Rotas

UMA AVENTURA QUE COMEÇA AQUI! ARGÉLIA E TUNÍSIA

 
Quando a BMW Motorrad lançou a primeira R80 G/S, não criou apenas um novo segmento de mercado - criou uma atitude completamente nova de ver viver a aventura. A R80 G/S foi a primeira motocicleta enduro de viagem e definiu padrões em termos de performance e prazer de conduzir. G é a inicial da palavra alemã “Gelände” (Terreno) e o S de “Sport” e mais tarde “Strasse” (Estrada).

Num destes dia quente de Agosto, falávamos no próximo destino de férias sobre uma cerveja gelada. Um destino pairava no ar: Marrocos. Marrocos, terra encantada, mourisca, de imensas lendas e costumes. Mas era um destino que já tive o privilégio de visitar inúmeras vezes, e já não me entusiasma como outrora. Então um dia durante o percurso de motocicleta para o trabalho, uma pequena idéia surgiu... e a Argélia? Porque não a Argélia? huummm.. Cheira-me a Aventura... uma Aventura que começa aqui! José Miguel Casimiro

A maioria dos viajantes que conheço, e apesar de ser tão perto geograficamente, continua a evitar a Argélia, resultado de notícias de raptos, violência, e instabilidade. Mas a verdade é que a maioria dos portugueses também pensa que para o sul de Algeciras também só há dunas e camelos! Também os haverá com certeza, mas estão escondidos entre as Villas, os condomínios privados e os carros de alta cilindrada que proliferam no Norte de Marrocos, em Rabat e Casablanca. Os boatos, os rumores, alastram com o vento e raramente retratam a verdade de um país. Decidimos ignorar tudo e todos e tentar redescobrir, este enorme país do norte de África com vista a uma Aventura de GS.













A Tunísia

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A Tunísia (árabe:Tūnis), oficialmente República Tunisina Al-Jumhūriyyah at-Tūnisiyyah) é um país da África do Norte e que pertence à região do Magrebe. É limitada ao norte e o leste pelo Mar Mediterrâneo, através do qual faz fronteira com a Itália, ficando especialmente próxima da Ilha de Pantelária e das Ilhas Pelágias.

Possui fronteira ocidental com a Argélia (965 km) e a leste e sul com a Líbia (459 km). A sua capital e maior cidade é Tunes, que está situada no nordeste do país.

Quase 40% da superfície do território são ocupados pelo deserto do Saara. O restante é constituído de terras férteis, que foram berço da civilização cartaginesa, a qual atingiu o seu apogeu no Século III a.C., antes de sucumbir ao Império Romano.

O território onde está a Tunísia foi colonizado no ano 1000 a.C. pelos fenícios, povo de origem semita que fundam Cartago, importante centro comercial do mar Mediterrâneo até a destruição pelos romanos em 146 a.C. Passou então a fazer parte do Império Romano. Os árabes conquistaram a região no século VII da Era Cristã e transformaram a cidade de Túnis no mais importante centro religioso islâmico do norte da África.

Em 1574, a Tunísia é incorporada ao Império Turco-Otomano e permanece administrada por governadores turcos (beis) até 1881, quando se torna protetorado da França. Na Segunda Guerra Mundial, o país, ocupado pelos alemães, tornando-se em palco de combates. Com o fim do conflito floresce o movimento nacionalista tunisiano e adquiriu a independência em 20 de Março de 1956.

O país toma a denominação oficial de Reino da Tunísia com o final do mandato de lamina Bey, que, no entanto, não levou nunca o título de rei, e é proclamada república em 25 de Julho de 1957.

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Para a Argélia, o apoio do amigo Mohammed

A Catarina lembrou-se ontem que tem um amigo, Mohammed Zerrouki, que trabalhava no Comitê Olímpico Argelino. Ficou de contatá-lo por email de modo a obter mais informações sobre o País. Ele respondeu no mesmo dia e até nos delineou um possível trajeto. Como suspeitava, segundo ele, a violência no País não é tão má como que se prega por aí.

Parece que é bem pior na Europa ou na América Latina. Então sugere um percurso pelas localidades: Ghazaouet, Tlemcen, Naama, Ain sefra, Tiout, El Bayadh, Saida, Mascara, Argel, Constantina, Annaba, Tebessa, Timgad, Batna, Setif, Tipaza, Cherchel, Mostaganem e Oran.

Na Tunísia (por ser mais segura) vamos dar uma volta bem mais para o interior. Começando pelas ruínas da antiga cidade de Cartago, passando pela paradisíaca costa de Hammamet em direção a sul, por Matmata (onde foi rodado o Star Wars Episode IV), atravessando para Noroeste o grande Chott El Jerid e voltando a entrar na Argélia pela fronteira de Tebessa.

O processo de obtenção de vistos até nem é muito complicado se fôr feito com tempo (que não foi o caso).

Basta preencher dois formulários existentes no site da Embaixada da República Democrática e Popular da Argélia em Portugal, 2 Fotos, seguro de viagem com repatriamento (ex: Liberty Seguros) e marcação de hotéis para os dias da estadia. Depois é só pagar 60€/visto (Sim! 60€!!) e aguardar 5 dias úteis (e não adianta chorar que eles não fazem em menos tempo).

