Rumo ao mediterrâneo

8ª Etapa – Passo “Stelvio” – uma das mais belas estradas da Europa

Terça-feira, 16 de agosto de 2011

 
Todos têm suas listas de predileções: as mais belas praias; as melhores cidades para viver; os melhores restaurantes; os melhores filmes e livros; etc. Estas listas são frequentemente elaboradas com critérios subjetivos e representam, quase sempre, a opinião de quem as elaborou. Raramente são listas de consenso ou resultado de alguma pesquisa com rigor científico. Mas valem e, no mínimo, servem como referência para elegermos as nossas predileções e nos ajudam a fazer as nossas listas pessoais.














Na minha lista pessoal das “mais belas estradas para andar de moto no Mundo”, a estrada que leva ao “Passo Stelvio” (Strada Statale 38, ou mais simplesmente SS 38) sempre terá um lugar de destaque. Razões para isso não faltam: é o segundo mais alto passo alpino motorizável, com 2.757 msnm (só perde para o Col d`Iseran, com 2.770 msnm); está localizado no maciço de “Otler”, uma bela cadeia de montanhas nos Alpes do Norte da Itália; os 48 cotovelos (hairpins) da SS38 na face Norte da montanha garantem diversão na pilotagem; as flores alpinas na primavera, que transformam as laterais da pista em um verdadeiro jardim. Enfim, esta estrada é local de peregrinação obrigatória para todo amante do moto turismo.

Da Suíça, de onde partimos, nosso caminho ao “Stelvio” nos levou a conhecer “Glurns”, ou “Glorenza” em italiano. É uma pequena cidade de aproximadamente 900 habitantes - por razões turísticas intitulada “a menor cidade dos Alpes” - localizada na Província de Bolzano, Região do Trentino-Alto Adige. Este burgo, de mais de 700 anos, conserva até hoje a sua “muralha” de proteção (city wall) com três portões de acesso às suas estreitas ruas. Durante o período “Romano” foi uma importante intersecção comercial da “Via Imperial Claudia Augusta” que levava à Suíça. A praça central da vila é o ponto de encontro dos locais e dos viajantes.

Lembram-se dos carros clássicos antigos mostrados em posts anteriores? Pois é, um dos pontos de passagem deste “Rallye de Carros Clássicos” foi exatamente “Glurns”. Estes rallyes são muito comuns no verão Europeu. Como são de “regularidade” (modalidade na qual os competidores tem que manter uma média de velocidade imposta pelos organizadores) por estradas asfaltadas, o evento acaba transformando-se numa grande confraternização entre os participantes. Vejam as fotos da chegada na praça de “Glurns”:

Parar alguns instantes em pequenas cidades como “Glurns” e aproveitar - mesmo que brevemente - a atmosfera local (os sons, as cores, os sabores, as pessoas e a história) é mais do que um prazer, é um privilégio concedido a todos os que viajam de mente aberta. Agora sim estávamos prontos para iniciar a subida ao “Passo Stelvio”, com o perdão do trocadilho, o “ponto alto do dia”.














Alguns fatos sobre o “Passo Stelvio”: a estrada original que conduz até o alto da montanha foi construída entre 1820 – 1825 pelos Austríacos para unir a antiga província da “Lombardia” com o resto do Império Austríaco sem precisar passar pelo Reino da Itália. O engenheiro responsável sua pela construção foi Carlo Donegani. Durante a 1ª Guerra Mundial a cadeia de montanhas do “Ortler” foi uma importante linha de batalha entre o Império Austro-Húngaro e a Itália, com os primeiros dominando os pontos culminantes, enquanto os italianos tinham como objetivo desloca-los destes pontos. Até hoje são encontradas armas e objetos usados nas batalhas alpinas. A estrada permanece quase a mesma até hoje.

Cumprida a etapa até o Passo Stelvio - e já eram 16:00 horas - estávamos a mais de 60 km do nosso destino para o pernoite, que foi a comuna (cidade) de “Ponte di Legno”, na Província Italiana de “Brescia”. E ainda tínhamos mais um passo para cruzar: Passo Gavia, também acima dos 2.600 msnm (para ser preciso, 2.652 msnm).

O Passo Gavia (2.652 msnm), que liga as comunas de Bormio (ao Norte) com Ponte di Legno (ao Sul), é cruzado utilizando-se a estrada provincial SP300. Este passo alpino foi o mais rústico e isolado do nosso roteiro tendo sido, no passado, uma importante via de ligação mercantil com o Norte da Europa (esta via era conhecida como Via Imperial da Alemanha). A ascensão (desnível) de Bormio até o Passo Gavia é de aproximadamente 1.400 m, em uma extensão de 24 km. Esta estrada é frequentemente usada no "Giro d`Itália", a mais famosa prova de ciclismo de estrada na Itália.














Após a subida até o Passo Gavia veio a descida mais íngreme: os mesmos 1.400 m de desnível, só que vencidos em uma extensão de 13 km até “Ponte di Legno”, nosso destino de pernoite.

Ao final do dia chegamos em "Ponte di Legno". Um pouco perdidos, diga-se de passagem, por conta da localização do hotel: três "GPS`s" não foram suficientes para achar o hotel do dia (só para informação aos navegantes, o hotel era novo e ainda não constava dos registros dos GPS`s. Agora está...).
 
 
 
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Comentários (2)

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