Perseguindo o Amanhecer - Ricardo Lugris

08/08/2015 - Entrando em Moscou sem GPS

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Confesso que entrar de moto em Moscou sem o GPS, ou um mapa, ou qualquer outra referência ou acessório causava-me uma certa dose de inquietude. Digamos que estava bastante preocupado e, além do mais, não estava só.
Meus dois amigos brasileiros vinham comigo, uma responsabilidade a mais.
Na Rússia, as leis de trânsito são um pouco diferentes de outros países e, sobretudo, diferentes da maioria da Europa. Aqui, as regras são relativas e interpretadas de forma ampla e não específica.
Em Moscou, impera a lei do mais forte, do mais rápido e de quem tem o maior....SUV.
Assim, todo cuidado é pouco pois o "tovarich" pode vir pela faixa da extrema direita e ultrapassar por esse lado a uma velocidade inacreditável. Passam a centímetros de você.
Quando há congestionamento, é normal circular pelo acostamento, fazer retornos em semáforos, etc.
Vi motos subindo a calçada e continuar circulando por ali para evitar o engarrafamento, por exemplo.
Com um pouco de trabalho consegui trazer nossas três motos até o Kremlin, no centro da capital Russa.
Despedi-me em seguida de meus amigos e fui para o pequeno hotel que tinha reservado.
Fora um dia longo, não via a hora de uma boa ducha e um jantar reparador.
Pretendia ficar por dois dias em Moscou por várias razões:
A primeira, é que precisava comprar os mapas da Rússia para meu GPS. Tentei fazê-lo na França mas a encomenda foi entregue uma semana depois de minha partida.
A segunda, era poder encontrar com amigos e ex-clientes que se tornaram amigos.
A terceira, poder ter algumas conversas com a BMW local para fins de logística em caso de problema técnico na Sibéria e também para poder organizar a próxima revisão da moto em Krasnoyarsk, em plena estepe, onde o diabo perdeu as meias.... (As botas ele perdeu antes).
E a última e boa razão, era de poder passear um pouco por essa capital onde estive mais de 40 vezes, mas sempre com pouquíssimo tempo para ser turista.
Amanheceu um novo dia de sol e temperaturas em torno dos 23, 25 graus.
Fui ao centro comercial para fazer o download dos mapas e isso foi feito em 30 minutos, por 25% do preço que teria me custado na França. Nada mal.
Tenho a impressão nítida que esses mapas não poderão ser atualizados. De qualquer forma, só preciso deles para esta viagem.
Não obstante, os mapas foram carregados em alfabeto Cirílico, o que vai exigir muita atenção de minha parte.
Um belo exercício mental, de qualquer forma.
Fui então almoçar com um amigo, vice presidente de uma companhia aérea da Sibéria.
Ele, gentilmente, informou a todos seus gerentes regionais de que estarei passando pelas principais cidades nos confins da Rússia e que me forneçam apoio e assistência em caso de necessidade.
Fantástica generosidade e hospitalidade, tipicamente siberiana.
À tarde, fui visitar (pela primeira vez) o Kremlin, (que em russo quer dizer, castelo).
Passei uma tarde de turista, sem pressa, sem compromisso, sem horário.
À noite fui jantar com um velho amigo italiano que hoje é dirigente da empresa aérea nacional, Aeroflot.
Em uma noite de temperatura romana, fomos saborear uma excelente pizza e atualizamos nossas notícias.
No segundo dia, fui fazer um tour de moto pelo Golden Ring que são várias cidades e mosteiros de grande interesse histórico, arquitetônico, estético e cultural.
O Tzar Ivan, o Terrível, que de terrível não tinha nada e devia ser chamado de Ivan, o Inteligente, criou um cinturão de cidades fortificadas que serviriam como primeira proteção para Moscou em caso de ataque enemigo.
Com elas, veio a fé, as basílicas e os mosteiros.
Fui visitar Sergiev Posad. Uma maravilha, com suas cinco igrejas simplesmente extraordinárias.
Retornei a tempo para uma reunião com o Diretor de Vendas da BMW Moto Rússia que me atestou seu apoio e assistência durante minha estada neste país continental.
O entusiasmo da BMW da Rússia sobre minha viagem é imensamente superior àquele demonstrado pelo concessionário de minha cidade, em Chantilly.
Realmente, motociclismo é algo que se tem no sangue, ou não.
Terminei o dia jantando com amigos motociclistas russos em um belíssimo restaurante de cozinha eslava.
Como determina a tradição russa, fui convidado e deitamos alguns muitos cálices de vodka...
Fui dormir um pouco anestesiado mas com a certeza de que tudo está preparado para que eu, com minhas enormes limitacoes, possa enfrentar as grandes distâncias e as dificuldades do maior país do mundo.
Quando vejo o itinerário no GPS, percebo a curvatura da terra. No mínimo, dá uma pontinha de apreensão...
Amanhã, de qualquer forma, deixo as tentações do conforto de Moscou, não sem antes fazer uma foto na Praça Vermelha, um lugar mítico e ao qual, finalmente, bem que mal, cheguei com minha motocicleta.



Ricardo Lugris
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