Fica aqui, este início de mês, reservado exclusivamente para os preparativos finais: montar a bagagem na Helga (minha GS) e acabar de prepará-la para a Aventura.













ÁFRICA!

1 de outubro

Embarcamos como previsto por volta da meia noite. A travessia fez-se sem problemas. O ferry seguia com muito poucos passageiros, por isso podemos improvisar e dormimos esticados nos bancos e no chão. As 9H de travessia passaram num ápice e quando demos por isso já era manhã. África!! Estamos de volta! Já tinha saudades...

Saímos do ferry e fomos logo encaminhados para a douane. Os guardas muito corretos e prestáveis foram nos orientando nas varias fases burocráticas típicas de uma alfândega! Um dizia: "Vous allez au Sahara? C'est trés dangerouse..." - ao que eu respondia: "Non monsieur... Jusqu'à Tunisie!!!"

Todos se riam e nos mandavam avançar.

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Fazemos o seguro da moto, trocamos alguns Euros por Dinares (1€=100Dn) e procuramos uma bomba de gasolina para abastecer a Helga. Primeira surpresa do dia - Abastecemos o "pequeno" deposito da Helga com 30 litros, e gastamos a módica quantia de 6€!!!

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Saímos de Ghazaouet diretos ao sul. A estrada tem muitas curva mas a condução faz-se nas calmas e com muita atenção. Parece que por esta zona os acidentes batem todos os recordes a todos os níveis.

Todo o cuidado é pouco...

Tlemcen é uma típica cidade árabe, universitária, com um transito infernal. Procuramos o albergue e lá nos instalamos. Simples, mas limpo q.b. e todos muito simpáticos. Aliás... ao contrario do que se diz por ai, a Argélia não é um ninho de terroristas e malfeitores. Pelo contrario: Nunca na minha vida, e repito..NUNCA... fui tão bem recebido por toda a gente. Todos nos dizem ola, nos cumprimentam, e nos dão as boas vindas ao seu país.

Tlemcen foi fundada pelos romanos no século IV tendo recebido o nome de Pomaria. Por incrível que pareça, Tlemcen é famosa pelo seu vinho: Coteux de Tlemcen. A produção do vinho nesta região data do tempo dos fenícios, gregos e romanos.

Damos uma volta pela cidade, e procuramos um restaurante na parte velha da cidade. Um comerciante, a quem perguntamos onde comer, indica-nos a pizzaria da moda. Apanhamos um Taxi e seguimos. A pizzaria tem um ar moderno e ocidental.

No fim da refeição e ao perguntar onde conseguir um Taxi para o regresso, o proprietário do estabelecimento leva-nos ao albergue. Mais um exemplo da excelente hospitalidade argelina.



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OASIS DE TIOUT - MAIS PERTO DO PARAÍSO
3 de outubro

Este dia foi o mais cheio até agora. Aconteceu, e vimos tanta coisa nova e surpreendente, que parece que estamos por aqui a mais de uma semana.

Acordamos cedo, montamos as malas na Helga e despedimo-nos de Tlemcem. Seguimos para sul em direção a Sebdou. Passando Sebdou, as retas imensas e intermináveis fazem-se ao som de RAI (música pop argelina) que sai pelo sistema Autocom instalado nos capacetes, criando uma atmosfera única...
Finalmente chegamos a latitude mais a sul da viagem: Ein Sefra. Ein Sefra é uma pequena vila, onde nada ou quase nada acontece. Curiosamente um jovem adolescente volta passado uns minutos exibindo-se numa enorme BMW RT, fazendo derrapagens e travagens de uma maneira assustadora.

No interior da Argélia quase ninguém tem telefones fixos, por isso existem dezenas de pequenos estabelecimentos chamados Taxi-Phone, onde se podem fazer chamadas a preços reduzidos. Entramos num destes últimos e ligamos ao nosso contacto em Tiout e nosso novo amigo Bouamama Safi: Oui! Seulement 17 kilometres par Este!


As Gravuras Rupestres

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Ao chegarmos a Tiout, o Safi espera-nos a entrada da vila e leva-nos ao Albergue da juventude local.

Depois de renovadas as energias com um douche fresquinho, leva-nos a ver as gravuras rupestres que dão fama ao local.

Num cenário quase lunar, de cores terracota muito fortes, apreciamos as fantásticas gravuras que datam de a mais de 100.000 anos, descobertas nos anos 50 por um arqueólogo estrangeiro.

E impressionante poder tocar numa gravura que alguém terá feito ainda o homem dava os primeiros passos.

Estas, retratam cenas de caça a animais existentes na época e agora já extintos na região como ursos, elefantes, antílopes, e avestruzes.






O OASIS

Começamos a caminhar e uma centena de metros mais a frente, eis que surge a verdadeira pérola de Tiout: um maravilhoso e verde Oasis, digno de qualquer filme de Hollywood. Nascentes brotam da areia desaguando numa pequena barragem/dique (segundo parece o mais antigo do pais), tornando este local a única fonte de água das redondezas. Esta é então distribuída por um engenhoso sistema de canais artesanais que irrigam todas as hortas e jardins que cercam o Oasis.

Este Oasis tem um ambiente mágico, relaxa-nos, e deixa-nos sem palavras. Decerto o lugar prefeito para quem quiser meditar. Temos que voltar. Insha'Allah.


Tanto Terrorista!

