Dicas

EXCESSO DE CONFIANÇA

 
Há muito se discute confiança (em nós mesmos e nas outras pessoas), seja por excesso ou pela falta dela. François de La Rochefoucauld, conhecido como Conde de La Rochefoucauld, moralista e escritor francês do século XVII, já dizia: “A confiança que temos em nós mesmos reflete-se em grande parte na confiança que temos nos outros”. Shakespeare alegava que “A desconfiança (ausência de confiança) é o farol que guia o prudente”. Corroborava com a mesma idéia o espanhol Baltasar Gracián, escritor e pedagogo, também do século XVII, quando afirmava que “A confiança é a mãe do descuido”. Daí podem-se perguntar: se não temos confiança somos mais prudentes?! E se formos muito confiantes poderemos agir com imprudência?!

Essas questões ganham maior dimensão quando as relacionamos com o trânsito, principalmente no Brasil de hoje com um número excessivo de veículos, estradas e ruas em péssimo estado de conservação, acidentes a todo momento, e um sem-número de motoristas e motociclistas ingressando nessa “roda-viva” todos os dias.

Trazendo para o mundo das motocicletas, a falta de confiança, principalmente entre pilotos iniciantes, é quase sempre uma regra que somente será superada com o tempo. Essa insegurança, no entanto, não pode perdurar ad æternum e tampouco se transformar em medo, situação que poderá gerar atitudes incompatíveis com a boa pilotagem.

Por outro lado, sabemos que “ser mais rápido e veloz que os outros”, “ser mais esperto”, “levar vantagem no trânsito” ou “ter uma motocicleta como objeto de status”, são valores e atitudes de parte dos usuários de motocicletas que podem ser ao mesmo tempo causa e consequência de outro problema crônico entre muitos pilotos “experientes”: o excesso de confiança. Obviamente são comportamentos insustentáveis do ponto de vista da coletividade e dos direitos de cada cidadão.


As pessoas com excesso ou falta de confiança poderão não perceber situações de risco e antever momentos de perigo, aumentando as possibilidades de acidentes

Por isso, pilotar uma motocicleta de forma segura exige o exercício constante de correções de condutas, educação, atitudes éticas e de cidadania, para a melhoria e o aperfeiçoamento da própria condição de motociclista.


Mudar comportamentos para uma pilotagem com qualidade e respeito exige o perfeito conhecimento das questões em jogo na convivência no trânsito

É a escolha de elevados princípios e valores que irá nos levar a um trânsito mais humano, harmonioso, seguro e justo. No mais, é subir na moto, acelerar, deixar o vento bater no rosto, e curtir um bom passeio... com a confiança necessária.

Um forte abraço a todos os motociclistas do Brasil!

Cícero Belluco
Brasília/DF, 22 de julho de 2011.

 
 
 
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Comentários (20)

9/9/2011 15:50:44
AZIMUTEDF
Nas estradas mais tranquilas é quem muitas vezes os acidentes acontecem.
A explicação é que quando uma estrada é muito movimentada ou muito sinuosa, nós redobramos a atenção ou quando há muitas curvas nossa adrenalina fica lá em cima, o que faz os batimentos cardíacos aumentarem e com isso o sono não aparece. Do contrário, depois de horas na estrada, debaixo de um sol quente e estrada reta, nós baixamos a guarda e é aí que mora o perigo.
 
27/7/2011 16:33:29
ANDRÉ RAMOS REVISTA PRÓ MOTO
Prezado Cícero, tuas letras nos despertam a necessidade de discussão de alguns valores, dos quais, parte deles, cai cada vez mais em desuso nestas terras brasilis. Quero aqui destacar o papel da ética, elemento que serve como moderador das relações humanas e que deveria, ao lado do bom senso, vir como item de série em cada bípede que aqui viesse em missão, entretanto, parece que ela amarga uma posição bastante distanta da liderança quanto às preocupações humanas.
Pobres e ricos, instruídos e baldos, empresários e vassalos, não importa a posição social ou o grau de instrução, a impressão que se tem é que cada um encontra nas mais estafúrdias desculpas, uma saída para agir fora da ética.
Fruto de uma crise de valores morais que se alastra pelo Brasilzão e que acaba se refletindo no comportamento dos que estão no topo da priâmide da representação social, o fato é que o que se busca cada vez mais, ao menos em minha opinião, é o "salve-se quem puder". O pior é que, agindo-se assim, colhe-se o presente de desordem, mesquinhez e mau comportamento, para se dizer o mínimo.
É uma pena.
 
