Perseguindo o Amanhecer - Ricardo Lugris

04/08/2015 - Percorrendo a Europa central.

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Dá um certo prazer perceber sinais de claro e evidente desenvolvimento nos países que vou percorrendo pela Europa Central e do Leste no início nesta viagem.

Há 15 anos, quando pela primeira vez, com a Graça visitamos de moto a República Checa, Polônia, Lituania, Letônia e Estônia, essas nações lutavam para recuperar suas identidades nacionais, sua iniciativa econômica e seus valores pessoais e individuais após 70 anos sob o jugo opressor, conservador e paternalista da União Soviética, com seu regime já decrépito, decadente e falido.

Percorrer de moto esses pequenos países, significava passar horas em estradas estreitas, de péssima conservação entre automóveis e caminhões velhos e fumacentos, atravessando cidades cujo parque industrial se assemelhava aos filmes de Mad Max, além de sucessivas fronteiras com uma burocracia sem fim.

Hoje, evidentemente com o apoio da União Européia, esses novos países membros dão sinais claros de desenvolvimento e, se ainda estão bastante aquém da velha Europa em termos de nível de vida, seguramente passam mensagens positivas de superação, de energia e de uma excelente integração econômica.

Cruzo assim, a velha Polônia, de ene amavel, com bom tempo e boas estradas.

O parque automotivo do país é moderno e não deixa nada a desejar em relação ao restante da Europa.

Nada a ver com os Ladas, Volgas, Trabants e outros veículos oriundos da ineficiente e poluidora indústria comunista de outrora.

Há muitos motociclistas pelas estradas, talvez porque faça bom tempo, talvez porque se trata de um domingo de verão e todos te cumprimentam, o que dá uma tonalidade convivial à estrada.

A Polônia, profundamente católica, continua a olhos vistos, a construir igrejas em qualquer vilarejo.

São muitas, bem maiores do que os povoados e de uma variedade arquitetônica extraordinária.

Verdadeiros exercícios de criatividade por seus projetistas e pelos fiéis.

Fico me perguntando se ainda vale a pena fazer tão grande investimento na fé.

Escolas e salões comunitários não seriam mais úteis?

Enquanto vou questionando e analisando o que vejo, e sigo refletindo sobre a presente situação econômica da União Européia e seus novos e velhos membros, percebo que vou chegando ao confim da Polônia onde ela se encontra com a Lituania, o primeiro dos três países Bálticos.

Já não se pode mais falar de fronteiras entre os países do Espaço Schengen, que aboliu a apresentação de passaporte entre os países signatários.

Limite Territorial, quiçá seja o termo mais apropriado, penso eu, e divido essa reflexão em voz alta com uma família de cegonhas confortavelmente instaladas em sua cobertura sobre um poste diante de mim.

Não me dão nem bola... para elas, existem somente dois países. O do ninho, no verão, e o do ninho, no inverno. O primeiro na Polonia e Lituania e o segundo, normalmente no norte da África.

Com alguns Zlotis poloneses ainda no bolso, faço uma pausa para trocar dinheiro.

Entrego os Zlotis, e o senhor do guichê entrega - me euros.

Eu digo: Não, senhor, eu quero dinheiro Lituano. E ele me responde, só posso lhe dar euros.

Pego os Euros pensando: Que cambista fuleiro, não tem nem a moeda do país vizinho....

Entro na Lituania e vou abastecer a moto. O preço estava em euros.

Também o preço do sanduíche e da Coca-Cola. ...

Dou - me conta, nesse momento, de minha enorme gafe... com tanto país na UE, já nem sei mais quem tem euro e quem não tem....!!

Termino meu belo domingo de sol em Vilnius, a dinâmica e organizada capital da Letônia.

O hotel, limpo e correto, está situado a algumas centenas de metros do animado centro da cidade, com seus prédios tzaristas bem conservados, entremeados de neo-classicos do período socialista.

Particularmente, a composição classica-moderna do teatro nacional, (cuja foto da entrada postei ontem), me agrada sobremaneira.

Aproveito a temperatura de verão, escolho um café com um terraço agradável, peço uma cerveja e me ponho a observar as pessoas que passam que, como eu, curtem o domingo de sol.

Aparentemente sem se indagar sobre a colossal mudança que sofreu sua existência nos últimos 30 anos.

Da Cortina de Ferro, à União Européia. Não há dúvida, liberdade é a essência de tudo.

 
 
 
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