Rotas

NORDESTE DE KTM

 
Nordeste - fase I - seguindo a bússola até Natal

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BH-NATAL É MOLEZA: BASTA SEGUIR A BÚSSOLA
Acordei às 6h30 e fui jogando roupa, ferramentas, mapas, escova dental e o diabo a quatro nos bauletos.

Claro que assim consegui lotar os 2 bauletos laterais com não sei o que até agora. Cada vez que abro e olho, não acredito no tanto que tranqueira me enfiei lá. E justamente eu, que uso os 4 lados da cueca.

Saí de casa por volta das 7h30 e 3 horas depois ainda estava a João Monlevade, a 100km de BH. Obras na pista, estrada fechada e um congestionamento após o outro.


SURUBA NA BR 116

Após passar por Teófilo Otoni, a BR116 vira uma suruba até Feira de Santana. Ninguém é de ninguém.

Pista da direita indo? Esqueça.... Faixa contínua? Esqueça.... Esqueça tudo o que você aprendeu sobre setas, ultrapassagens, acostamento. O puto do motorista da carreta sai do acostamento da esquerda e vem na maior cara dura, nem piscando farol, e começa a rodar no acostamento da direita. O menor que saia da frente e pronto. Tive que cair para o acostamento umas 4 vezes para não saber como é por dentro um motor Scania.

Acho que todos os fretes do país passaram por lá no dia 08/12. Os carreteiros formam aquela fila de 15 carretas e não dão espaço para entrar nem uma motoquinha. Não abrem mesmo para ninguém.

Conseqüência: 40km/h, segunda, terceira e quarta lambendo os 8000 rpm....140km/h e freia forte...começa tudo de novo. Não agüentava mais ler "GUERRA é paz na estrada" ou "Carreta é Randon".


NOVA FUNÇÃO PARA O PI

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Quer saber quantos km/dia você faz na Argentina ou no Chile?

Simples: rode um dia na 116 no norte de Minas e sudoeste baiano e multiplique por 3,14159265. Rodei uns 850 km e dormi em Vitória da Conquista. Na verdade, a viagem só começou a render um pouco por volta do meio dia. E para rodar menos que isso é melhor nem tirar a motoca da garagem.


GAROTAS DADIVOSAS
Tentei dormir no Hotel São Paulo, na entrada de V. Conquista, mas estava cheio. Por 20 réus, tinha que estar mesmo. Quando da negativa do cara da recepção, as garotas dadivosas, perfumadas e com as saias curtas e coxas grossas olharam com ar de "perdemos um cliente". Elas que não sabiam do assunto do próximo tópico....

Dormi em um outro hotel caro (51 réus, sem A/C e sem dasayuno) e ruim.


XILOCAINA AUSTRÍACA

As vibrações da motoca deixaram as partes baixas totalmente anestesiadas. Se eu não fosse um homem muito fiel à minha esposa e pensasse em contratar os serviços afetivos das senhoritas dadivosas, passaria vergonha se tentasse ativar o brinquedinho de armar.

Putz...banco de rally uma ova.... O seu único objetivo é picar o piloto no meio.


MANDE UM RECADO, POR FAVOR

O meu traseiro gordo pede para avisarem ao banco da DL 1000 Landau V-Strom que está com saudade dele. PS: ainda bem que estou fora de casa, pois senão passaria vergonha com a patroa.


SUSTO

Subindo uma bela estrada, 140km/h, sozinho, a chuva tinha parado, pista molhada. Eu tranqüilo próximo à faixa amarela No inicio da descida uma carreta seguindo a 40km/h na minha frente e uma outra vindo acelerada no sentido contrário.

Não dá mais para jogar para o acostamento. Tento freiar e acabo tendo simultaneamente que mirar entre as duas. A traseira começa a travar por causa da água. Daí a pouco é a vez de perder também a dianteira quando passou pela faixa amarela. Deu tudo certo e consegui reduzir a tempo. Mas não fui eu: foi a mão do senhor Bom Jesus do Matozinhos lá de Conceição do Mato Dentro.


SEGUNDO DIA

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Rodei uns 900 e poucos km de V. da Conquista até Teotônio Vilela - AL.

De Jequié a Feira de Santana uns motociclista que estavam no trevo perguntaram qual o meu destino e foram me guiando até Feira. Paramos para tomar um café no meio do caminho. Me deixaram em Feira e segui sozinho.