27/7/2011 14:34:03
PAULO FORTUNATO
Belluco,
Parabéns pelo texto. Divirta-se bastante com a nova máquina.
Um abraço.
 
27/7/2011 08:34:24
HUGO PENNA JUNIOR
Caro amigo Cicero , estou totalmente de acordo com sua explanação,parabens pelo texto só queria incluir um detalhe importante para todo motociclista , eh o fator manutenção de sua motocicleta que deve estar sempre em perfeito estado para que lhe de a resposta exata na hora H . Para que nossa confiança seja correspondida, precisamos estar preparados e nosso equipamento tambem , o conhecimento de seu equipamento e crucial para que tenhamos sucesso em nossas viagens e passeios. Amigo não estou fazendo critica e sim colaborando com seu texto ok.
Um grande abraço e feliz dia do motociclista 27/07

Hugo Penna
 
26/7/2011 18:57:45
REINALDO TAVARES
Prezado Cícero, podemos colher muita sabedoria agregar conhecimentos com sua experiência, mas quero somar ainda muita Prudência e Confiança em nosas atidudes ao pilotar uma Moto. Tenho 34 anos de piloto e fui sofrer um acidente no deserto de Atacama, felismente sem gravidade. Quero com isto afirmar que em cada Aventura, definimos atidutes prudência confiança em função da Rota, das estradas do tempo e outros fatores que ocorrem. Para tudo exige muita experiência.
Parabens ao Cícero pelo bonito texto.
RTavares
BRs Vila Velha ES.
 
26/7/2011 14:20:44
BETO DORNELAS

Parabéns pelo belissímo artigo Cícero.

Gde abraço,

Beto Dornelas.
Grupo V-Strom Brasil.
 
26/7/2011 11:57:04
MARINA
Querido Cícero,
excelente o seu artigo.
Queremos a sua coluna aqui no Rotaway.
E as suas colocações aqui expostas, não dão exemplos para muitas outras comparações em nossas vidas, seja pessoal ou profissional.

Bjs.
Marina
Porto Alegre/RS
 
26/7/2011 11:40:03
CÉLIO AVELINO DE ANDRADE
Excelente artigo, parabéns. Suas colocações sobre o medo e o excesso de confiança são, além de apropriadas, pedagógicas. No dia 4 de julho, vindo do Encontro de Tiradentes-MG para Recife-PE, tive um acidente de moto na BR em Vitória da Conquista-BA. Um caminhão que vinha em sentido contrário, ultrapassando uma fila de caminhão me jogou fora da estrada ocasionando fratura do cotovelo esquerdo e da mão direita.
A moto, uma BMW R 1200 GS, teve perda total (estava no seguro).
Esse acidente, mais que as fraturas, me deixou lições. A culpa pelo evento foi totalmente do caminhão, mas se eu estivesse mais “ligado” teria ido, uma fração de segundo antes, para o acostamento, e o acidente não aconteceria. Foi, à toda evidência, excesso de confiança, que é tanto prejudicial quanto a ausência do medo...
Célio Avelino, do Recife-PE.
 
25/7/2011 21:09:15
NELCI BALDESSARI
O texto é muito bom hoje para mim, porque no tempo, os anos trazem a experiencia. Com 20 anos, deslumbrado pelo embriagador romantismo e a magia encantadora da década dos anos 60, como motociclista aventureiro apaixonado pela velocidade, degustei a copa da vida desbordada de amor, beleza, valor e verdade. Aprendi naqueles anos dourados, que poderia arriscar e ganhar se vencesse o fantasma do medo, e até poderia alcançar meus objetivos se tivesse fé para tentar e coragem para não ficar amarrado na partida, justificando: quem não consegue superar todos os dias algum temor, não aprendeu ainda a principal lição da vida. Vida que não é uma curta viagem sobre pista lisa; sim uma longa maratona sobre senda escabrosa e foi a motocicleta que me ensinou a enfrentar e a vencer situações de risco, ampliando assim meus limites.
Mas, foi naquela viagem que o vento congelou, o céu escureceu, um erro me levou ao chão, que também aprendi a não esfriar o coração, nem apagar o fogo da alma ou a vida dos sonhos. Fazer sim de cada caída, uma nova partida, porque não existe mal que dure sempre, nem ferida que não cure o tempo. Mais importante que não errar, foi a humildade de admitir e corrigir meus erros. Se acontecer contigo motociclista amigo, ergue os ombros, respira fundo, olha longe, morde o lábio e continua a viagem, abraçando a vida, amando a liberdade e a contemplação que a motocicleta, presenteia.
Nelcí Baldessari
 
