AMERICA CENTRAL TOUR ADVENTURE

Quero agradecer a oportunidade ao Carlos Azevedo por estar publicando aqui no Rotaway esta fantástica Aventura pela América Central.

Pela dificuldade de conexão nos lugares onde Carlos Azevedo está passando, os relatos terão datas que intercalam dias face ao acesso a internet.
Uma excelente aventura a todos. Eduardo Wermelinger


América Central Tour Adventure
Pelo motociclista português Carlos Azevedo

Inicio - 6 de Novembro, Cancun - México
Fim - 21 de Novembro, Cancun - México
Duração - 16 dias
Países visitados - México, Guatemala e Belize
Distancia - 3800 quilômetros
Distancias diárias - Média de 220 kms. Máximo de 600 quilômetros.
Terreno - 80% asfalto / 20% pista em terra compacta
Informações gerais - Dificuldade baixa.





A America Central é famosa pelo seu exotismo, nesta terra de contrastes, onde os rios e montanhas se misturam com selva tropical e praias paradisiacas, nasceu à mais de 3 mil anos a civilização Maya, uma das culturas mais notáveis da antiguidade. Impressionantes templos, centros cerimoniais e majestosas cidades, são hoje em dia zonas arqueológicas, algumas delas ainda em exploração, permanecem como o legado deste grande povo.

A cultura Maya não se confina aos museus, é algo vivo, algo que continua a fazer parte das vidas dos herdeiros desta região, gente simpática e simples apegada aos seus antigos costumes através da arte, da religião e principalmente do seu forte vinculo com a natureza.

Este amplo mundo dos mayas é uma fonte de diversidade étnica e biológica impressionante, onde belas cidades coloniais são vizinhas de aldeias indígenas preservadas, onde centros de turismo de massas ficam a escassos quilómetros de florestas tropicais inexploradas, onde templos com milhares de anos tocam as areias desertas de paradisíacas praias das Caraíbas.

- Playa Carmen, concentra as mais belas praias da Riviera Maya. Uma pequena e animada cidade dona de vários alojamentos de charme e de uma vida nocturna incrível. Será o nosso ponto de partida e chegada para esta aventura.

- Ek Balam, descoberta recentemente a "Cidade do Jaguar Negro" é um segredo ainda preservado do turismo de massas. Envolto em floresta a grande pirâmide é decorada com esculturas incrivelmente preservadas. Ficaremos alojados a escassos 800 metros da zona arqueologia numa eco resort gerida pela aldeia indígena descendente directa dos construtores de todo o complexo de Ek Balam.

- Parque Natural de Laguna Coba, famoso pelos macacos aranha e pelos grandes crocodilos é vizinho do complexo arqueológico de Cobá onde é possível subir a uma pirâmide com mais de 40 metros de altura e contemplar toda a floresta até ao mar do caribe.

- Chichén Itzá, A sua famosa pirâmide foi o último e, sem qualquer dúvida, o mais grandioso de todos os templos da civilização maia. O nome Chichén-Itzá significa "na beira do poço do povo Itza". Declarada Património Mundial da Unesco em 1988 é uma das novas sete maravilhas do mundo.

- Laguna de Terminos recebe nas suas praias do golfo do México centenas de milhar de tartarugas marinhas sendo ainda um santuário para golfinhos, manatins, crocodilos e milhares de aves marinhas. A nossa rota atravessa esta reserva a meio.

- Chiapas, território Zapatista orgulhoso caracterizado pela cordilheira montanhosas forrada de floresta tropical esconde locais incrivelmente belos como a Cascata Mihsol, os rápidos da Agua Azul ou as ruinas de Palenque, uma dos mais misteriosas e grandiosas cidades Mayas.

- Os Lacandones foram o único povo indígena que resistiu à colonização espanhola, refugiando-se nas impenetráveis florestas dos Chiapas. Preservando a sua cultura até hoje organizaram-se em cooperativas e criaram alojamentos como os onde vamos pernoitar em Bonampak em plena Reserva Montes Azules

- San Cristobal de Las Casas é uma preservada cidade colonial bem no coração das montanhas dos Chiapas. Repleta de haciendas e igrejas coloniais as suas ruas são coloridas e animadas por indígenas que vendem o seu artesanato.