Hoje resolvemos sair cedo mas para variar... saímos tarde!!! E mais!! Não pagamos a dormida!! Foi oferecido!!

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Ainda houve tempo para um rápido pequeno almoço tradicional em casa do Bouamama Safi. Para os que já estão a imaginar coisas... não.. não disse ao nosso anfitrião o que o nome dele quer dizer em português.

Feitas as despedidas, saímos do Oasis de Tiout rumo a Norte.

A paisagem para variar é fabulosa. De ambos os lados acompanhamos duas cordilheiras pertencentes ao Alto Atlas, que mais parecem a superfície lunar. São lisas, nuas de vegetação, como se tivessem sido lixadas com pedra pommes. Do lado direito pode-se ainda observar uma corrente de dunas junto a base da montanha trazidas do Sahara pelo vento. Imagino a vista do cimo da Cordilheira da direita que faz a fronteira com o deserto: centenas de quilômetros de dunas de areia serpenteantes a perder de vista.

As retas intermináveis sucedem-se de novo, permitindo a moto um ritmo mais elevado, e rapidamente chegamos a El Bayad. Ali procuramos um sitio para comer. Poulet avec des frites! Para variar! Quando vamos pagar o proprietário do estabelecimento diz: "Cest bon! Rien a payer...".

Que diabo?... mas quem pagou? - "Cet Monseur celui la!!!"

Não sei quem e o homem mas vou agradecer.. Choukran Monseur!!! Diz que não é nada, que somos seus convidados e que somos bem vindos ao seu pais!

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Por acaso tem sido uma cena recorrente. Afinal não eram todos bandidos e terroristas? Então porque me dão todos as boas vindas ao seu pais, e se vê que o dizem de coração? Porque toda a gente nos oferece um café ou um chá a primeira oportunidade que tem de falar conosco?

De certo que tiveram um período conturbado no seu pais ha uns anos atrás, mas como já disse noutro post, juro que nunca estive num pais tão hospitaleiro e amigável. Mais 3 jovens se juntam a conversa e acabamos todos a conversar e a beber um café, que como já devem adivinhar também não pagamos.

Um pouco mais a frente já perto da cidade de saída, vejo uma pequena loja de acessórios autos e tento a sorte. Quero comprar um dístico da Argélia daqueles que se colam nas traseiras dos carros para colar nas malas da mota. Não só o dístico nos e oferecido como nos encontramos outra vez a beber uma coca cola a borlix com o proprietário da loja.

Ao chegar a cidade de Saída somos recebidos pelo ex-presidente da câmara e instalamo-nos no Albergue da cidade universitária. Depois de jantarmos num restaurantezito local ainda nos oferecem uma sodazinha de limão para a viagem!


ALGIERS - LE CAPITAL
5 de Outubro

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Hoje tivemos a sorte de apanhar um albergue com duche e sanita!! Coisa rara por estas bandas. Ok, não havia água quente, mas para variar... não pagamos, por isso não nos podemos queixar! Saímos diretamente a Mascara, onde paramos para meter gasolina e comer.

A nossa amiga Catarina lembra-se de filmar a entrada na cidade, em frente a um polícia e somos mandados parar como de costume. Depois de mirar a mota de cima a baixo, pede os documentos e pergunta para onde vamos.

Disse que queríamos comer e meter gasolina sem chumbo. Orientou-nos um restaurante e disse-nos que depois nos indicaria a localização da bomba. Depois de comermos (outra vez) Polet avec des frites, saímos do restaurante e já não se via um policia... via-se 2 gendarmes, 2 mulheres policias, um oficial da brigada anti-terrorista, uma viatura da gendamerie e duas scooters da brigada de transito local.

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Todos eles se ofereceram para nos levar a bomba mais próxima. Fez-nos sentir VIPS!! Grande escolta!!! Pagos os 5/6 euros da praxe para abastecer a Helga, acompanharam-nos à saída, e ainda houve tempo para troca de contactos e e-mails! Aqui até os policias são terroristas!

Seguimos viagem para Algiers. Aqui o transito é caótico! Os vários controles policiais existentes em todas as entradas da cidade também não ajudam nada ao cenário. Ligamos ao Mohammed, que nos indica o caminho para sua casa na cidade olímpica. Conhecemos a sua simpática família e jantamos um jantar divino típico argelino: Couscus caseiros, kebab e tâmaras!

Choukran Mohammed!! (obrigado Mohammed!!)



ALGIERS - DEUXIEME JOUR!!

7 de outubro

Um novo dia amanhece em Argel. Um pequeno almoço típico reforçado e saímos com a família Zerrouki para uma visita as redondezas. Almoçamos junto ao mar, um maravilhoso almoço de marisco e peixe fresquinho, ao que se segue uma breve visita as antigas ruínas romanas de Tipasa, consideradas patrimônio mundial pela Unesco.

As antigas civilizações sempre povoaram o meu imaginário desde criança e com alguma ansiedade que piso o centro da arena, ainda em muito bom estado, e que me tento rever como escravo ou gladiador, ou mesmo um condenado a morte com leões ou outro qualquer animal selvagem.

Todo o resto do sitio arqueológico encontra-se num estado muito mau de conservação, permitindo-se ao publico circular por todo o lado, danificando tudo a sua passagem, inclusive o chão de mosaicos de varias casas, dos quais já só se vêem vestígios. Segundo a mulher do Mohammed estes ainda estariam intactos no inicio dos anos 90, protegidos por areia.

