Destino Alasca

Sexta-feira: Ciudad Bolivar - Puerto la Cruz

22.04.2011

 
Esse dia foi dedicado ao deslocamento até a costa para nos prepararmos para cruzar até Isla Margarita. Pela terceira vez nessa estadia tomamos nosso café da manhã na padaria perto do primeiro hotel, que no dia anterior havíamos descoberto pertencer a um português - dava para perceber pelo sotaque que ele era português, mas quando conversávamos ele continuava falando castelhano, só misturando algumas palavras de português.

Partimos pouco antes das 9h, e até El Tigre pegamos uma estrada boa, semi-deserta, onde o único obstáculo à manutenção de uma média alta eram as benditas alcabalas. Coletamos nossos carimbos, e percebemos que juntando essas paradas com a ausência de postos atraentes, acabávamos ficando muito tempo sobre a moto sem parar para descansar adequadamente: ficava a sensação de que a parada na alcabala proporcionaria esse descanso, mas acabava não sendo verdade: a gente nem tirava casaco/capacete, e o máximo que fazia era tomar um gole de água.

Chegando a Barcelona paramos num posto para abastecer e descansar, depois de um trecho já em estrada um pouco pior e mais movimentada desde El Tigre.

E desse trecho em diante tomamos contato com o verdadeiro trânsito venezuelano - até aqui havíamos transitado em cidades meio desertas devido aos feriados ou em estradas suficientemente largas e vazias para se trafegar sem problemas.

Logo depois do posto vimos uma placa indicando um desvio, somente para veículos leves, para Puerto la Cruz. Seguimos por esse caminho, pois acreditamos que nos pouparia enfrentar a travessia da cidade de Barcelona. Isso foi verdade, mas o infeliz do desvio era tão ruim - estradinha estreita, cheia de buracos e lombadas, além das típicas latas velhas que insistem em chamar de veículo e permitir que transitem aqui - que temos dúvida se num sábado de Páscoa a travessia da cidade teria sido pior.

Falando um pouco mais do trânsito venezuelano, particularmente nas áreas mais urbanizadas: uma parcela grande da frota é composta de veículos modernos, em nada diferentes do que se vê no Brasil. Mas essa frota convive com um número grande (no mínimo uns 20% do total) de 'coisas' meio indescritíveis: a maioria são carros americanos da década de 1960, literalmente caindo aos pedaços. Também existe furgões, picapes e outros veículos com idade e estado de conservação comparáveis. Dado o custo da gasolina, dirigir um desses carros não é problema, mas manutenção deve inexistir no vocabulário dos proprietários. Aliás eles só devem continuar rodando porque aqueles motores não acabam e a gasolina é excelente.

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As lombadas aparecem sem aviso  
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Estranho: parece deixado por um caminhão de lixo  
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Os negócios internacionais da Beth  
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Muvuca na praia de Puerto la Cruz  













Agora, parte desses veículos não passa de 40 km/h! Então só há uma forma deles entrarem no fluxo de uma rua mais movimentada: simplesmente entrar! E os motoristas venezuelanos parecem ter encontrado essa forma de convivência pragmática: quem vem vindo reduz ou muda de faixa se possível (às vezes mesmo que não seja possível) e aquela carroça pré-histórica entra para ocupar seu espaço (e haja espaço) na via.

E não acabou: boa parte desses enormes Fords e Chevrolets são taxis. E taxis aqui não só param em qualquer lugar e de qualquer jeito, mas fazem lotação. Ou seja, vão parando e recolhendo passageiros pela rua. Encostar? Nem pensar! Aliás, carros que não são taxi também vão recolhendo pessoas pela rua - parece que particulares encontraram uma forma de ganhar uns trocados complementando os serviços de taxi.

Mas essa história de parar no meio da rua não é privilégio dos taxistas ou 'coletivos': todo mundo faz isso para embarcar ou desembarcar alguém, fazer perguntas a um transeunte ou qualquer outra coisa que seja melhor fazer com o carro parado. E nem perca tempo buzinando, dê um jeito de sair de trás dele e seguir seu caminho.

Dá para imaginar a velocidade média das vias mais movimentadas com esses veículos transitando? Pois é, se conseguirem andar uns 350-400 quilômetros em um dia considerem-se privilegiados!

Foi uma parte dessa frota que enfrentamos no tal desvio, e levamos duas horas para andar 80 quilômetros!

Chegados a Puerto la Cruz fomos direto ao porto de ferries, nos informar sobre horários e condições. Realmente não havia problemas. Fomos procurar hotel, que não foi tão fácil achar pois muitos estavam lotados, e depois com calma voltamos para comprar as passagens. Nova surpresa: tivemos que apresentar cópia dos passaportes para comprar essas passagens. Cada coisa estranha que encontramos aqui!

Almoçamos um belíssimo (mesmo que nadando em gordura) camarão frito em alho, precedido de uma deliciosa sopa de pescados, num restaurante perto do atracadouro das balsas. Outra característica que parece valer em todo o país: restaurantes perto de zonas portuárias, centro de cidade degradado e similares só servem almoço. Esse onde comemos ficava num complexo de diversos restaurantes, e quase todos já estavam fechando enquanto comíamos - eram aproximadamente 16h30. Realmente há zonas urbanas em que o próprio comércio não arrisca ficar depois do anoitecer.

Na volta para o hotel a surpresa: a orla da praia havia se transformado numa muvuca digna de qualquer praia do nordeste brasileiro: barraquinhas de artesanato e comida por todo lado e gente, muita gente! Chega a ser curioso, pois Puerto la Cruz não tem praias de qualidade, e é basicamente um ponto de apoio para o deslocamento a Isla Margarita e outras ilhas. Mas parece que esse movimento, talvez associado a turistas que de lá visitam praias nas redondezas, já garante um bom público - há diversos bons hotéis a preços relativamente altos.
 
 
 
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Comentários (1)

2/2/2017 19:50:39
NZW7O1GCD
What a great giveaway! I love swimming and being in the water and I’d love to hear more about how I? can get the best workout in the pool! sometimes it;7281#&s nice to mix it up!
 

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