25/7/2011 20:53:19
LUCIANO NOGUEIRA
Cícero, parabéns. Mas confesso que estes dois cães, configuram exatamente o excesso e a falta de confiança. Mas eis a questão; no caso dos cães, qual retrata o que? O menor por excesso ou o grande por falta de confiança? Justamente sao estes limites que as vezes muitos não enxergam.
Excelente suas explanações.
Luciano Nogueira
 
25/7/2011 20:34:36
OTAVIO ARAUJO GUGU
Oi, Cícero !!!
Belas palavras, penso e rodo exatamente como descreve, com total respeito e dentro das regras, por isso consegui conviver com as motos sem acidente - uma raridade - nos últimos 50 anos. Se motoristas e motociclista tiveseem medo e também respeito, teríamos menos acidentes e mortes. Eu não acho moto perigoso... no meu caso. Parabéns pelo belo texto. Quando passar pela Dutra venha nos fazer uma visita em Taubaté. Fraterno moto abraço a todos, GUGU
 
25/7/2011 20:23:09
ROBERTO NASCIMENTO
Amigo,
Completamente razoável as suas palavras com a postura de um verdadeiro motociclista. Entre o excesso e a falta de confiança, fica no meio do caminho a PRUDÊNCIA.
Cícero. Parabéns.
Nascimento / SP
 
25/7/2011 20:17:27
MARCELO ARAUJO
Excelente texto!....e acima de tudo muito util.
 
25/7/2011 20:03:43
CARLOS PEREIRA NETO
Excelente texto! Parabéns companheiro motociclista.
Penso que nenhuma viagem de moto é igual a outra. Portanto, cada vez é única; cada ato de pilotar é diferente do outro. Nunca as situações serão repetidas, e assim sendo temos de encarar cada viagem ou pequena saída de moto como a primeira de nossas vidas. Um fraternal abraço.
 
25/7/2011 19:11:30
ADRIANO CHEVRANT
Cícero, excelente!
Muita boa as suas colocações.
Ótimo texto.
Abraço.
Adriano
 
25/7/2011 19:08:06
PLINIO LOPES JUNIOR
Embora bem descansados, muitas vezes a tranquilidade da viagem, aliada ao som do motor na mesma rotação, leva à monotonia e ao sono. Tenho tido excelentes resultados mascando chicletes. Experimentem > Parabéns pelo texto.
saudações > Plin
 
25/7/2011 19:06:08
JU MEDEIROS
Interessante, que eu achava que era impossível cochilar ao guidon, pois uma vez retornando de Brasília DF, já tinha passado Pirapora MG, e pouco antes de chegar a Montes Claros MG, eu cochilei, foinum susto tremendo, primeiro por não acreditar e segundo por provar para mim mesmo, como o amigo escreveu acima, e quando o perigo mora perto?
 
25/7/2011 18:54:18
EURICO PORTUGAL MACEDO FILHO
vc tem que saber que se vc tem uma motocicleta,ela esta aí para vc ter algum prazer na vida e te deixar feliz,porque fazer da moto uma arma pra te matar?Campeão é quem sabe curtir uma motocicleta,não dá pau,só corre um pouco mais quando sente a estrada segura,viaja viaja bastante para vc ver o que é que a motocicleta te proporciona,não tem nada igual, entrar no mundo vendo as paisagens ao vivo por horas a fio ,e sentir aquele vento que te faz respirar mil vezes agradecendo um dia ter se tornado um motociclista....motocicleta ative esta idéia em sua vida.
 
25/7/2011 18:42:31
JUSCELINO LIMA
E quando o perigo mora em nós?

Numa das minhas viagens, percebi que cochilei no guidon da moto por um instante. Fiquei indignado!

Comentando o fato com a minha irmã, fiquei sabendo que meu primo havia também dormido no guidon e acordou todo quebrado ao encontrar uma lombada.


Agora só viajo se estiver 100%

Abraços
 
25/7/2011 18:32:28
ALBERTO CAMPOS DA COSTA
Prezado Cícero, excelente colocação.
Parabéns pelo texto.

Abraços.

Beto Costa
Ribeirão Preto - SP
 

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