A meio da tarde um pequeno passeio por Argel. O centro fervilha de atividade, como qualquer cidade argelina. O cambio ilegal de moeda estrangeira faz-se a vista de toda a gente e a menos de 10m da policia local, que vai fazendo vista grossa.

As 18h ouvem-se os altifalantes dos minaretes, chamando os crentes a oração. As ruas ficam semi-desertas durante este período. Os muçulmanos rezam a Allah 5x ao dia e sempre virados para Meca. Ate os quartos de hotel tem uma seta no teto para indicar a direção exata.

Fica decerto muito que ver de Argel, inclusive a sua incrível Medina. Talvez haja tempo quando retornarmos da Tunisia.


AS GARGANTAS DE CONSTANTINE

9 de outubro

Saímos de Argel, em direção a Constantine. A ma condução dos Argelinos continua a refletir na auto-estrada. Aparentemente ninguém respeita um único sinal por aqui. Circula-se em alta velocidade pela esquerda, caminhões inclusive. Com 3 faixas, a faixa da direita quase nunca tem circulação. Faz-me lembrar outro pais qualquer a beira mar plantado... Os kms sucedem-se e la chegamos ao destino - Constantine.

Dois argelinos numa Yamaha XT600 indicam-nos o caminho para o Albergue. São muito simpáticos e divertidos e combinamos uma saída a noite para ver as vistas. O Alexander e o Mohammed aparecem mais tarde e levam-nos por um pequeno tour a volta da cidade de carro. Interessa-lhes tudo o que tenha a ver com motas e nunca tinham visto um GPS ao vivo, fruto da realidade argelina quase fechada ao mundo ocidental/europeu. Parece que fizemos mais dois amigos.

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Constantine é a terceira cidade da Argélia e foi construída em volta de uma impressionante garganta/desfiladeiro cruzado por algumas pontes muito originais. Do lado Oeste, encontra-se uma prisão política (ainda ativa!) cujas catacumbas são escavadas nas paredes da escarpa, onde se podem ver algumas grades de janelas de celas. Não consigo imaginar o terror quase medieval vivido por quem ali habita coercivamente.

A vista do cimo da escarpa, ou dos inúmeros pequenos miradouros, é imponente e ao mesmo tempo arrepiante, imprópria para quem sofre de vertigens como eu.

Já é tarde quando nos despedimos dos 2 novos amigos e vamos diretos ao albergue. Amanhã acorda-se cedo porque vamos entrar na Tunisia!!



GABÉS

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11 de outubro

Hoje passamos uma noite lixada. Já não bastava a cerveja do jantar de ontem a fazer estragos na barriga, ainda tivemos um mosquito a aterrorizar-nos a noite inteira.

O dia de hoje foi pacifico. Saímos de Tunis, mais tarde do que queríamos (como já vai sendo habito), e dirigimo-nos para sul. Passamos pela famosa Hammamet para comer qualquer coisa. Hammamet é a versão tunisina de Portimão. Uma extensa zona de praia apinhada de turistas. Um grupo de Harleys Italiano ultrapassa-nos no centro e cumprimenta-nos. Estamos em Outubro mas o sol continua abrasador por aqui.

Comemos rápido e seguimos para Sousse, onde ainda tiramos umas fotos a uns navios de piratas, existentes por ali para turista ver. Mais tarde, em El Jem, visitamos o terceiro maior anfiteatro do mundo romano. O local esta muito bem conservado, e não é difícil imaginar como seria na antiguidade com as suas bancadas apinhadas de gente sedenta de violência e sangue, com lutas de gladiadores e animais selvagens. Simplesmente fascinante!!

A estrada nacional por aqui é visualmente muito pobre e tem muito transito, por isso seguimos pela autoestrada. Em Sfax a autoestrada subitamente acaba. Ainda não acabaram este troço. O sol começa a descer rapidamente obrigando-nos a um ritmo mais rápido. Ha que ter cuidado porque a Tunísia a dois anos liderava o top mundial de acidentes rodoviários mortais.

Já no lusco-fusco, aproximamo-nos de Gabés. Na berma da estrada sucedem-se dois tipos de negocio: dezenas de pequenos tasco com esplanada onde baloiçam penduradas pelas patas algumas ovelhas (decerto para consumo), e vendedores de gasolina avulso.

Esta ultima terá sido contrabandeada da vizinha Libia e é vendida por aqui em pequenos vasilhames de 5 litros com uma margem proveitosa. Um fato chama-nos a atenção: alguns dos vendedores colocam lamparinas a óleo com chama ardente, diretamente em cima da pilha de vasilhames, para chamar a atenção dos clientes!! Dado que a distancia media entre vendedores é menos de 5m, nem quero pensar na eventualidade de uma delas pegar fogo.

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Já de noite encontramos um pequeno hotel no centro de Gabés. Jantamos junto à praia por apenas 7 euros e voltamos ao hotel. Amanha vamos tentar ir até à ilha de Djerba. Segundo o guia, parece que talvez de para fazer mergulho. On va voir... Bonne nuit!!!


