Rotas

ESTRADA REAL POR LOUIS E WAGNER LIMA

Quero agradecer aos amigos Louis e Wagner em fornecer ao Rotaway o relato da passagem pela Estrada Real.


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ESTRADA REAL

Eu já estava ficando descoroçoado. Feriadão à vista e sem possibilidade de sair.

Sábado: casamento de um grande amigo, e seriamos padrinhos.
Domingo: segundo turno e previsão de chuva. Ê dureza.

Mas é quando tudo está lascado mesmo que as coisas começam a se ajeitar.

O pessoal do BMW Riders que marcou passeio pela Estrada Real a partir de sábado, iria almoçar no domingo em Cruzeiro-SP, hummmm..... olha a chance ai. Na pior das hipóteses, se chover canivete, tem passeio e almoço em Cruzeiro. Vamos nessa!

Domingão, levantar cedo, preparar as tralhas, votar, e lá pelas 10h já estava de saída. Lá pelas 13h já estava em Cruzeiro procurando a casa do Nilton e da Mara.

Causo 1 – GFS

Para vocês que não conhecem essa maravilha destecnologica, GFS é a sigla para Global Frentista System. O melhor sistema de orientação e navegação já inventado.

Parei num posto e perguntei pela rua. Segui as indicações e quando achei o corguim comecei a procurar a rua. Como não achava e tinha outro posto logo ali, fui perguntar:

- taaarde moço. Sabe onde fica a rua Duque de Caxias.
- Uuhhnnn...... Ôce vai na casa do Niltô?
- Vou sim.
- Ah, vem aqui. E saiu andando, e me levou até a porta da casa que era ali pertim.
Fantástico o GFS não?

Estrada Real – etapa 1 Passa Quatro – Caxambu

Depois de um excelente almoço no alto da Serra (Estalagem Usina Velha – MG158 prox a Passa Quatro), partimos eu e Wagner para nossa aventura. Os outros companheiros que iriam tiveram diversos problemas e só sobraram nos dois. Então vamos lá.

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Este é o marco da E. Real no pé da serra da Mantiqueira, na SP 052 próximo a Cruzeiro. Como iríamos almoçar e o restante dos companheiros estavam com “motos inadequadas” rs rs rs pulamos esta trecho. Mas ele deve ser muito interessante, subindo a serra e segundo o Nilton passando próximo ao túnel da estrada de ferro. Qualquer hora volto lá pra conferir.

Acima vemos uma placa afixada no marco da E. Real. Muito interessante.

Pegamos a Estrada Real em Passa Quatro e confesso que até agora não sei como chegamos em Caxambu. Ainda bem que o Wagner estava com o GPS e tinha a rota marcada, pois é muito difícil seguir a estrada somente pelos marcos. Passamos por diversas vilas e bairros, onde é fácil se perder.

Apesar do tempo feio, não choveu e a estrada estava seca. Comi bastante poeira.
A navegação é difícil nesse trecho, mas a pilotagem é tranquila.

As amarelinhas estavam tão limpinhas....


Estrada Real – etapa 2 Caxambu – Tiradentes

O dia não amanheceu com boas caras. A chuva iria cair a qualquer momento.

Logo na saída começaram nossos problemas. Precisávamos sair para o sul para pegar a terra, mas o GPS insistia em nos levar para o norte, para o asfalto. Fomos até a saída da cidade e voltamos em sentido contrario. Pergunta daqui pergunta dali, e o pessoal também insistindo em apontar o caminho pelo asfalto. Depois de muito pelejar conseguimos encontrar o marco e iniciamos a aventura do dia.

A estrada estava bastante molhada com diversas poças de água. De repente o Wagner parou e perguntou: baixou?? Olhei o pneu traseiro e disse, baixou, mas acho que ainda dá pra ir rodando. Continuamos por mais uns 200m e ele parou de novo. Agora foi de vez.

Caramba, 15 min de estrada e já um pneu furado. O Wagner desceu da moto e começou a empurrar devagar para ver o porque do pneu murchar.

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Nem vou falar nada, vejam as fotos.

O que será esse objeto no pneu?

Bom, não dava pra acreditar naquela “coisa” enfiada no pneu. O que seria aquilo. Era muito grande. Como aquilo foi parar lá?