Em Teotônio Vilela tive que dormir num hotelzinho bem fuleiro - 20 réus - sem ar e com um calor infernal, banheiro coletivo e uma turma de jipeiros aprontando a confusão no hotel e na cidade. E dois amigos bêbados me ligaram de madrugada me alugando. Não dormi bem depois do susto na madrugada e abandonei o pulgueiro às 5h e dá-lhe estrada.

Ah....já ia esquecendo....fui bater um prato em um restaurante que é na verdade uma oficina mecânica. De cara uma "buchadinha de bode" e uma travessa com não sei quantos tipos de carne gordurosa e feijão. Acompanhado por uma Boêmia. Conta total: R$8,00. Bom demais.

Agora estou pensando: será que perdi o sono foi pelo telefonema na madrugada mesmo?


TERCEIRO DIA

Rodei mais uns 600 e poucos km e cheguei em Natal.

Ao contornar João Pessoa, ligue para o João Maia e ele e sua esposa Dona Lurdinha foram que receber na estrada com a sua reluzente Vulcan 1500 Nomad.

À tarde formos rodar pela cidade, tomamos uma cervas e comemos uma panelada de carne de sol com um punhado de coisa lá dentro. Não sei o que era, mas estava com demais.
Depois conto mais sobre triciclos nas dunas em Natal e a descida até Maragogi, pois a lanhouse está fechando.

Putz.... ninguém me deixa escrever muito......rs....


Nordeste - fase II - Natal EM NATAL COM O JOÃO MAIA E FAMÍLIA TRO-LO-LÓ

Como eu havia dito no capítulo anterior, o João Maia e a Dona Lurdinha foram me receber de Vulcan 1500 Nomad na chegada da cidade. Fui muito bem recebido pelos dois e pelo filho. Eu me senti realmente em casa, embora soubesse que estava abusando em aceitar o convite para me hospedar com eles.

O carinho e a atenção foram tão grandes que o João Bichin Maia chegou a fuçar as minhas bagagens a procura de roupa suja e colocou camisas, meias e cuecas para a Dona Lurdinha lavar. Aí que fiquei sem graça mesmo.

É claro que ficou também um pouco de revolta, pois agora estou tendo que sujar roupas em dobro, pois se chego em casa e não coloco a Karla para esfregar as roupas no tanque e deixar as minhas cuecas (com os 4 lados usados) limpas, ela pode acabar se acostumando. Só falta ela pensar que não sou do tipo "marido moderno". O negócio comigo é linha dura mesmo.


O MÍTICO JOÃO MAIA

Sempre admirei muito esse grande motociclista. Já sabia dos seus grandes conhecimentos técnicos e aventuras incríveis. Mas o contato mais estreito com a família Maia acabou por me impressionar.

O João Barsa Maia é uma enciclopédia ambulante. Do seu jeito tranqüilo e simples, sempre contava grandes histórias. Rodamos o mundo nas suas aventuras. Conversamos sobre geografia, religião, oriente médio, máquinas e motores, rock internacional e tudo mais e o cara dava aula de tudo. É impressionante mesmo.

E os filmes e fotos da sua última viagem Natal-Curitiba-Foz-Atacama-Peru-Bolivia-Corumbá-Chapada Diamantina-Natal são incríveis. Em tempo..... foram só ele e esposa, de triciclo (do Alemão), durante 56 dias, 16000km, sendo que na Bolívia foram pilotando por toda a estrada. Nada de trem da morte. O negócio era encarar tudo o que aparecia pela frente.


PASSEIO DE BUGUE É COISA DO PASSADO

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No primeiro dia em Natal, ou melhor, na primeira tarde e noite, fomos passear pela orla, comer umas comidas típicas No segundo dia, o João Tricicleiro Maia tirou a capa do seu triciclo e me levou para um passeio pelas praias no litoral sul.

Deu a louca no cara e ele decidiu meter o triciclo nas areias da praia. Pensei: não vai prestar....... E não é que o bicho andou bonito mesmo nas praias!

No terceiro dia, o João tinha agendado um passeio de bugue para mim. Quando a lacraia chegou, já estava com outros 3 marmanjos, além do motorista. É claro que não me coube.