- Na Bolom é uma organização que defende os direitos das tribos Lacandones. Criada em 1950 por uma fotografa suíça e o seu marido, um arqueólogo dinamarquês, está sediada numa autentica hacienda colonial do século XIX. A Hacienda Na Bolom,Casa do Jaguar em maya, reúne ainda um museu e um hotel de charme que nos irá alojar durante 2 noites.

- Usumacinta é o rio turquesa que serve de fronteira natural entre México e Guatemala. Embalados por tucanos, araras e macacos roncadores vamos descer em pequenas canoas mais de 30 quilómetros sempre acompanhados por uma floresta luxuriante.

- Tikal, o maior complexo Maya descoberto até ao momento fica encaixado no meio de uma selva tropical imensa que desde 1979 é protegida graças à Unesco. Ver nascer o sol da piramide maior e assistir ao despertar da floresta ao vivo e a cores é algo que vai guardar na memória para o resto da sua vida.

- O Lago Petén segundo alguns especialistas foi o ponto de nascimento de toda a civilização Maya. As suas águas transparentes e as florestas circundantes, ricas em madeira e vida deixam claro porque os primeiros mayas decidiram instalar-se por aqui.

- O Belize é uma manta de retalhos onde há mais Parques Naturais do que cidades. As suas praias de areia branca são famosas pela perfeição e pureza. O paraíso onde vamos ficar chama-se Hopkins e alem das belas águas do caribe é ainda um dos pontos onde a cultura Garifuna é mais expressiva.

- Os Garifuna são descendentes de escravos negros trazidos de África para as explorações de cana de açúcar. Ao longo dos anos a sua cultura africana misturou-se com a hispânica e caribenha dando origem à vibrante e colorida cultura Garifuna.

- Mahahual e Punta Allen são pequenas aldeias piscatórias caribenhas. Longe do turismo de massas as suas praias desertas são ricas em recifes de coral preservados e cheios de vida. Punta Allen fica encaixada bem no coração do Santuário Natural de Sian Ka'an

- Tulum, a bela cidade Maya à beira do mar caribenho permanecia habitada à chegada dos conquistadores espanhóis, mas foi abandonada durante o século XVI. Rodeada por uma espessa muralha está localizada num dos mais belos locais de toda a península de Iucatan.

- O Cenote dos ojos, é um dos mais belos da região, uma caverna que dá acesso a um rio subterrâneo de águas incrivelmente transparentes. Durante a nossa viagem vamos visitar vários, mas o dos ojos é sem duvida o mais impressionante.


7 de novembro de 2010 – Chegando na América Central

Todos sabemos que vôos de 10 horas são cansativos, extenuantes, angustiantes...

No entanto todo essa fadiga hoje de manha esvaeceu-se depois de uma noite bem dormida
... um banho refrescante

Devem existir poucos sítios mais agradáveis para começar uma viagem de moto do que a costa Caribenha...











9 de novembro de 2010 - As Cidades mais Antigas do Mundo...

... é assim que se intitula um dos livros mais conhecidos dos primeiros exploradores a encontrarem as grandes construções Mayas de Yucatan.

A nossa viagem começa precisamente pela visita a 4 destas grandes cidades antigas, Cobá, a mais alta pirâmide da região, Ek Balam, a mais recente descoberta, Chichen Itza, uma das 7 maravilhas do mundo e Uxmal, o auge da construção Maya em termos de perfeição de detalhe e organização.

No caminho entre elas entramos já no ritmo mexicano. Sempre por estradas secundárias e em horários que fogem dos cardumes de turistas, atravessando pequenos pueblos e cidades coloniais esquecidas.













Agora estamos em Uxmal, a ultima cidade Maya a visitar antes de ir de encontro à costa do Golfo do México. Dormimos numa hacienda convertida em hotel que já recebeu famosos hospedes, Gandhi, Kennedy, a rainha de Inglaterra e Nelson Mandela... Ontem ficamos num alojamento totalmente diferente, um acampamento Maya no meio da floresta que envolve Ek Balam. Básico, rústico mas cheio de charme tropical.