Tentamos puxar com a mão mas ele nem se mexia. Peguei um alicate e tentamos puxar a “coisa”, mas estava difícil.

Resolvi partir pra ignorância já antevendo uma videocassetada. O Wagner segurava a moto e eu puxaria a coisa. Força, força, puxa, vira, puxa e a coisa vai saindo, com muita luta. Tava parecendo aqueles filmes de pastelão antigos, onde o dentista punha o pé no peito da vitima pra arrancar o dente.

Segura ai Wagner que agora vai. E fui. Me estatelei de costas na estrada enlameada, mas arranquei aquele mardito. Não sei porque o Wagner não parava de dar risada com a cena.

A coisinha que entrou no pneu (foto acima)

Dá pra acreditar no tamanho da criança? Um preguinho de fixar trilho de trem.

Um pessoal que passava pela estrada informou que “logo ali” a uns 50m tinha um borracheiro. Olhamos a estrada e não vimos nada nos próximos 500m. Mas... vamos em frente!

Depois de empurrar a moto por uns 500m até uma curva e não ver nada adiante o Wagner parou e já estava disposto a tirar a roda. Nisto passa um carro e o motorista diz que “logo ali” a uns 50m tinha um borracheiro. Again? Desta vez fui na frente averiguar, e realmente a uns 100m tinha um borracheiro. Sortudo esse Wagner, né.

Pneu consertado prosseguimos a viagem. Estradinhas molhadas mas tudo sob controle.

Quando passamos por Cruzília despencou a maior chuva. Paramos pra colocar as capas e esperamos bem uma meia hora pra chuva diminuir um pouco. Logo que saímos da cidade o Wagner avistou uma entrada e por lá foi. Depois de uns 10 minutos estávamos no meio de um cafezal. Meia volta e pega outra estradinha. Por incrível que pareça, um senhor de bicicleta estava descendo em sentido contrario.

O Wagner perguntou como pegar a Estrada Real. (aonde estávamos dava pra ver uma estrada paralela que deveria ser ela). O veinho falou pra ir pelo asfalto, e só depois de 5min de muita conversa é que informou o “ataio” pra pegar a estrada.

O ataio

Pegamos o atalho (1a a direita como sempre) e fomos em frente. Aquilo tava com cara de trilha. Mata fechada, piso escorregadio devido a muitas folhas molhadas no chão. Estradinha super estreita e começando a ficar esquisita. Wagner para, consulta o GPS entra a direita e começa uma subida. Conforme a gente vai subindo o barranco nas laterais da estrada também vai crescendo. As arvores vão fechando e não dá mais pra ver o céu. Vai ficando escuro. A estradinha fica cada vez pior, são varias cavas por onde desce a água da chuva, no meio da estrada e o único caminho é nas beiradas, e os barrancos crescendo. De repente o Wagner para, no meio da subida. Putz, agora ferrou. Parei e o barranco tinha pra mais de 4 metros de altura, e as arvores lá em cima.

As raízes saiam do barranco e vinham em direção a estrada. Continuamos a subida, os barrancos foram diminuindo e as arvores rareando. Mais uns 500m e encontramos a Estrada Real. Ufa, que alivio. Ô lugarzim tenebroso.

Agora começava a parte mais divertida do passeio. A chuva voltou com força. E nós fomos em frente. Muita lama, muitas poças dágua. O Wagner tava bem calçado com o Karoo T (biscoitão) mas eu estava de AnakeeII, então tinha que ir mais devagar e com mais cuidado.

Mais uma meia hora e a chuva parou. Agora começava um trecho com muitos mata burros, só que na maioria os trilhos eram colocados no sentido da estrada, e com um espaçamento que faria os pneus de uma moto ficarem facilmente presos. O truque é passar a 45 graus.

Já tínhamos rodado mais de 50km quando entramos em um trecho, típica estrada de fazenda, que ia serpenteando de um lado pro outro de um morro. A estrada dava a impressão de estar seca, mas a lama grudava nos pneus e não saia.

Parei numa reta pois a moto estava dançando muito. Pensei: agora foi meu pneu que furou. Quando pus os pés no chão entendi. Aquele chão parecia seco, mas era uma lama super escorregadia.

Mais uns 2km e um entroncamento com outra estradinha. E agora, esquerda ou direita.