Mas estava conosco um buggueiro e tricicleiro "peça rara" demais, chamado Batista. Vendo a situação, o Batista, também aposentado como o João, decidiu que iríamos nos 2 triciclos fazer os passeios pelas dunas. Pensei de novo: não vai prestar.....

Jogamos as calibragens para 10 libras e os triciclos subiram aquelas dunas todas numa boa. Rodamos todo o litoral norte. Como o Batista é figurinha carimbada no pedaço, por onde chegávamos éramos muito bem tratados. E ele, com a experiência que tem no seu buggy, nos levou para cada lugar fantástico. Feitos todos os programas de turistas de Natal (só que com muito mais aventura), era hora de começar a descida.

Mas isso já é outra história......


Nordeste - fase III - KTM na areia

RECIFE E PORTO DE GALINHAS....OPS...

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Saí cedo (ta bom, não tão cedo assim....) da casa do João Maia em Natal. KTM abastecida, cruzei a Paraíba. Pela primeira vez na viagem a policia me parou.

Perguntaram sobre moto: consumo, velocidade, origem etc. Nem pediram os documentos. Êta país danado... 3000km e os documentos guardados....

Cruzei Recífilis, a venérea brasileira......brincadeira.....

Estiquei até Porto de Galinhas para almoçar no Beijupira. Como sempre, o Beijupitanga estava nota 10.

Mesmo com o calorão dos capetas, ainda fui comprar um tranqueira de uma galinha de barro que a Karla havia encomendado. Pergunto eu: qual a chance dela chegar inteira em BH, se eu não freio em nenhum quebra molas?......rs....

Depois de Porto de Galinhas, fui buscando umas estradas de terra para poder chegar na via litorânea até Maragogi, evitando a BR 101. Caminho legal demais para uma big trail. Estrada batida e, vez por outra, areião que chega de uma vez.


KTM NAS PRAIAS

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No segundo dia em Maragogi, enfiei a motoquinha na areia. Desci para a areia na cidade mesmo e fui rodar nas praias do norte. Voltava para o asfalto só para conseguir atravessar os rios. As praias foram ficando cada vez mais desertas e com areia bem fofa mesmo.

Mesmo rodando bem rente ao mar (êta que lá im Minas tinha que tê um trem desse, sô...), estava afundando demais.

Eu não tive como reduzir a pressão dos pneus porque o compressor do borracheiro estava estragado e, embora que estivesse com um calibrador manual, não teria e certeza de que conseguiria encher os pneus novamente.


LEVADINHA

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Chinelão 45/46, bermuda, camiseta e capacete: isso que é pilotar equipado. "Quase tombos" foram uns 10, mas tombo mesmo, nenhum.

Sola de pé arrancada pelas várias lambidas nas curvinhas mais rápidas para poder conseguir entrar leve na parte fofa da areia.

Mas por 2 vezes a moto afundou até a balança na areia. Ela ficava em pé sem o descanso lateral e com a corrente atolada até o talo. Os pneus estão com aparência de novos: totalmente lixados.....rs...

Com a maré subindo, tive alguns problemas e foi inevitável acelerar com algum vigor com quase um palmo de água. Não andei rápido por não estar equipado e por estar longe de casa. Mas que deu vontade, isso deu.

A moto foi nota 1000. Mesmo sem levantar a dianteira, ela encarava alguns coqueiros caídos na praia sem maiores problemas.

Só parei de seguir ao norte quando fui interceptado por dois caras armados com espingarda. "Cabra, isso aqui é propriedade particular".

Fiquei com medo de pegar tétano em função da ferrugem nas espingardas. Achei melhor voltar, até porque estava sem água. Pena ter que parar de curtir aquele "torquão" a baixos giros e suspensões excelentes.


LAVADINHA

Chegando de volta a Maragogi, a motoquinha ganhou um merecido banho, com direito a óleos, cremes, ceras, perfumes e tudo mais que tinha lá na pocilga onde a lavei.


BOHEMIA E MERGULHO

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Após o banho na motoca, uma cerveja e um peixe enquanto aguardava a saída para o mergulho. Devidamente alimentado e hidratado, parti para o mergulho....tá bom, flutuação....

Legal demais o mergulho nas galés, a 6 km do continente.

No barco, gente do mundo todo. Como sou um "troglodita" (designação para quem é fluente em 8 idiomas, fora o esperanto.....rs....), acabei batendo uns papos. Coisa ridícula....acho que eu parecia um orangotango: gordo, cabeludo e gesticulando a valer.... Êta caipivodka intercontinental que fez efeito....