Do topo da torre de observação podemos assistir ao nascer do dia e ao despertar de milhares de animais que vivem nesta imensa selva tropical. A cortar a planície, a grande pirâmide de Ek Balam é a única que nos faz companhia. Agora vamos sair definitivamente da rota turística e entrar no México real. Vamos passar por Campeche e acompanhar a costa do golfo até mais uma noite rústica numa praia deserta em Isla Aguada.












Dia 12 de novembro de 2010 - Bienvenidos a la Selva

Ao longe uma silhueta corta o horizonte, ergue-se imponente e quase assustadora de tão alta.... chegamos às montanhas dos Chiapas

Toda a planície de Yucatan é plana, as únicas elevações são as construções Mayas. Uxmal, foi construída precisamente no ponto mais alto da península e isso contribui e muito para a sua beleza.

No entanto o que destaca Uxmal de outros locais arqueológicos são sem duvida a perfeição e detalhe dos baixos relevos e esculturas que encontramos nos seus preservados edifícios.

Seguimos para a costa do golfo até à cidade que dá nome a esta província, Campeche. Os seu centro histórico, repleto de casarões coloniais e cercado por uma longa e preservada muralha, chamou a atenção da Unesco que a considerou patrimônio da humanidade.











Descemos a costa do golfo acompanhados por dezenas de pelicanos enquanto o sol desce sobre o mar.

Por aqui o dia começa e termina cedo, são 12 horas certinhas de luz, das 6 às 6, algo que nos faz terminar a jornada diária quando o sol toca no horizonte.

Dormimos num hotel mexicano na praia de Isla Aguada, à nossa volta estende-se a enorme Laguna de Terminos, um complexo de mangues, praias, lagoas e pântanos que alberga um dos mais ricos parques naturais do México.

Entramos em Tabasco e o "Pantanal Mexicano" continua, é impressionante a semelhança com o seu mais famoso irmão brasileiro.












Tabasco tem várias atrações, mas as enormes cabeças Olmecas são sem duvida a maior de todas elas.

Esta civilização que precedeu os Mayas e viveu por esta região em 700AC deixou-nos extraordinárias esculturas e enormes cabeças mas pouca ou nenhuma inscrição pelo que a sua historia continua ainda envolvida num intrigante mistério. Agora estamos em San Cristobal de las Casas, a capital da selva Lacandone encaixada no meio das montanhas dos Chiapas.

Para cá chegar tivemos a etapa mais longa e dura desta viagem, 460 quilômetros de estrada de montanha que ultrapassam os 2000 metros de altitude.

Estrada que muitas vezes deixou de existir depois de desabamentos que levaram tudo para o violento rio que corre no fundo do vale.

Depois de um dia duro merecemos o primeiro dia de descanso, vamos descansar, beber uma tequilas e desfrutar de todas as mordomias da fantástica Hacienda Museu Na Bolom.




15 de novembro - O Éden Lacandone

Se há lugar onde a perfeição entre o homem e a natureza é pura, então é aqui. Passamos os últimos 3 dias a cruzar toda a selva lacandone, das altas montanhas dos Chiapas ao parque natural de los montes azules na fronteira com a Guatemala.










Descansamos durante um dia em San Cristobal de Las Casa, a capital Zapatista, uma cidade com uma vibração incrível reunindo indígenas de variadas etnias, campesinos das montanhas e viajantes de todos os cantos do mundo.

O dia de descanso não foi assim tão descansado, todos optaram pela visita ao Canon del Sumidero, um canyon com paredões com mais de 1000 metros de altura que estrangulam um rio repleto de vida selvagem.

Voltamos à estrada para um dia relaxado. Apenas 200 quilômetros até Palenque atravessando as montanhas forradas de floresta. Almoçamos nas cascatas Água Azul, uma sequência de rápidos e cascatas de água turquesa envolvida em selva pura.

Depois foi altura de nos refrescarmos na cascata Misol-Ha, uma queda de água simplesmente perfeita.










Chegamos a Palenque ao por do sol, um local famoso entre comunidades hippies e viajantes de todas as origens que povoam a selva ao redor das famosas ruinas. Depois de jantar tivemos direito a um espectáculo de dança e fogo ao som de tambores e flautas inebriantes.

Adormecemos ao som dos nossos vizinhos macacos uivadores que habitam na floresta bem atrás das cabanas onde estamos alojados.

As ruínas de Palanque são das mais importantes do mundo Maya. Embrenhadas no interior da selva.

