Rotaway Brasil Independência

Dia 59: 04/11/2012

 
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Fui dormir com uma sensação meio ruim. Sei lá... Quando tu acha que vai acontecer ou há algo de errado, mas não sabe o que é.

Pois que pelo Google Maps eu teria quase 1100km para rodar (talvez fosse por isso meu nervosismo). Parti cedo em companhia do Marcelo até a saída da cidade.

Como não poderia faltar alguma coisa engraçada, hoje não foi diferente. Estava a umas duas horas pilotando quando aparece uma coisa preta na minha viseira, instintivamente passei a mão para retirar. Imagine o susto quando percebi que não era fora, mas sim dentro do capacete que aquela coisa estava!

Bateu o desespero e comecei a procurar um acostamento para parar e nada, e nada, e nada... Até que enfim consegui parar. Tirei o capacete bem rápido e vi o que era. Uma aranha de uns 5 ou 6cm de diâmetro (contando com as patinhas).

Eu tenho pavor a maioria dos insetos e aranhas com certeza estão no topo da minha lista. Como ela foi parar lá, eu não sei, só sei que deveria estar no capacete pelo menos desde a noite.

Hoje a viagem não estava rendendo, como disse ontem, acho que o cansaço está acumulando.

Passei por Vilhena (330km de Ji-Paraná) já no fim da manhã e comecei a ver que não ia dar certo fazer todo o percurso que eu havia me proposto a fazer, mas também resolvi que iria rodar até quanto aguentasse.

Por estar cansada, comecei a pensar coisas como porque estava lá, porque não terminava logo com essa viagem. Sentia medo dos caminhões, pensava que a qualquer momento poderia estourar um pneu.

Pensei na minha mãe que falou tantas vezes para que eu não fosse. Em alguns acontecimentos do meu passado que me deixaram muito triste por muito tempo. Pensei nas pessoas que me procuram para me magoar com palavras ásperas e tentam me desmotivar de todas as formas possíveis.

As curvas perto de Cáceres aquela altura do campeonato só me estressavam por causa de seus buracos. Os caminhões andavam lentamente. Em resumo: tudo era motivo para eu analisar mais "O que estou fazendo aqui?"

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Peguei um pouco de chuva antes de Cáceres e cheguei lá com garoa fina. Ainda faltavam pouco menos de 250km para chegar a Cuiabá indo pela BR-070.

Pensei no dinheiro que tinha que era pouco e se eu ficasse em algum hotel, por mais barato que fosse, iria fazer falta para a gasolina amanhã e, com isso, resolvi continuar. A noite começo a chegar a estrada estava boa, mas a chuva chegou junto.

A visibilidade estava ruim e piorou quando a luz do farol simplesmente apagou. Sem pânico! Acendi a luz alta e torci para que não atrapalhasse muito quem via na mão contrária.

Alguns quilômetros depois a luz alta piscou forte e também apagou. Aí sim comecei a entrar em pânico.

A lanterna traseira já não funcionava mais. A chuva forte, a noite e não tendo nenhum acostamento me deixaram bem nervosa. Pensava no que poderia ser, se era bateria ou simplesmente uma pane elétrica. Em qualquer uma das opções, eu não tinha o que fazer.

Continuei com medo dos carros e caminhões que não me viam. Quando um carro chegava perto eu acionava o pisca alerta.

Não via acostamento, só casas que pareciam sítios que ficavam mais retirados da estrada e ficava com receio de parar e as pessoas alí não serem muito amigáveis.

Então colei na traseira de um caminhão que ia a uns 50km/h. O podre do caminhoneiro via que tinha alguém seguindo ele mas não sabia o que era ou quem era e começou a dar freadas bruscas, acho que na tentativa de eu me assustar e sair de trás, mas eu precisava da luz dele e persisti. Rezei para todos os santos que conhecia e até inventei uns novos e rezei para eles também. Para mim foram cerca de 150km de pavor, pois nunca imaginei passar por uma situação dessas.

Até que enfim encontrei um posto de gasolina a uns 15km de Cuiabá. Parei lá toda molhada da chuva. Não desliguei a moto por pensar que se fosse a bateria, não conseguiria ligar novamente.

Liguei para o Mauro que estava me esperando em Cuiabá e ele foi me encontrar de caminhonete. Segui ele até sua casa, usando sua luz. Quando cheguei lá, desliguei a moto. Como esperado, ela não ligou novamente.

Foi um dia bem tenso. Já era por volta das 10h da noite e pensava que no outro dia não poderia seguir viagem. Teria que tentar resolver tudo: problema na moto, falta de dinheiro e tentar consertar meus pensamentos que não estavam ajudando em nada.

Comi uma bela pizza em companhia do Mauro e sua querida família e fui dormir.

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Comentários (2)

3/12/2012 11:37:36
OTAVIO ARAUJO GUGU
Falam tanto de moto BMW e só ouço falar que quebra isso ou aquilo, lampadas queimam, bateria pifa, corrente engasga e até o freio pega fogo e derrete como aconteceu em Antofagasta com meu amigo André. Tenho uma Honda Varadero [já é a segunda] já rodei 74.000 km e nunca queimou uma lâmpada, bateria original, troquei apenas a relação e os feios - manutenção normal. Por tudo que tenho lido e ouvido de amigos, considero os produtos da Honda infinitamente superiores aos da BMW. Siga sua viagem com Deus no coração.
Otavio Araujo - Gugu - Taubaté/SP
 
2/12/2012 19:13:42
CARLOS
Dessa vez não foi nada engraçado! Ainda bem que você escapou ilesa!
 

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