As Viagens de Ricardo Lugris

GRECIA EM 2005 - PARTE III

 
Canal de Corinto

Após uma boa noite de sono, preparamo-nos para sair na manhã seguinte rumo ao Canal de Corinto, a 100 km de Atenas, nossa primeira parada nesta viagem através do tempo, rumo à antiguidade.
Deixamos Atenas em uma manhã de Sábado. Menos trânsito talvez, pensei eu.
Errado, constatei mais tarde.

Os engarrafamentos eram os mesmos.
A diferença é que agora, sabíamos onde precisávamos ir.

Retomamos a auto-estrada que nos trouxe a Atenas e em um pouco mais de uma hora, chegamos a Corinto, de onde poderíamos ver o famoso canal que liga o golfo de mesmo nome ao Mar Egeu.


O canal, de 3 km de comprimento, teve sua construção iniciada por Nero no século três depois de JC. Foi terminado em 1850.

Inteiramente cavado pela mão do homem, permite até hoje a passagem de embarcações pequenas e médias. De tempo em tempo, um navio de passageiros decide atravessá-lo, o que atrai uma multidão nas duas pontes que o cruzam para ver os escassos dois ou três metros que restam entre o costado do navio e a parede do canal. Deve ser impressionante.

Enquanto estivemos admirando esta fabulosa obra de engenharia, infelizmente, o único barco que passou foi um velerinho de uns 8 metros de comprimento. Nada interessante.
Com vontade de pegar estrada, seguimos no rumo sul para percorrer o primeiro dos quatro dedos peninsulares do Peloponeso.

O Teatro de Epidauros
A auto-estrada ficou para trás e tomamos uma linda estradinha contornando suavemente a costa rumo ao sul. Os perfumes começam a se fazer sentir no interior de nossos capacetes. Figos, pinho, mar, flores. A Grécia como a queríamos começava a se apresentar a nós.
Nossa nova parada seria em Epidauros onde se encontra um dos maiores anfiteatros da antiguidade grega com 14 mil lugares. Só perde para o teatro de Siracusa, na Sicília que tem 16 mil lugares.
Bem, de qualquer forma, o teatro teria que esperar por umas duas horas, até que terminássemos nosso almoço na cidadezinha com o mesmo nome.
Encontramos um simpático restaurantezinho à beira mar e pedimos várias iguarias gregas, iniciando pela famosa salada com feta (que ainda não tínhamos enjoado), olivas, tzatziki, escolha do Charlie que adora isso, e peixe frito.

Logo percebemos que estávamos sendo observados. Umas duas dúzias de olhos felinos pidões nos fitavam com inveja e interesse.

Passamos alguns pedaços de peixe e queijo longe do olhar do proprietário. Assim que perceberam a chegada de outros clientes, os 12 gatos decidiram tentar a sorte em outra mesa.
Estávamos felizes. O dia de sol, brilhante, quente e acolhedor, nos oferecia uma paisagem maravilhosa de ilhas de um lado e montanhas do outro. Um simpático porto de pescadores completava o cenário. Não tínhamos pressa. Nenhuma. Charlie pediu um brinde à liberdade. Acho que jamais um brinde foi tão adequado.



Deixamos o porto após tomar informações de onde ficava o grande anfiteatro e seguimos para lá

Como todo sitio histórico grego, o Anfiteatro de Epidauros cobra um preço extorsivo para entrar, neste caso, oito Euros por pessoa! Considerando o custo de vida na Grécia, o preço era um pequeno assalto.
Deixamos as motos na sombra, pois o sol já estava nos acariciando com mais de 30 graus de temperatura.

Capacetes fixos no pequeno cabo que levamos para isso na traseira de nossa GS, e os casacos, bem, esses a gente tem que carregar conosco.

Não deixa de ser uma dessas pequenas inconveniências da viagem de moto.
O lugar não decepcionou. O velho anfiteatro de mais de 3000 anos, maravilhosamente preservado na encosta de uma montanha como se esta tivesse sido escavada para que um ser imenso colocasse gentilmente aquela grande concha de pedra.

Diz o folclore local que se alguém rasgar uma folha de papel no centro do palco e, se não houver vento, o som será perfeitamente ouvido na última fila no alto das arquibancadas. Quer dizer, na fila 55!
Não sei se é verdade, mas é certo que eu subi até a última fila e Graça ficou no centro do palco achando que o calor era demasiado para tamanho exercício inútil.





Chegando ao topo, lembrei-me que tínhamos deixado nossos casacos e a sacola do tanque sobre um dos bancos a uns 50 metros do palco.
Com um tom de voz normal, desde o alto, disse à minha mulher que não esquecesse de cuidar nossas coisas.

Ela respondeu-me, também sem levantar a voz.

Sem folclore, comprovamos de maneira simples a eficiência da técnica milenar da acústica grega.

Por: Ricardo Lugris

Continua...
 
 
 
Bookmark e Compartilhe
 

Comentários (1)

2/2/2017 23:33:52
PGVFKJJYJRV6
Oh yeah, falbuous stuff there you!
 

Comente

Nome
E-mail
Comentário
Escreva a chave:
TGBE
 abaixo