O FUTURO A DEUS PERTENCE

Amanhã cedo parto para Aracaju. Depois Penedo, foz do Rio São Francisco, linha verde, Salvador, Boipeba, Trancoso e "vamo que vamo" até o natal chegar ou o dinheiro acabar. Não sei quantos dias vou ficar em cada lugar e nem até qual ponto descerei, mas irei sempre pela estrada beira mar. Pelo que deu para saber por aqui, vai ter muito caminho de terra. Excelente para uma big trail. E pelo show que a KTM deu na praia, ainda vai dar para divertir muito, apesar de começar a entrar em capitais.
Como é tudo perto, posso ir "minguando a toada"


Nordeste - fase III,35 - mais praias

No último capítulo dessa história que parece estória, eu tinha feito aqueles passeios incríveis de moto pela areia das praias ao norte de Maragogi-AL, até quase a divisa com Pernambuco.

A etapa seguinte foi Maragogi-Maceió, que duraria uns 125km, ou seja, uns 70 minutos pela estrada dos mortais. Mas....claro que, sob o efeito "areístico" da máquina mortífera austríaca, acabei traçando novos rumos.....

Vamos lá...


QUAL A MENOR DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS?

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Não sei, não quero saber e tenho pena de quem sabe....

Os 125 km acabaram virando 170km e os 70 minutos, 7 horas. Inventei que iria entrando em cada estradinha ou areião e que evitaria ao máximo a estrada litorânea asfaltada. Não podia ver uma biboca que entrava para a esquerda até alcançar a praia.

Não seguia sempre a areia, pois há muitos rios desembocando e eu estava com os 3 bauletos cheios (de que eu não sei....como é que fiz isso???) e pesados (tá lembrado que tem até galinha de barro lá?). Mas escolhia sempre o caminho de terra ou areião que unia as praias. Só voltava para o asfalto se não tivesse jeito mesmo.


GPS

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Não que seja fundamental o GPS, mas com ele deu para ter muito mais segurança de quanto eu estava me afastando da estrada e a qual distância eu estava da próxima vila.

Decidia se voltava para o asfalto ou seguia pela terra. Impressionante como boa parte dos lugares está no GPS ao zoom de 3km. Foi útil.

Quando tinha que me afastar da costa, também era útil, pois os cruzamentos....ops....normalmente não têm sinalização e ninguém por perto (graças a Deus....) para dar informação. Ponto para o GPS.



ROTEIRO DO DIA

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De Maragogi a Maceió, dentre outras praias menores, passei e/ou parei e/ou fotografei e/ou me hidratei em Japaratinga, Bitique, Barreiras (peguei balsa para Porto das Pedras), São Miguel dos Milagres, Camaragibe (incrível), Barra de Santo Antônio, Carro Quebrado, Paripueira (inacreditável a beleza de lá) e Riacho Doce.

Cheguei em Maceió, arrumei o primeiro hotel que encontrei e fui para roteiro de turista tradicional: barraca de praia, cerveja, um sururu (prato típico da capital alagoana) etc.

Rodei pelas praias de Jatiúca, Ponta Verde (onde fiquei hospedado), Pajuçara, do Porto, Farol, centro etc.


TEM IDIOTA PARA TUDO NESSE MUNDO

Cheguei numa barraca de praia, tirei o chinelo e a camiseta (tinha que enfeitar a praia com o meu barrigão) e pedi um almoço e uma cerveja. O garçom voltou e disse: "mesa, cadeira e sombreiro custam R$5,00". "Mas eu vou consumir aqui; até já fiz o pedido". Ele disse que não tinha jeito.

Aí eu retruquei: "então pode tirar tudo, mas onde você vai servir a minha comida?" Vesti a roupa, arrastei o chinelo até a barraca ao lado, comi e bebi bem demais e dei uma "gruja" de 5 réus para o garçom do bar vizinho, que me recebeu como pessoa, não como um banco.Não foi pelo dinheiro, claro; mas pela forma como se relacionaram com ele $$$. Se há idiota que paga, eu não sou um deles.


AMIGO DA MADRUGADA

E não é que às 2 hora da manhã - horário de Brasília - 3 horas da manhã no horário dos peixes, o meu celular toca!!!! Era um amigão meu de BH dando os parabéns pelo meu aniversário E ele e a esposa não paravam de falar e eu querendo votar a dormir.
Desligaram.....

