Quarta-Feira: Coshocton / OH - Holmes County / OH - Canton / MI
05.10.2011
Hoje a parte turística seria a própria viagem: queríamos passar por Holmes County, que tem a maior comuniddade amish e menonita dos EUA. Tínhamos curiosidade de conhecer mais de perto esse povo que consegue preservar costumes de dois séculos atrás nos dias de hoje.
E nosso contato com eles começou cedo, e de forma um pouco preocupante: saímos com uma neblina bem densa, mas com tempo seco. Nem bem entramos na estrada interestadual nosso GPS nos conduziu a uma estrada secundária onde em alguns trechos nem enxergávamos para onde ela ia virar de tanta neblina. Os caminhões que trafegavam nela ajudavam a tornar o percurso tenso. E de repente enxergamos um triangulo laranja e somente um pisca alerta num retangulo preto se movimentando à nossa frente. O que seria aquilo? Nada mais, nada menos do que a carroça de um amish. Já estávamos em território amish/menonita, e uma das características dos amish é a negação do uso de tecnologia, a começar por veículos: eles só usam carroças e charretes com tração animal.
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Novamente saímos com muita neblina |
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Novamente saímos com muita neblina |
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E com um novo perigo |
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Indo às compras no traje característico |
Trafegamos por estradas bem secundárias chegando a atravessar fazendas: de um lado da estrada ficava a casa da família e do outro lado o celeiro. Já às 10h muitas roupas estavam penduradas na corda para secar. E em algumas casas mulheres estavam arrumando os jardins ou uma pequena horta com enxada nas mãos. E nas casas ao invés de carros víamos as carroças. E muita agricultura e criação de cavalos, por sinal, muito bonitos, grandes, fortes, nenhum pangaré, e de bois: como esse grupo desenvolve atividades ligada a terra e não usa tratores ou outros implementos motorizados, depende da tração animal para transporte, preparo da terra e colheita.
Chegamos à cidade de Berlin e demos um giro, procurando pelo Amish & Menonite Heritage Center. Depois de algumas perguntas chegamos ao local: não é bem um museu, talvez possa se dizer que é centro de informação com venda de literatura, artesanato, um tour por um mural que conta a trajetória desse grupo desde sua fundação, na Europa, e uma apresentação de vídeo que explica como vive esse grupo. Muito interessante, pois o apresentador é menonita, muito simpático e conversador. Ao final ele fez questão de que uma senhora que também atende no Centro, pegasse alguns dados de nossa viagem e fosse tirada algumas fotos nossa com a moto. Fomos muito bem recebidos!
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Exposição de galpões pré-fabricados |
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Comum aqui: carroça e roupa no varal |
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Comércio, parece ser mais dos menonitas |
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Casas para passarinhos |
Acabamos comprando dois livros que esperamos poder ler para entender melhor como funciona essa sociedade tão especial: eles pagam os impostos municipais, estaduais e federais como qualquer cidadão, mas não pagam nenhuma das taxas de seguridade social. Eles conseguiram essa isenção do governo federal, com o argumento, logicamente cumprido, de que jamais usarão esses serviços. Toda a vida deles gira em torno da comunidade, incluindo essa parte de assistência de saúde, ao idoso e problemas em geral.
Dois exemplos que nos relataram enquanto estávamos lá: um celeiro, grande mesmo, foi consumido pelo fogo numa vila amish. Definiu-se uma data para a reconstrução e aproximadamente quatrocentos homens, sem nenhuma coordenação prévia, levantaram esse celeiro, com telhado e tudo, em quatro horas e meia!
E o próprio guia do mural nos contou que sua esposa teve que fazer uma cirurgia cardíaca. Todo o processo de internação e pagamento dos médicos foi feito por ele como particular. Logo de cara ele teve bons descontos tanto do médico como das instituições, pois todos sabem que um amish jamais os processará por erros médicos, e eles reconhecem isso cobrando menos. E depois que o assunto estava encerrado a comunidade reeembolsou as despesas desse senhor, dividindo o custo entre todos. É uma estrutura social muito difícil de compreender para quem está de fora!
Ainda no centro nos avisaram sobre um leilão de cavalos de tração que estava se realizando numa cidade próxima. Fomos até lá e havia muita gente. Cavalos enormes e fortes, e uma feira de produtos afins. Foi muito interessante andar no meio dos cavalos nas baias, vendo as pessoas fazerem seus apontamentos sobre cada cavalo que era apresentado. E ao lado do galpão onde se realizava o leilão o estacionamento... de charretes!
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Saguão do Capitólio |
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Suprema Corte |
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Mesa de casamento |
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Toucas, para ocasiões e mulheres diferentes |
O gostoso de se trafegar pela zona rural é o cheirinho de lenha queimando à tarde e a visão da fumaça saindo pela chaminé... tão agradável e aconchegante e nós em cima da moto! Ainda bem que a essa altura já estava bem mais quente e a continuação da viagem para Canton foi tranquila e confortável. Só GPS que continuou aprontando: dessa vez conseguiu, na saída do Amish Country, nos enfiar até em estradas de terra e cascalho!