TUNIS - A METRÓPOLE

12 de outubro

Acordamos cedo, deixamos as tralhas todas no hotel e seguimos para norte, para Bula Regia. Aqui já se vê o cuidado que os tunisinos tem com o turista. Ao contrario das ruínas Argelinas, aqui existe um edifício de apoio com café, casas de banho, bilheteira e souvenires. Compramos os bilhetes (+/-2 euros/cada) e um livro ilustrado muito interessante sobre o local! Bula Regia foi fundada pelos romanos e é caracterizada pela adaptação das construções debaixo de terra para fugir ao calor Tunisino. As casas térreas estão em ruína total, mas as construções debaixo do solo estão em muito bom estado de conservação, podendo ser contempladas ainda algumas salas com os típicos azulejos romanos ainda no seu estado quase original. Uma guia oferece-se para nos dar uma visita guiada, mas so trocamos 10 dinares. Resultado: tivemos uma visita "speedy gonzalez". Menos mal. Assim despachamo-nos mais cedo!

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Seguimos para o hotel, carregamos a mota e seguimos para Tunis. Tunis é enorme! Não fica nada aquém de qualquer metrópole europeia. Nem em tamanho, nem em confusão de tráfego. Aqui conduz-se à Árabe! Valha-me os 2 anos em que fui estafeta em Lisboa. Mais uns dias por aqui e já passo despercebido!!

Aqui dou graças a Deus (não Luis...não és tu!) ter trazido o Oregon da Espaços Sonoros. Tenho alguns hotéis marcados no GPS e vou directo ao primeiro que esta no guia American Express da Tunísia. Este encontra-se bem no centro da baixa de Tunis. Não tem garagem mas ha um parque publico subterrâneo no prédio do lado onde deixo a mota.

Descobrimos que os Tunisinos produzem e BEBEM cerveja! Porreiro! Sentamo-nos numa esplanada chique da avenida principal a beber umas jolas. A cerveja deles chama-se "Céltia" é boa e escorrega bem.. nada mal para terminar mais um dia...

Dia dois em Tunis. Acordamos cedo, e procuramos o museu Bardo. Depois de algumas voltas pela confusão da Capital, lá encontramos o famoso museu. Galerias de salas mostravam o que de melhor se retirou em matéria de mosaicos romanos, das varias ruínas romanas do pais. Mosaicos inteiros passaram facilmente da sala de jantar de uma qualquer família nobre romana para as paredes deste local. Impressionante! A única coisa que me custa, é pensar no estado em que ficou a dita sala depois dos curadores do museu la terem passado. Compreendo a necessidade de conservação de tamanho tesouro histórico, mas levando os ditos mosaicos, despem as famosas ruínas do que tinham de mais belo. Talvez uma solução possível, passasse pela substituição do mosaico original por uma copia, devolvendo as casas romanas algum do resplendor de outrora.

A tarde, fazemos um passeio pela antiga medina. Labirinto de encruzilhadas repleto de lojas de perfumes, artesanato, roupa e todos os artigos existentes em qualquer chines da baixa lisboeta.

A noite um jantar de tradicional Couscous a acompanhar umas Celtias fresquinhas na companhia de um novo amigo: o Lotfi, o guarda do estacionamento onde parqueamos a mota e que se ofereceu desinteressadamente para servir de cicerone neste fim de tarde.


A ENTRADA NA TUNISIA - BON COURAGE!

Depois de um acordar num quarto que mais parecia uma piscina, saímos cedo de Annaba, e dirigimo-nos à fronteira. Temos duas à escolha à distancia de poucos quilômetros: uma segue diretamente a norte junto ao mar por Tabarka e outra que da acesso ao sudoeste na direção de Jendouba. Como queríamos ver Bula Regia e Dougga (ambas duas ruínas romanas patrimônio mundial da Unesco), decidimo-nos pela segunda fronteira.

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A chegada somos mandados parar para preencher as formalidades. E uma fronteira pouco concorrida e somos logo atendidos. Há alguma confusão no preenchimento dos formulários. O Guarda aponta surpreendido para a catrefada de nomes que ostentamos no passaporte! "Qual o apelido? E o nome próprio? Mas o que são o resto dos nomes no meio?" - La explicamos ao senhor guarda que a maioria dos portugueses não tem só dois nomes, e que alguns (como eu), chegamos a ter 6 ou 7! Ele desconfiado manda preencher como esta no passaporte, e manda-nos levar a moto para uma garagem ao lado para inspeção. Estou eu a começar a desmontar a parnafenália de besidróglios agarrados à mota, já disposto a mostrar tudo, eis que aparece um senhor muito bem posto e bem falante cheio de estrelas nos ombros. Mete conversa conosco, quer saber de onde vimos e se fizemos tudo de mota. Nota-se que é uma pessoa culta e desenvolve-se uma conversa muito interessante sobre os portugueses e os seus feitos. Um dos guardas lembra-se de Cristóvão Colombo e de Vasco da Gama! Impressionante! Alguém que não diz quando sabe que somos portugueses, as duas palavras mais ouvidas nesta viagem: Cristiano Ronaldo.

Os outros guardas nem ousam aproximar-se dada a presença de tão ilustre figura. Este diz-nos educadamente que podemos seguir e que estamos despachados da alfândega, desejando-nos um forte "Bon Courage!"