Já que não tinha nada para fazer, fui dar um "mijão". Cantei "parabéns prá você" prá mim no banheiro e voltei para a cama...


ANIVERSÁRIO

Depois do telefonema, vi que naquele momento eu completava os meus 22 anos (de motociclismo....hehehehe....), com aparência de 35 anos, pois já rodei muito em estradas de terra.....rs.... E com corpinho de 18......arrobas.....


ROTEIRO MACEIÓ PARA O SUL..... E AVANTE....

Saí cedo de Maceió (gostei de lá, mas capital não faz o meu estilo...) e segui as premissas do dia anterior: evitar a MENOR distância entre dois pontos, privilegiando a MELHOR distância entre eles.

Mais uma vez, muita estrada de terra e areia. Tentava achar os caminhos que ligavam as praias. Por duas vezes me vi atolado até a balança traseira, com os tanque lotados, os 3 bauletos cheios e aquela maldita galinha de barro infestando a minha mente....será que está inteira até agora?
Tira os esticadores, tira bauletos, puxa a motoquinha, coloca os bauletos, atola de novo....e se não fosse assim, não teria graça.

Os 165 km de Maceió a Penedo-AL viraram 220km....em 8 horas....Acredite...

Deu para curtir muito as seguintes praias: do Francês, Barra de São Miguel (com belas casas), do Gunga (impressionante beleza, apesar de um pouco movimentada demais), Lagoa Azeda, Jequiá, Pituba, Pontal do Coruripe (almoço de aniversário - camarão delicioso com Bohemia...igh...igh...), Miai (de cima e de baixo), Pontal do Peba e Piaçabuçu.


A BUZINA VAI QUEIMAR
A cada vila, povoado, distrito, todos me cumprimentavam, abanavam as mãos, e eu ia buzinando para cá, buzinando para lá. Sempre que paro em cidades, aparece aquele "povaréu" perguntando pela moto.


PENEDO

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Cheguei em Penedo-AL (cidade histórica, mas não tão bem conservada), próximo à foz do rio São Francisco. Hospedei-me no hotel São Francisco (a única internet da cidade no sábado à noite).

O quarto é imenso; dá para fazer um baile. O banheiro é maior que o meu apartamento. Já foi um dos hotéis mais luxuosos do nordeste, mas está em franca decadência. Encarar os 6 andares no elevador é pior que a torre de 100metros de queda livre no Beto Carreiro.

A porta do elevador gasta 7 segundos (cronometrado) para fechar. Lembrou-me os hotéis de Buenos Aires. Já estendi a rede na varanda. Lá será a minha cama nesta noite comemorativa. As duas camas do quarto terão destinação mais nobre: carregarem os bauletos....e a danada da galinha de barro.....rs...

Amanhã....passeio pelo Velho Chico, balsa para entrar em Sergipe, praias do norte e.....Aracaju. Isso se eu tive paciência de entrar em capital de novo.


Nordeste - fase IV - Sergipe e Bahia

REDE
Eu havia dito que iria dormir na rede da varanda do hotel São Francisco, em Penedo-AL. E assim realmente foi, até o meio da madrugada. Quando acordei para aliviar as Bohemias bebidas no cais do porto, percebi que tinha um "enxame" de morcegos (ou seria um cardume?...ou uma matilha?) voando próximo à varanda, no SEXto andar. Para não ser involuntariamente vítima de um "bola gato" (em inglês) pelos vampiros sanguinolentos, decidi ir para a cama. Mas esse negócio de dormir na rede é bem melhor do que se pode imaginar...

SERGIPE
A idéia era cruzar...ops...o rio São Francisco de balsa. Contudo, quando cheguei ao porto, a danada tinha acabado de sair. Como iria demorar demais, resolvi tocar pelo asfalto da BR101 até entrar no estado brasileiro que queria ser um 4x4....(essa foi a pior piadinha da viagem). Segui pela 101 até a saída para Japaratuba e a partir de Pirambu voltei a rodar na estada costeira até Aracaju.

ARACAJU
Fiquei no hotel Praia e Mar, na praia de Atalaia. Hotel muito bom, quarto completo e tudo novo por 60 réus....