Ontem avançamos ainda mais para dentro da selva Lacandone, cruzamos a reserva da Biosfera dos Montes Azules na direcção das ultimas aldeias puras Lacandones, a única etnia nativa que nunca foi conquistada pelos colonizadores espanhóis.

Na pequena aldeia de Nahá, a mais preservada comunidade indígena com menos de 400 indivíduos, conhecemos o seu líder espiritual e ficamos a saber que o seu verdadeiro nome é hach winik "homens verdadeiros" e que são descendentes directos da antiga civilização maya, mantendo até hoje muitas das suas divindades e cerimônias.

Chegamos cansados mas muito satisfeitos ao Campamento Rio Lacanja, um Eco-lodge criado e gerido por Lacandones. Amanhã vamos ter outro dia duro, vamos para a Guatemala.











Dia 16 de novembro de 2010 - Uma Visita ao Inframundo

Podemos definir a nossa passagem pela Guatemala assim. Dois furos, uma pista dura e um calor terrível.

Começamos com uma caminhada ao nascer do sol pela selva que envolve a nossa cabana no Campamento Indigen.












Nada que não se resolva com mergulhos aqui e ali em águas quentes e límpidas.

Começamos com uma caminhada ao nascer do sol pela selva que envolve a nossa cabana no acampamento Indigena.

A meio da caminhada um rio transparente obriga ao primeiro mergulho do dia.










A pouco quilômetros embarcamos numa canoa para um dos pontos altos da viagem... 30kms de navegação rio abaixo na direcção de Bethel na Guatemala. Na selva envolvente macacos uivadores acompanham toda a viagem.

A Guatemala recebe-nos com uma pista dura que nos leva ao Lago Petén, o berço de toda a civilização Maya.

Terminamos o dia no Jungle Lodge bem na entrada de Tikal, a mais impressionante zona arqueológica desta viagem

Novo dia e nova caminhada, desta vez para assistir ao nascer do sol do topo de uma das pirâmides.

De volta à estrada vamos agora a caminho do Belize, pelo caminho temos mais alguns mergulhos para dar e o mar das Caraíbas à nossa espera.










Dia 18 de novembro - AS CORES DO BELIZE

Tikal vai ficar na memória, o enquadramento destas ruínas é absolutamente incrível. A cereja no cimo do bolo é mesmo o nosso alojamento onde o serviço de despertar fica entregue aos barulhentos macacos uivadores.

a sua integração na selva é total, algumas estruturas estão ainda cobertas de vegetação, musgo e na sombra de gigantes como este.










A entrada no Belize é sempre um processo demorado mas assim que entramos o colorido do país depressa nos faz esquecer da antipatia dos guardas da fronteira.

Ficamos num pequeno hotel em Hopkins, o coração da cultura garifuna e um pequeno paraíso na costa do mar das Caraíbas

Na manhã seguinte desfrutamos da praia e das águas mornas deste mar.

Mas há mais do que praias neste pequeno país e depois de mais um colorido pequeno almoço voltamos à estrada para percorrer uma das mais bonitas pistas da viagem atravessando dois parques naturais.

Pelo caminho absorvemos a good vibe que emana de tudo neste país, das florestas, do som, das cores vibrantes da sua costa...









Agora estamos de volta ao México, chegamos a Mahahual e vamos desfrutar do segundo dia de descanso da viagem aqui nestas águas.

Daqui para a frente o mar das Caraíbas vai nos fazer companhia em todo o percurso e nós vamos aproveitar todos os quilômetros que restam.



20 de novembro de 2010 - Dois dias debaixo de água

Poucas palavras conseguem descrever os últimos 2 dias. Descanso numa praia perfeita das Caraíbas.
Mas para concluir esta viagem da melhor maneira nada como uma bela tempestade tropical.
Abrigados em singelas cabanas de junco com o mar como quintal.

Depois para a despedida das motos, uma pista de 100 quilômetros transformada em rio.
Uma pista que vai ficar na memória de todos, tanto pela paisagem como pela experiência de viajar de moto debaixo de uma tormenta tropical.

Amanhã terminamos a rota e descansamos em Playa Carmen...












Mergulhos na reserva da biosfera Chinchorro com um atol de coral inteiro só para nós.