A saída da fronteira Argelina da lugar a entrada na fronteira Tunisina. Cometo logo uma Gafe! Sem me aperceber que as fronteiras eram coladas ia já entrar pela Tunísia adentro sem dar cavaco a ninguém! Os guardas acenam e volto para trás! Ah!! E já aqui!! Pardon monsieur!! Curiosamente aqui são mais despachados e as formalidades são rápidas, e passados 20 minutos já estamos no caminho para sul. A estrada tem de monge muito melhor aspecto do que do lado Argelino. Tudo é mais cuidado e menos sujo. Terá decerto a ver com o fato de a Tunísia ser um pais Turístico.

Perdemos demasiado tempo com a passagem de fronteiras e já não há tempo para ver Bula Regia. Paramos em Jendouba, a 10kms a sul das ruínas e procuramos um hotel para dormir e trocar alguns euros por dinares tunisinos. Amanha vamos ver Bula Regia - A Real!


A PRAIA DE ANNABA

13 de outubro

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Acordamos de manhã e montamos a bagagem como habitual na Helga e dirigimo-nos a perfumaria do Alexander bem no meio da confusa Constantine. Assim que nos viu veio cá fora, acenou e grita: "Esperem que vou tirar a mota para fora e levo-vos a ver as vistas!" - Porreiro, pensei eu... mas espera lá.. não é que o gaijo guarda a XT600 bem no meio da perfumaria? Olho de novo e lá esta ele, já cá fora a dar ao quique. E um dos primeiros modelos e não tem arranque elétrico.

Sucedem-se mais uma serie de voltas por Constantine e Arredores. Realmente ha muito que ver por aqui. As famosas escarpas parecem ainda maiores e mais altas à luz do dia. Passamos também por umas piscinas de água termal aquecida no sopé do desfiladeiro. Estou rendido à beleza natural desta cidade! Despedimo-nos mais a frente à saída da cidade. Ele volta ao trabalho e nos fazemo-nos ao caminho.

Entramos numa auto-estrada quase deserta que por aqui ainda é gratuita =), a ver se recuperamos algum do tempo perdido. O tempo passa rapidamente e, mesmo seguindo a um ritmo elevado, quase ilegal... ok.. totalmente ilegal.. digamos que a Helga nunca andou tão depressa... resolvemos sair em Annaba, porque já não haverá tempo para as formalidades de fronteira.

Annaba tem tanto de porto pescatorio, como de local de veraneio. Tem uma marginal muito interessante que acaba num pequeno largo.. Quase que faz lembrar Sesimbra: a praia, os pescadores e os hotéis rascas sobrevalorizados. Algumas banhistas tomam banho totalmente vestidas. E o preço a pagar por terem nascido mulheres neste pais.

Encontramos um com bom aspecto mesmo em frente ao areal, com local para guardar a moto e casa de banho no quarto com sanita! Coisa rara por estas bandas! Fixe! 28 Euricos por uma noite? Chiça! E caro, mas já estou um bocado farto de c###r de pé!!! E que é já aqui!!

Fomos dar um mergulhito (o primeiro) no Mediterrâneo e voltamos ao hotel para tomar uma banhoca e tirar o sal. Era bom demais para ser verdade! A sanita deixa escapar água da cuba e a casa de banho tem água até às escadas! Avisados os responsáveis do hotel, alguém vem limpar a água toda. Resultado: canalizador só no dia seguinte!
Peço para deixarem um pano para segurar a água durante a noite, mas de manha já esta tudo na mesma. Azar! Não quero saber! Desde que a sanita funcione!!

Fomos jantar a uma Pizzaria com bom aspecto ao lado do hotel. E época baixa e somos os únicos clientes. Pagamos de novo tuta e meia por um excelente jantar: Pizza, sumos naturais e Banana Split de sobremesa. Assim da gosto ser turista!


TATAUOINE - O PLANETA NATAL DO LUKE SKYWALKER

14 de outubro

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Saímos cedo do hotel e decididos a chegar a Tataouine. Seguimos caminho contornando a Ilha de Djerba para Este.

Aqui sucedem-se os resorts e hotéis de luxo, zonas comerciais e ate um grande cassino. Passando a "zone touristique" entramos numa costa deserta e ventosa recheada de flamingos cor de rosa que se propaga ate ao sul da ilha.

Em El-Kantara (não... passamos por casa da Catarina), existe a única ponte que liga a ilha de Djerba ao continente africano. Fato curioso: Apesar do mar do lado direito da ponte estar extremamente ventoso e picado, do lado esquerdo reina uma calma quase idílica. O mar parece um espelho!

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Uma fortuna?!!! Pois apenas para pagar uma Coca Cola!!!  

O trajeto para sul faz-se sem percalços e chegamos rapidamente a Tataouine. Tataouine e uma pequena cidade do sul, já perto da fronteira da Líbia e que pelas suas fantásticas formações rochosas dos períodos jurássico e cretáceo, impressionou o Sr George Lucas, levando-o a fazer no local algumas das filmagens do Famoso 'Star Wars' (no filme, Tataouine seria o planeta natal de Luke Skywalker).

O guia diz que por aqui existem imensos 'ksour', por isso resolvemos ver o mais famoso e bem conservado das redondezas - o Ksar Oued Soltane.

Um ksar (ksour no plural) e uma pequena vila fortificada, feita em terracota, ao bom estilo árabe, e reflete o modo de vida deste povo alguns séculos atrás (e alguns ainda são habitados).