Saí para dar uma nadada. Só para chegar até o mar já se faz uma bela caminhada. Além da avenida larga e do calçadão amplo, há ainda uma praia muito larga. O mar estava muito bravo e as poucas pessoas que estavam na areia não se aventuravam a entrar. Com toda a minha experiência de surfista na brava lagoa da Pampulha, encarei a fera. Depois de duas engasgadas e uma sunga cheia de areia, achei melhor ficar seguro na areia. Coisas de mineiro.

Há no calçadão uma estrutura fantástica. Além de bares e restaurante, vi vários parques, lagoas com fonte luminosa, pista de aeromodelismo, muitos estacionamentos, palcos para shows, locação de brinquedos, aquário, pontes com peixes coloridos e tudo mais que se posso imaginar para o entretenimento da família. Até pedalinho tem.....hehehe....E a jardinagem é muito bonita e bem cuidada.

Após um belo show no por do sol com três orquestras sinfônicas e apreciando as famílias se divertindo, sem nenhum medo de violência, voltei para o hotel para um banho e para sair de novo, pois havia visto uma placa de moqueca de arraia. Já que é para experimentar de tudo o que é comida, então vamos lá.
Aracaju é show. Gostei muito da cidade. Pequena, com boa estrutura, povo muito acolhedor. Só tenho elogios a fazer.

BALSAS

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No dia seguinte continuei a viagem pela costa, seguindo a praia de Atalaia até chegar na primeira balsa do dia, em Mosqueiro. Travessia feita, continuei pela costeira passando pelas praias da Caueira, Santa Cruz de Abais, chegando em Ponta do Mato,onde peguei outra balsa. Em Ponta do Mato eu ia contratar um passeio para Mangue Seco, mas como havia uma fila de ônibus de excursão, preferi deixar de lado.

Com certeza, Mangue Seco não é um lugar para ir, olhar e voltar, ainda mais cheio de turistas.

Cheguei em Terra Caída de balsa e de lá toquei para Convento, chegando na SE-368. Nesse ponto terminava a fase das praias. Daí para frente seriam apenas asfalto e cidades.

LINHA VERDE
A SE-368 te leva até a Linha Verde, ou rodovia do Côco, na Bahia. Isso é: leva se você não ficar sem combustível, ou na SE-368, ou na Linha Verde, onde quase não há postos de combustível. E há que se abastecer nos postos das bandeiras mais duvidosas, pois as mais conhecidas não estão por lá.

A Linha Verde não é nada do que me falaram. É apenas uma estrada boa, mas sem maiores atrativos. Curvas de alta muito gostosas. Mas há três curvas de alta que viram de baixa bem no meio da curva. É susto e diversão garantidos.

Experimentei um "côco espumante" num posto de gasolina. É a água do côco e a "carne" do mesmo, com gelo e batido no liquidificador. Não presta. Separados são muito bons, mas quando são misturados, fica com uma aparência de detergente de côco, para não ser mais ousado na descrição.....rs....

PÕE A MÃO NO JOELHO....

Pilotava com as duas mãos nos ouvidos (?) para não correr o risco de ouvir música baiana.

A Linha Verde foi:
Põe a mão no joelho (a outra no acelerador)
Dá uma abaixadinha (atrás da carenagem)
Vai descendo gostoso (para o sul)
Balançando a motoquinha..........ops....acho que isso dá música.....hehehe.....

SALVADOR
Continua sendo o tumulto e o calor de sempre. Pelo menos, não fede mais tanto quanto no passado.

Depois de suar bicas para atravessar a cidade no calor das 15 horas, arrumei uma pousada - 50 réus - a três quarteirões do Farol da Barra. Tinha tudo, menos ar condicionado. Tinha até um italiano, parente da dona, que entendia tudo e muito mais sobre técnicas e tendências do mercado automobilístico europeu.

Como sou um "troglodita" (já apresentei esse conceito antes, mas é sinônimo de "poligâmico".....rs....), trocamos muitas idéias em um portunhol sem vergonha. Foi um fim de tarde muito agradável na rede da varanda e discutindo de tudo sobre carros e mercados.

À noite, encontrei com o meu sobrinho e ele me levou para um bar na orla da Barra. Após muitas, muitas Bohemais e tira gosto típico, voltei para o hotel para me conformar com o ventilador de teto. Essa "pão-duragem" ainda me mata.....

