Yerevan, Armênia
24 de maio de 2011
Nossa chegada à capital da Armênia foi uma grande surpresa.
A exemplo de Tiblissi, esperávamos uma cidade deteriorada pelos muitos anos de regime comunista porém, encontramos uma cidade moderna, organizada e muito verde.
A Armênia tem um passado de sofrimento e diáspora em sua história o que contribuiu finalmente para sua situação atual, após a independência da URSS. Mais da metade da população deste pequeno país do Cáucaso vive no exterior, com uma grande e próspera comunidade nos Estados Unidos e, evidente está que o investimento estrangeiro entra com uma certa abundancia.
Na chegada a Yerevan, como sempre, as motos são as donas da festa. As pessoas nos acenam, perguntam de onde viemos e se interessam pelos detalhes das grandes motos. Decidimos ficar um dia inteiro em Yerevan, conhecendo algumas maravilhas históricas e geográficas neste vale rodeado de grandes montanhas que é o entorno da cidade que se localiza a mais de 1200 metros de altitude.
Depois de uma noite no Congress Hotel, da rede Best Western, correto e bem localizado, saímos pela manhã, em um belo dia de sol, para fazer um passeio ao longo do extraordinário Monte Ararat, aquele em que o Noé teria atracado sua arca.
Essa montanha, com seus mais de 5.000 metros de altitude, é o símbolo da Armênia, apesar de nos dias de hoje ela estar localizada na Turquia. Tínhamos estado junto ao Ararat em 2008, a caminho do Irã, em uma viagem de moto pela Rota da Seda, objeto de matéria na Revista Duas Rodas em 2009.
Confesso que a primeira vez em que avistei essa montanha fiquei profundamente emocionado a ponto de ter que parar a moto. Curioso como todos aqueles ensinamentos religiosos nas aulas de catecismo no colégio Auxiliadora, em Bagé, minha cidade natal, na fronteira do Brasil com o Uruguay, permanecem em nosso subconsciente e, quando encontramos um desses lugares bíblicos míticos, ele mexe com nossa cabeça e sentimentos.
Aproveitamos a vista do Ararat para visitar também o Mosteiro de Khor Virap que fica no seu entorno e fazer algumas privilegiados por uma vista fabulosa!
Voltamos à cidade onde aproveitei para visitar o Memorial do Genocídio Armênio, perpetuado pelos turcos entre 1915 e 1922 onde mais de um milhão de Armênios foram massacrados em toda a Turquia e em vários outros países pertencentes ao império Otomano.
Foi algo planejado nos estertores do sultanato Otomano e que teve na Alemanha e Áustria, das quais a Turquia era aliada durante a Primeira Guerra Mundial, espectadores passivos de fusilamentos em massa, expulsão de populações inteiras, internamentos em campos de concentração depois de transportar pessoas amontoadas em vagões de gado.
Lembra alguma coisa? Não terá sido uma bela escola para os horríveis episódios registrados ao longo da Segunda Guerra mundial pelo regime nazista?
Como era de se esperar, o lugar é triste e representa o que o ser humano tem de mais baixo: A sua crueldade.
O resto da tarde foi dedicado a passear pelo centro da cidade, tomar uma boa cervejinha gelada, ao mesmo tempo em que, em um belo café na sombre de um enorme parque, aproveitei para colocar em dia meus escritos e fotos.
Jantamos em um restaurante típico armênio por insistência de meus amigos italianos, amantes de uma boa mesa. O jantar foi absolutamente insuportável. Fomos colocados no sub-solo do que poderia ser uma bela galeria cisterciana mas estava mal ventilada e os armênios, assim como todos os habitantes desta vasta região, fumam compulsivamente ao ponto de acender um cigarro no outro. Aqui ainda se fuma em todos os restaurantes.
Além desse desconforto, a música ao vivo, cantada pela proprietária do restaurante era insuportavelmente alta e a comida levou muito tempo para ser servida o que serviu para jogar com os nervos de todos nós.
São as concessões necessárias a qualquer grupo que pretende dividir 10 a 15 dias de viagem e tempo comuns.
Mais tarde falarei um pouco das peculiaridades da viagem de moto em grupo.