Viagem pelo Mar Negro

De Amasra a Sinop Ao longo do Mar Negro

18 de Maio 2011

 
Bem, uma notícia para todos nós: O Mar Negro é verde.
Assim como a Mesquita Azul, que é cinza, e o Rio Danúbio que é marrom e não azul como diz a valsa. O Mar Negro deve ter esse nome por qualquer outra razão.(sua profundidade, me parece)
Na minha cidade natal, Bagé, no RS, também tem uma loja que se chama Casa Vermelha e, desde que me conheço por gente, ela sempre foi marrom...
Idiossincrasias da vida.





































Ao chegarmos ao pequeno porto de Amasra ontem, o tal do Mar Negro estava totalmente encoberto por um nevoeiro daqueles em que até passarinho desce pelo tronco.

Esta manhã, quando deixamos o hotel para nosso primeiro dia percorrendo a costa desse mar pleno de beleza e história, o mesmo continuava tímido e, envolto em nuvens nos impedia de fotografá-lo.
A estradinha que tomamos, sempre no rumo leste, perseguindo a sombra de nossa moto, é de um charme extraordinário.

Travada, não permitindo mais do que 60, 70 km/h, é o tipo de estrada que minha moto gosta, e eu também.
Apesar de que tínhamos sido informados que a estrada estava em obras, com alguns desvios de mais de 10 kms sem asfalto (obaaa...!!!).

A Turquia está em época de eleições, portanto, a maior parte das estradas está em obras. Isso nos lembra algum outro país?
De qualquer forma, as obras e desvios só acrescentaram mais charme a essa lindíssima estrada, uma das mais bonitas que percorri nos últimos anos.
Ao longo de suas curvas, rodeadas de muito verde, pois nesta região chove muito, fomos encontrando montanhas com seus vilarejos pendurados de onde se destacam onipresentes os minaretes de suas mesquitas.
















Como já mencionei, o povo turco é muito amável e hospitaleiro. Em qualquer lugar, seja em um bar ou em uma estação de serviço, ao chegar, você tem uma taça de chá oferecida nos primeiros minutos.
Parando em um bar onde pretendíamos descansar alguns minutos da pressão das curvas de nossa deliciosa estradinha, vi que um senhor de uma certa idade tentava amarrar o cadarço de um de seus sapatos, sem muito sucesso pois lhe faltavam dois dedos da mão direita.
Rapidamente me abaixei e amarrei seu sapato.
Em lugar de agradecer, ele me deu uma bronca pois eu tinha amarrado muito apertado.
E a bronca foi em alemão....
Pedi desculpas e amarrei novamente o cadarço, desta vez mais folgado o que provocou um sorriso de apreço e aprovação pelo serviço bem feito por parte deste senhor.
Sou convicto de que, se soubermos ouvir, cada pessoa é capaz de te contar uma história, sua história.
Cada pessoa tem uma história, basta lhe darmos a oportunidade de contá-la.
O “seu” Ibrahim, nosso velho senhor também tem sua história e resolveu contá-la para mim, em alemão que ele aprendeu tendo sido trabalhador na Alemanha por alguns anos.
Na segunda guerra mundial ele era marinheiro em um navio mercante e seu navio foi afundado por um submarino alemão no Mar Negro.

Ficou na água por algumas horas até ser resgatado e na explosão causada pelo torpedo, perdeu dois dedos de sua mão.
O “seu” Ibrahim tem 89 anos e uma memória fabulosa.
Muito bem vestido com seu quépi de marinheiro e de terno e gravata, contou-me sobre ele e sobre sua vida inteira no mar.
Também quis saber sobre o Brasil pois ele também sabe perguntar e é cheio de curiosidade.
Terminou o discurso comentando a minha moto, que ele gostou porque é alemã achou também que eu deveria usar couro em vez do “goretex” de minhas roupas.
A riqueza e energia deste velho senhor me deixou realmente impressionado.
Prova de que o privilégio de ter contato com os locais em uma viagem deve ser cultivado e incentivado. E sem dúvida, a moto tem uma posição de vantagem pois amálgama as pessoas.
Após 400 km que percorremos em 8 horas, em um caminho que meus amigos italianos classificaram de “empenhativo” (gostei do neologismo...) onde o tempo passou de forma subjetiva pois nossa atenção esteve totalmente voltada para as nuances de cada curva em superfícies nem tanto amigáveis e a beleza da paisagem dividindo-se entre mar e montanha.















Chegamos ao final da tarde a Sinop, cidade com nome de xarope para a tosse mas, que do alto de seus 2000 anos de história viu Gregos, Bizantinos e Otomanos passar por aqui.
Um dos personagens mais célebres desta cidade é o filósofo grego Diógenes, aquele que andava por Atenas com uma lanterna “procurando um homem”.
Aliás, seu episódio mais famoso é quando o rei foi visitá-lo na prisão e perguntou o que poderia fazer por ele, a resposta foi:
- Você poderia sair da frente do meu raio de sol......
Sinop fica em uma península totalmente rodeada de muralhas. Belo lugar.
As pessoas te sorriem e perguntam de onde você é.
Assim, o fim de tarde foi escorrendo em um dourado longo e tranquilo.
Um passeio a pé pelo cais e pelo pequeno porto de pesca de Sinop fechou um dia incomum como uma magnífica chave de ouro.
 
 
 
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Comentários (2)

2/2/2017 19:54:14
GIZ1KHB9HVA
En effet ils vieillissent vraiment pas bien ce3tiansRr0; je crois qu’à un moment donné il faut savoir se retirer car là pour ceux qui ne connaitraient pas leur boulot d’il y a 30/40 ans (et y’en a surement beaucoup) des réalisateurs comme Romero et Argento sont juste des pauvres types qui réalisent des nanars… c’est triste
 
28/6/2016 16:01:32
UOOUEXZ2
That instghis perfect for what I need. Thanks!
 

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