No dia seguinte, um city tour de fullder....ops....de full day. Quando vi o ritmo da turma, abandonei a canoa e fiz o resto por minha conta e risco. E põe risco nisso....

Desde Aracaju, passando pela pousada e pelo guia, todos só falavam para ter cuidado, para andar sem celular, sem máquina, sem carteira, sem aliança, pois a cidade está uma violência sem limites. Diga-me como um turista vai andar sem máquina e sem dinheiro?

Igrejas, museus, fortes, conventos, praias etc. Tudo como sempre esteve e do mesmo jeito que nunca me atraiu. Só achei interessante, até mesmo porque não conhecia, a antiga prisão, no sub solo do Mercado Modelo, que é parcialmente alagada e, vez por outra, inundava e matava os prisioneiros. Muito legal. Legal também foi que o ACM Neto tomou uma facada nas costas. Pena que ele não vai gastar nem 1% dos 92% que ele se deu de aumento. Mas está tudo certo: fomos nós que colocamos o bando lá e temos que pagar por isso. Pagar no sentido mais puro da palavra. É isso aí: continue votando; o TSE agradece.

BALSA DE ITAPARICA
Como acelerei o city tour de fullder....rs...fui para pousada, tomei um banho e rumei firme para a balsa de Itaparica. Na balsa (putz....não aguentava mais....acho que atravessei umas 15 balsas na viagem.....) bateu a saudade de casa - e da dona da casa também. É verdade que o calor insuportável também deu uma força, mas decidi que não iria mais para Trancoso, Caraíva e Praia do Espelho. A partir de Itaparica, acelerei forte para a BR-101 e comecei a volta. Na 101, alguns buracos, muitos caminhões (mas menos que na 116) e nenhum acostamento ou terceira faixa. Rodei 450 km e, como um bom barão do cacau, dormi em Itabuna, em um bom hotel na beira da rodovia....40 réus.....

A viagem estava acabando. Eu estava a apenas 1.116 km de casa.


Nordeste - fase V - o retorno

O DIA DA VOLTA
Acordei com o sol e tomei café na lanchonete, pois o do hotel ainda não havia sido servido. Eu queria cumprir os 1.116 km de Itabuna a Belo Horizonte no mesmo dia. Imaginei que teria que enfrentar somente os buracos e os caminhões da BR-101. Ah.... se eu soubesse o que iria enfrentar pelo caminho, não teria partido com tanta vontade de chegar....

NEBLINA
Os 70 km iniciais foram cumpridos sob forte neblina, o que me impedia de manter velocidades maiores. A visibilidade estava muito reduzida e a viseira ficava toda molhada.

BURACOS E CAMINHÕES
Quando acabou na neblina, surgiram os grandes buracos na BR-101 ao longo de todo o sul da Bahia. Novamente os caminhões cumpriram a sua função primeira de entupir a rodovia. Isso, somado à total inexistência de acostamentos e de terceira faixa, fazia com que o trânsito fluísse lentamente. De moto eu até conseguia alguma vantagem, mas as filas de carros e caminhões eram cada vez maiores.

O problema maior é pilotar tendo que forçar ultrapassagens em pista com vários e profundos buracos.

Um buraco que aparecesse após os pneus do caminhão da frente e estava pronta a armadilha. Mesmo seguindo o traçado dos pneus dos carros, os sustos eram constantes.

Aos 46 km ao sul de Teixeira de Freitas - BA, virei a oeste pela BR-418, sentido Teófilo Otoni-MG. Pensei que seria uma rodovia em melhor estado de conservação, mas nos primeiros km pude perceber que os buracos - agora bem maiores e mais fundos - me seguiriam até Teófilo Otoni. Pelo menos o fluxo de veículos era bem menor e dava para planejar os saltos a 120km/h. A estrada é muito bonita e cheia de curvas de alta e algumas bem fechadas. Até dois dias antes a estrada estava interditada em função das chuvas e foi interessante ver os rios ainda totalmente fora dos seus leitos, casas parcialmente alagadas e todo o estrago provocado pelas chuvas.

Em Teófilo Otoni segui pela BR-116 até Governador "Valadólares" e, de lá, pela BR-381 até BH. Aos 15 km antes de Ipatinga-MG até a entrada de João Monlevade-MG, a estrada estava em obras e fiquei mais de uma hora parado olhado para a cara dos já familiares "operadores de siga-e-pare". Uma chuva forte, porém não tão longa, me pegou justamente quando da última parada involuntária.