Entramos na pequena fortaleza e ficamos muito impressionados com a beleza da construção. Este, apesar da idade, esta estranhamente em excelente estado de conservação, e supomos que de alguma maneira habitado, visto ainda haver vestígios de cereais nos seus silos (ou gofras).

Tiramos uma mão cheia de fotografias e saímos do ksar já tarde, tentando encontrar o inicio da pista para o Ksar Guilane - um ksar a 100kms para oeste já no limite do grande Sahara.

Paramos a porta de um hotel chamado 'Mabrouk' para saber a direção, e nos foi dito que já e tarde e que a pista á traiçoeira nada aconselhável de fazer a noite. Fizemos apenas +20kms ate a pequena vila Chinini famosa pelas suas grutas e voltamos para trás. O sol cai rapidamente atrás de nós e começamos a procurar um sitio para pernoitar.

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Falamos de novo com o dono do hotel Mabrouk. Este, muito simpático e ao ver as nossas caras quando falou em 35euricos/noite, sugeriu que acampássemos nos jardins do hotel por 10!! Boa! Vai ser o nosso primeiro acampamento.

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Vamos a cidade comer umas pizzas, atualizar as informações para a Internet, e deitamo-nos cedo.


PROBLEMAS
15 de outubro

A noite foi longa. Parece que a pizza com cogumelos causou estragos. As cólicas consecutivas não auguriam nada de bom. Pelo sim, pelo não, toma-se ultra levure. E para ajudar chove durante a noite, o nos obriga a levantar para recolher todos os pertences que se encontravam fora da tenda. E isto num sitio onde raramente chove! Enfim..

Acordamos cedo para nos fazermos a pista. As montanhas em redor de cor barrenta parecem saídas de um filme dos flintstones. Parece que temos companhia. Quatro jipes todos artilhados seguem-nos e fazem o mesmo caminho. Vão muito rápido, por isso deixou-os passar.

Passados 15kms, ainda antes de Chinini onde estivéramos na tarde anterior, alguma coisa faz oscilar a roda traseira. Paro a mota e esta a sair óleo do eixo traseiro! Mau!

Experimento andar mais uns metros e a oscilação continua. Voltamos para tras... A uma velocidade lenta mas segura tentamos voltar ao hotel tentando sair daquela zona desértica e árida. O vento aumenta progressivamente e a visibilidade diminui: Uma tempestade de areia?!! So nos faltava mais esta. Será que a mota se aguenta? Lentamente, km a km, os segundo parecem horas mas lá voltamos a segurança do hotel.

Saco das ferramentas desmonto a maxila do travão e tento fazer um diagnostico mais correto. Ligo ao amigo Joao Rodrigues, relato os sintomas e parece que se confirma: tudo indica que o rolamento do grupo cônico esta gripado. Grande azar! E logo aqui no fim do mundo. Bem... antes aqui que no meio da pista no Sahara!

Contacto a assistência em viagem e um reboque aparece 4H depois. Vai levar a mota para Tunis onde se encontra o concessionário BMW mais próximo. E nos resolvemos apanhar o primeiro autocarro para Tunis na esperança de resolver o problema o mais depressa possível.
Foi uma viagem alucinante. O Condutor conduzia sempre em excesso de velocidade um autocarro de varias toneladas como se fosse um ligeiro desportivo. Tudo isto entre discussões, cadeiras partidas, crianças a chorar e a luta pelos poucos lugares vagos ainda em condições.
Apesar das varias paragens para meter passageiros, as 10 horas de viagem inicialmente previstas transformaram-se em 8, graças ao excesso de zelo do condutor. Viagem de loucos!


MAS A BAVIERA TEM UMA FILIAL TUNISINA???

17 de outubro

Estes dois últimos dias tem sido um mimo. A mota já chegou e o diagnostico foi: precisa de uma 'Selle de Frein' e não há em stock. Aliás, pela pinta da oficina, e do numero de BMW que vi neste pais (ou seja... nenhuma!) não devem ter uma única peca em stock!.. E que raio é uma selle de frein? Não sei nem o senhor de bigodinho de bata bonita me diz. Aliás, parece que amuaram. Não só não me dizem como não dizem a mais ninguém! Nem a pedido da BMW Portugal! Tempo de reparação: 1 mês!! Que é o tempo que leva a pedir a peça da Alemanha. Como não é possível fazê-lo (não tenho um mês de férias), pedem-me para pagar o orçamento da reparação e metem-me a mota a porta!!! Não acredito nisto?!!! Isto e serviço BMW? Será uma filial da Baviera da Expo?

Agora os problemas multiplicam-se. O visto para a Argélia acaba a 22. A peça, assumindo que consigo espancar o senhor da bata bonita e bigodinho a Cantiflas, e sacar-lhe o part number, levara mesmo assim 2/3 dias úteis. Os amigos da assistência em viagem da Logo, ainda não perceberam, ou não querem perceber que já não há tempo para mandar vir o rolamento do grupo cônico, montá-lo, arrancar e mesmo assim atravessar a Argélia toda até Ghazaouet a tempo de embarcar no Ferry. Insistem em fazer a reparação. Acredito que estejam a dar o máximo, mas o caminho não me parece ser por ali.

