante achou que estávamos junto com eles. Quase não precisamos pagar a conta.

Só queria registrar uma beleza do caminho para Salta: uma plantação quilométrica de girassol. Por um tempo tudo o que víamos eram a pista, o céu e um sem-número de girassóis ao nosso redor. Fantástico!
Chegamos em Salta no início da noite e lá fomos nós procurar “una habitación” . O GPS foi providencial, achou vários hotéis e pegamos o que mais nos agradou (e ao bolso, claro!).

Descobrimos que o passeio no “Tren de las nubes” só sai de quinta e sábado e, infelizmente, não podemos ficar aqui esperando até quinta. Então partiremos amanhã sem conhecer o tal trem (ou pode ser que consigamos fazer esse passeio na volta, não sei ainda).

Hoje no jantar conhecemos o Sr. Valentino (o dono do restaurante), que se disse grande admirador da música brasileira. Deu até orgulho de ser brasileiro de tantos elogios que ele fez!

Tivemos um dia maravilhoso, conversamos com muitas pessoas e nem temos mais nenhum receio de tentar “hablar espanhol”. Ouvir a Lilian perguntando “Moça, sabe se hay uno mercadito aqui?!” não tem preço!