Vi a trilha do pneu do Wagner no chão. Pra esquerda. Mas ele fez a curva muito fechada, deve ter parado e virado. Como estava no embalo fiz mas aberta, passei numa poça d’água e... chão. Nem deu tempo de pensar. Tentei levantar a moto e não consegui.

A GS800 tem esse “defeito” em relação as suas irmãs maiores. Uma GS1200 tomba e fica a uns 45 graus do chão. O motor não deixa ela deitar. A 800 deita mesmo. O pneu traseiro fica a uns 20cm do chão. Na hora de levantar, apesar de mais leve é bem mais complicado. Haja braço.

Logo o Wagner voltou, levantamos a bichinha e prosseguimos.

Estávamos a uns 10-15km de Carrancas quando a estrada piorou mesmo. Muita lama nas partes baixas, formando atoleiros de 100 a 200m. O jeito era escolher uma trilha, manter o embalo e encarar.

Rebolava de um lado pro outro mas passava. O mais assustador eram as escorregadas de frente. Mas acho que o próprio excesso de lama segurava a roda.

Mas como nada que esta ruim não pode piorar, a uns 5km de Carrancas, por incrível que pareça começamos a encontrar “transito” na estrada. Foram diversos carros e caminhões. O difícil é quando você está no meio do atoleiro e o fdp do caminhão não alivia, não pode esperar 10 segundos pra você sair dali e vem pra cima. Desviar de caminhão em atoleiro é o fim da picada. Grandes filhos de uma grande fdp.

Infelizmente não tenho fotos deste trecho. A câmera ficou no bolso da jaqueta e molhou. As mãos que já estavam sujas de lama, ficaram imundas depois do tombo. Impossível segurar qualquer coisa, ainda mais aquele botãozinho pequenininho pra ligar a câmera.

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Chegamos em Carrancas e fomos almoçar. Uma truta deliciosa com direito a todos os molhos da casa. Restaurante Adobe, na praça da igreja. Muito bom.

Já eram umas 16 horas, já havíamos percorrido mais de 120km de terra e lama e a chuva continuava forte. Pegamos o asfalto para Tiradentes.

Tiradentes, marco da Estrada Real.
 
 
 
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Comentários (8)

4/8/2011 22:17:59
LECO
Fala Jovens!!!
Parabens pela viagem e parabens pela narrativa perfeita! Me senti todo cheio de lama !!!
Tenho muita vontade de conhecer essa Estrada, mas para isso tenho que trocar minha RT por uma GS!
abraço!
mcmotocando.wordpress.com
 
13/11/2010 18:24:58
LUIZ CLAUDIO HERMETO
Louis e Wagner, muito legal esta Estrada Real. Moro em Salvador e quer em Março ou abril do ano que vem conhecer estes mesmos caminhos. Só os conheço por fotografias e relatos como de vocês. Um grande abraço, Hermeto
 
12/11/2010 15:47:52
EVANDRO TAVARES
Grande Wagner e Louis, que viagem fantástica. Narrativa perfeita, parece que estava ali participando de tudo. Parabéns aos aventureiros.
abração a todos.
 
10/11/2010 14:49:28
WILTON ZERBETTO
Gde LOUIS, vc tá ficando aventureiro mesmo hein!!! Parabéns pela viagem a vc e ao Wagner.
um forte abraço
Wiltão
 
8/11/2010 17:29:26
MARCELO DOURADO
Louis e Wagner! Parabéns de verdade! 2 dos sobreviventes da turma da EReal... hehehe.. depois de muitos planos, só vcs começaram e terminaram o programão!
Abração
Marcelo
 
8/11/2010 16:53:55
DANILO
Parabens Parabens ANAKE II é para macho na ER.
Fiquei na vontade de ver algum registro (foto ou imagem) mas o relato está show.......
Tá faltando para mim fazer O.Preto Diamantina vão bora, anima?
 
8/11/2010 13:10:32
FERNANDO PEDROSO
Wagner e Louis,
parabens pela viagem, pena so termos almocado na serrinha, da proxima vamos junto, bela viagem,
abs
 
8/11/2010 12:25:51
PEDRO HENRIQUE ZANATA
Show de bola! Só conheço asfalto. Agora tb tenho uma GS 650 e quero fazer o mesmo que vcs! Passa aí as dicas. Abs, Pedro Henrique (Campinas SP)
 

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