OS ÚLTIMOS KM

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Os 130km de João Monlevade até a minha casa foram uma curtição só. O sol já não estava mais tão forte. Percebi que a chuva tinha sido um presente divino em comemoração à minha chegada, pois o clima estava finalmente muito agradável. A estrada com muitas curvas, montanhas e asfalto novo foi o cenário perfeito para a minha comemoração.

Vim devagar, dando passagem para todos os que se aproximavam. O asfalto ainda molhado estava com brilho forte e compondo um belo cenário com as matas de verde intenso pelas últimas chuvas. A chuva e o sol lançaram em vários pontos da estrada um ótimo aroma de eucalipto, que vinha dos reflorestamentos próximos. Quem viaja de carro não sente os cheiros da estrada como um motociclista.

E eu vinha com a viseira aberta e o braço esquerdo esticado, brincando com o vento na palma da mão.

Com o braço aberto e olhando um pouco mais para cima, o capacete escondia o painel da moto e eu realizava um dos meus sonhos de criança - e acho que de todas as crianças - de conseguir voar baixo sobre as estradas. A moto e eu realmente éramos um só elemento e todos os comandos da moto já pareciam ser continuação dos meus membros.

Quando senti o clima ameno, as curvas e montanhas e o GPS marcando 1071 metros de altitude na serra da Piedade, percebi que eu tinha realmente voltado ao meu habitat.

Apesar da neblina forte pela manhã, do trânsito intenso na BR-101, dos buracos até Teófilo Otoni, da perda de uma hora para a volta ao horário de verão em Minas e das paradas para as obras na chegada, os 1.116 km foram cumpridos em uma bela jornada big trail e cheguei em casa ainda com um pouco de sol.

Imaginei que nada seria mais gostoso que os últimos km da chegada, que coroaram brilhantemente a viagem. Mas ao encontrar a Karla com a barriguinha de 3 meses, vi que essa garota realmente me pegou na curva das estradas da vida...

Acham que a viagem foi solitária? Penso que não, pois comigo foram a fé, a esperança, a saudade e as lembranças. E essas são grandes companheiras.

Marcelo Resende
 
 
 
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Comentários (8)

26/11/2018 21:14:53
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1/12/2012 17:26:08
LAURO VIANA
Mas e a galinha chegou inteira? ehehehe
 
28/6/2012 16:55:37
CIRO RIBEIRO
Muito interessante e divertida sua viagem e a forma como descrita, mas faltou conhecer melhor a Linha Verde na Bahia, praias como Conde, Mangue Seco, Diogo, Baixios e muitas outras... cachoeiras e lagoas naturais... quando voltar por esses lados entra em contato e terá uma visão melhor da área....
Bela história!! Abs
 
24/7/2011 00:05:11
JU MEDEIROS
Muito bom Marcelo, do jeito que se é om de ler. Eu já fiz, Noronha (barco) recife - Pirapora (participei do encontro kalangos do nordeste) daí fui para Tiradentes, e participei do encontro de lá. Depois irmano foi asfalto, eu e Suzy V Strom 1000 , fiz em quatro dias, Tiradentes Pirapora vitoria da conquista Aracaju e recife.
 
20/7/2011 13:18:24
JAIME
Oh cara

Ri d+ com tuas abobrinhas, aki ta xovendo e eu to no escritorio e me diverti muito com teu passeio, e como esta a galinha da carla ( no bom sentido rsrsrsrsrs )

Me retorna se possivel

Abração

Jaime - Capão da Canoa / RS
 
30/12/2010 17:46:51
OTAVIO ARAUJO GUGU
Oi, Marcelo !!!
A viagem deve ter sido demais, mas o relato extrapolou, foi completo, vamos rodar juntos uma hora dessas. Passa aqui em Taubaté que a Varadero está abastecida e eu com o alvará na mão!!! Parabéns, continue assim, no ano que vem vou até BH com o Eduardo te dar um abraço. Otavio Araujo - Gugu
 
24/12/2010 00:16:34
HERBERT MASCARENHAS
Me diverti aqui.
;)
 
21/10/2010 22:32:25
JUCA BANA
É isso aí Marcelão, sonho realizado...
Parabéns
Grande abraço
 

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