Falo com a BMW Portugal. Arranjam a peça, mas não chega a tempo. A Baviera Tunisina recusa-se a montar o que quer que seja, se não for encomendada por eles. E a frustração total. Eu a Catarina desdobramo-nos e fazemos contas de kms e tempos de viagem, mas é uma tarefa impossível.

Só me apetece montar tudo na mota e arriscar! Seguir para a Argélia onde existem mais BMW's da policia que camelos e tentar a sorte por la. O João Rodrigues, disse que as vezes o rolamento ate aguenta muito, mas não estou sozinho, e estamos muito carregados. E se alugarmos um carro ate a fronteira? E de lá pedimos ao amigo Alexander de Constantine que nos ajude? Muitas perguntas, e muitas respostas se sucedem na tentativa de encontrar a solução. A logo constata a Baviera da Expo (bem me parecia que havia aqui qualquer ligação) para saber quanto tempo efetivamente leva a reparação... Hello!!! A Baviera Tunisina não vai arranjar nada!!!! Eles tentam falar com a casa mãe na Alemanha para os obrigar a arranjar a mota, mas o boss que decide não está. Só segunda. Estamos lixados!!

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Nome do médico e sugestivo. Coitada das senhoras  
Reclamo que a mota não pode ficar na rua! A assistência chama um reboque e leva a mota para uma pseudo garagem nos arredores da capital, o que eu poderia chamar de pardieiro! Já vi bairros de lata com mais classe! Espero que ainda lá esteja quando a for buscar! Sinceramente, quando vi aquele 'quintal' já cheio de ferro velho só me apeteceu sair direto e tentar a sorte na Argélia! Mas a seguradora deve saber o que esta a fazer.. Insha'Alla!!

Valha-me o Ultra-levure que parece estar finalmente a fazer efeito!!

Nota final: Descobrimos onde para o famoso Ali Baba! Aproveitando os seus dotes de ladrão e explorador de grutas terá se estabelecido discretamente em Tunis.

O que será que se abre quando ele diz: Abre-te sésamo?

Pois não quero que ESTA AVENTURA ACABE AQUI!


PROBLÉM RESOLU!! BARCELONA, MON AMOUR!!!

Bom! Começo este post agradecendo desde já aos inúmeros amigos que nos contataram oferecendo ajuda e soluções. No meio de tantos contactos houve um em que resolvemos apostar, por nos parecer viável: o nosso amigo António Gomes, que trabalha na Grimadi, sugeriu que comprássemos o bilhete de ferry na Grimaldi para Civitavechia (Itália) e de lá apanhássemos outro para Barcelona. Em Barcelona suponho que já não se põe o problema da entrega da peça por ser em Espanha a origem das peças para toda a Península Ibérica.

Bilhetes comprados, estamos só a espera de Terça feira para embarcar num 'cruzeiro' de dois dias pelo Mediterrâneo. Até lá, para fazer tempo, deambulamos pelas ruas, pela Medina, e pelo Cyber Café de Tunis. Ate já fomos ao cinema ver uma película dobrada em Francês!


VALHA-NOS SÃO GREGORIO!!
21 de outubro

Passamos os 3 dias de ferry piores das nossas vidas! O ferry de Tunis para Civitavechia saiu atrasado 4 Horas. Tinha bom aspecto, o navio. Mas o aspecto não chegou para fazer frente ao mar encarpado, encrespado, e às ondas de 4 e 5 metros que nos acompanharam no percurso todo!

Valha-nos São Gregorio! Viajamos à boa portuguesa na versao baratinha: nos assentos do restaurante do navio. Nós, 100 Tunisinos e 20 Italianos que embarcaram de Maxi-Trail vindos do sul da Tunísia (Sim! Na itália ainda se usa Maxi-trails para fazer Todo o terreno!), e que sofriam conosco o choro, os vômitos e os gritos de uma noite e um dia atribulados.

Eu ainda resisti umas horas mas já exausto, também fiz a minha 'prece' a São Gregório. A Catarina pelo seu lado, agarrada firmemente à mesa do restaurante lá conseguiu aguentar até ao fim, impávida e (quase) serena, perante as ondas gigantescas a bater na frente do navio e os escarros e vômitos agoniantes do Tunisiano sentado no banco de trás.

Chegada a Civitavechia no dia seguinte mesmo rés-vés a tempo de comprar o bilhete e embarcar no ferry para Barcelona. Aqui o cenário foi um pouco diferente. O ferry, novo e enorme, quase não balançava dado o seu tamanho. Apesar disso e passadas 24 horas e já em terra firme, ainda andamos os dois a cambalear, com a sensação de que tudo mexe à nossa volta!

Chegada a Barcelona pelas 20H. Fomos directos ao Hotel, porque o concessionário BMW local (Keldenich) já se encontrava fechado. Hoje, cedinho pelas 8H, já estávamos â porta, e fomos recebidos de sorriso na cara, por uma equipa que se propôs de imediato a ajudar em tudo e a fazer um rápido diagnóstico: rolamento do grupo cônico gripado. Estrago em peças: 150 euros. Menos mal! Bem diferente do diagnóstico do amigo Cantiflas da suposta BMW Tunisina que apontava para 800!! E que dizia que era da maxila do travao.

Aguardamos agora por segunda feira para seguir viagem. Entretanto talvez aluguemos uma scooter â boa maneira espanhola.

Até lá... Hola Barcelona!!!
 
 
 
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